Os estrangeiros que quiserem visitar os EUA, mesmo em viagens curtas, podem vir a ser obrigados a divulgar contatos em seus telefones celulares, senhas de redes de relacionamento social e extratos financeiros, assim como a responder perguntas sobre sua ideologia, de acordo com funcionários do governo Trump encarregados de revisar os procedimentos de verificação de vistos de entrada ao país.

O EUA também querem sujeitar um número maior de solicitantes de vistos a exames de segurança mais intensos e que as embaixadas dediquem mais tempo para entrevistar cada solicitante. As mudanças poderiam ser aplicadas a pessoas de todos os países, incluindo aliados como França e Alemanha.

Combinadas, as medidas – cuja abrangência total ainda não foi discutida publicamente – consistiriam na “verificação extrema” prometida pelo presidente Donald Trump. As mudanças certamente vão gerar bastante controvérsia, tanto em casa, por parte de libertários e outros que considerem as perguntas demasiado invasivas, quanto no exterior, uma vez que especialistas alertam para a possibilidade de outros países imporem exigências similares a americanos solicitantes de vistos.

“Se houver qualquer dúvida sobre as intenções de uma pessoa vindo aos Estados Unidos, elas deverão ter que superar, provar real e verdadeiramente para nossa satisfação que estão vindo por razões legítimas”, disse Gene Hamilton, conselheiro sênior do secretário de Segurança Interna, John Kelly.

Representantes do governo dizem que o combate ao terrorismo é uma tarefa premente que justifica regras rigorosas. A revisão em andamento almeja substituir o que o governo Trump vê como uma tendência a deixar as pessoas entrarem no país por uma que seja mais questionadora.

A revisão foi determinada por um decreto executivo assinado por Trump em março proibindo a visita de seis países com maioria muçulmana, que o presidente disse ser necessário para proteger o país contra o terrorismo. O decreto também orientou oficiais de segurança a implementar um programa de verificação que permita uma “avaliação rigorosa” para determinar se os solicitantes apoiam o terrorismo ou representam risco de provocar danos no país.

Embora boa parte do decreto esteja em suspenso por determinação de um juiz federal no Havaí, o trabalho para aperfeiçoar os procedimentos de verificação recebeu permissão para prosseguir.

Funcionários do Departamento de Segurança Interna dizem que o órgão pretende aumentar substancialmente a exigência de informações de todos os solicitantes de vistos, incluindo visitantes, refugiados e outros que desejem imigrar. As mudanças poderiam valer até para os visitantes dos 38 países beneficiados pelo Programa de Dispensa de Vistos, que exige adesão estrita aos padrões americanos de compartilhamentos de dados e de controle de passaportes. Isso incluiria alguns dos aliados mais próximos dos EUA, como Reino Unido, Japão e Austrália.

Em reação, uma coalização formada por cerca de 50 associações de defesa de liberdades civis e outros grupos divulgou comunicado na época do decreto sustentando que exigir senhas é “um ataque direto a direitos fundamentais”, incluindo a liberdade de expressão. O Departamento de Estado já deu pequenos passos para tornar o veto mais rigoroso, segundo documentos enviados pelo secretário de Estado, Rex Tillerson, para embaixadas e consulados americanos. Nos papéis, ele ordena que os funcionários identifiquem “populações solicitantes” que exijam investigação adicional, de acordo com os documentos, divulgados primeiramente pela agência Reuters. O departamento não negou as informações. Tillerson também ordenou um limite no número de entrevistas marcadas para cada dia, para assegurar a avaliação apropriada de cada solicitação.

Créditos: Valor