Aos 30 anos de idade, a administradora Joana Jeker dos Anjos, hoje com 39 anos, descobriu que tinha câncer de mama. Foi durante o banho, ao fazer o autoexame, que localizou um nódulo no seio direito. Após o diagnóstico, foi confirmada a doença. Ela teve que se submeter a uma mastectomia e a sessões da quimioterapia.
“A reconstrução da minha mama ficou muito boa, com um resultado bem harmonioso, mas a cicatriz era grande. O tipo de reconstrução que foi feita em mim utilizou pele e músculo da minhas costas, o que ocasionou uma cicatriz que começava no meio das costas e ia até o final da mama reconstruída. Eu me olhava no espelho e via uma grande cicatriz”, conta Joana.
A administradora buscou na tatuagem uma forma de recuperar a autoestima, cobrindo a enorme cicatriz com um desenho feito pelo artista Rogelio Paz.
“Hoje, eu me olho no espelho e vejo uma linda tatuagem. Conheço o trabalho do Rogelio há anos. Tenho amigos e primos que fizeram tatuagens com ele. Eu soube que ele fazia um trabalho social, de ajudar mulheres que tiveram câncer de mama e que não podem pagar pela tatuagem de pigmentação da auréola e do bico da mama reconstruída. Apresentei a ele a associação ‘Recomeçar’, que fundei para ajudar mulheres que tiveram câncer de mama, e disse que queria fazer uma tatuagem para cobrir a cicatriz da reconstrução da mama. Foi aí que ele me deu esse belo presente, que ficará marcado para sempre em mim”, declarou a administradora.
O desenho de Joana são flores de cerejeira. Para ela, a tatuagem do artista Rogelio Paz significou um recomeço em sua vida.
“Depois que fiz a tatuagem foi como virar a página e deixar no passado o padecimento decorrente do diagnóstico do câncer, da mutilação da mama, da quimioterapia e das cirurgias para reconstruir a mama nova. Foi o fim de um ciclo difícil para o início de um glorioso. O resultado ficou lindo, maravilhoso, e aprovei a obra de arte feita pelo Rogelio”, afirma Joana.
Rogelio Paz diz que tatuar mulheres que tiveram câncer de mama, como Joana, é um dos trabalhos que o deixa mais satisfeito e realizado como profissional.
“Saber que com meu trabalho ajudei uma pessoa que passou por essa doença a recuperar a autoestima e a vaidade é muito gratificante. Não tenho palavras para descrever como fico feliz em poder ajudar, por meio dessa arte, as mulheres a seguirem em frente e superarem o passado com um desenho que represente a sua luta pela vida”, garante Rogelio que, dependendo do caso e da condição financeira, tatua de graça mulheres mastectomizadas.
Joana incentiva mulheres que, assim como ela, tiveram câncer de mama, a buscar na tatuagem uma forma de superar a doença, recuperando a vaidade e a autoestima.
“Indico as mulheres que tenham cicatrizes resultantes da reconstrução da mama a fazerem uma tatuagem. Hoje eu me olho no espelho e estou muito feliz com o resultado, com minha autoestima resgatada”, conclui ela, que é uma das responsáveis pela elaboração da Lei Distrital 4.761/12, que garante cirurgias de reconstrução da mama, com a inclusão da obrigatoriedade do fornecimento da pigmentação da auréola e bico da mama.
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