Oncologista fala sobre limites para pessoas saudáveis, pacientes em tratamento e sobreviventes do câncer

Apenas um em cada grupo de 10 britânicos reconhece que a ingestão elevada de álcool pode causar câncer. Esse foi o resultado de uma pesquisa encomendada pela Cancer Research UK, que acabou dando início ao movimento para inserção de alertas nas garrafas e latas de bebidas no Reino Unido. Desde janeiro, a recomendação para consumo de álcool entre os homens britânicos baixou para 14 unidades por semana, a mesma já instituída para mulheres. No Brasil, a orientação difere para mulheres, que não devem ultrapassar sete doses por semana.

“O câncer está ligado a sete diferentes tipos de cânceres: fígado, mama, colorretal, boca, garganta, esôfago e laringe”, enumera o oncologista Fernando Vidigal, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro). Apesar do álcool não ser um carcinogênico de ação direta, pode atuar como promotor da formação de tumores. Estudos sugerem que a quantidade de álcool consumido ao longo do tempo, e não o tipo de bebida alcoólica, parece ser o principal fator no aumento do risco do câncer. “De fato, devemos considerar que não  há limite seguro para a ingestão de álcool no que diz respeito à prevenção do câncer. O melhor é não beber”, enfatiza Dr. Vidigal.

Além disso, a combinação álcool e cigarro acarreta risco de câncer ainda maior do que cada um desses fatores isoladamente. Etilistas têm chances 20 vezes superiores que a população não etilista de desenvolver câncer de esôfago. Entre os portadores da doença, 92% fumam e consomem álcool.

Durante o tratamento do câncer o consumo deve ser banido. O álcool, mesmo em quantidade moderada, pode aumentar efeitos colaterais do tratamento e interagir com as medicações utilizadas – seu consumo pode levar à piora de feridas na boca ocasionadas pelos quimioterápicos, por exemplo. Pacientes que já concluíram o tratamento devem ouvir as orientações médicas quanto aos riscos de voltar a beber. Estima-se que cerca de 3,6% de todos os tipos de câncer sejam causados pelo consumo de álcool, sendo 1,7% em mulheres e 5,2% em homens.

 


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Fonte: Divulgação