O dólar subia mais de 1 por cento ante o real neste último pregão de fevereiro, com os investidores se protegendo para a folga prolongada de Carnaval e de olho no discurso que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fará nesta sexta-feira, em busca de mais sinais sobre sua política econômica.
Às 10:43, o dólar avançava 1,22 por cento, a 3,0937 reais na venda, depois de ter fechado na véspera a 3,0565 reais, menor nível em quase dois anos. O dólar futuro subia cerca de 0,85 por cento.
“É normal o mercado se proteger em feriados longos, isso não significa mudança na trajetória de baixa (do dólar), comentou o profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
Com as festas do Carnaval, os mercados financeiros locais voltam a funcionar apenas na quarta-feira, o que levava os investidores a assumirem posições mais defensivas, antecipando-se a eventuais noticiários que possam sair no feriado e gerar turbulências.
Na véspera, foi noticiado que José Yunes, ex-assessor especial da Presidência e amigo do presidente Michel Temer, disse ter recebido um pacote em seu escritório a pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e em seguida o teria entregado ao doleiro Lúcio Funaro, preso no âmbito da Lava Jato.
O temor entre os investidores é de que esse quadro político, caso evolua, possa atrapalhar a votação de importantes projetos do governo no Congresso Nacional, como a reforma da Previdência.
Além disso, também afetava o fato de a escolha de Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça ter gerado fortes reações na bancada do PMDB na Câmara dos Deputados.
“A escolha de Serraglio se destaca por ter criado divergências dentro do PMDB, podendo dificultar o caminho para aprovação de reformas no lugar de facilitar”, comentou a corretora Advanced em relatório.
Outro fator que contribuía para o comportamento do dólar frente ao real nesta sessão era a briga pela formação da Ptax –taxa usada para correção de vários contratos cambiais de fevereiro.
No exterior, o dólar operava em queda ante uma cesta de moedas depois de o novo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, dizer que qualquer medida tomada pelo governo Trump deve ter apenas impacto limitado neste ano.
Os mercados também estavam à espera do discurso que Trump fará no final da manhã. De modo geral, os temores são de que sua política econômica seja inflacionária e obrigue o Federal Reserve, banco central norte-americano, a elevar juros, ampliando o risco de recursos hoje aplicados em outras praças se desloquem para a maior economia do mundo.
Créditos: Reuters Brasil