Os polêmicos SUVs estão nadando de braçadas. Antes vistos como brutamontes, truculentos, beberrões, os sport utility veicules, esporte-utilitários, jipões de luxo — ou seja qual for a denominação que se dê para esses carrões altos, robustos e, idealmente, com tração nas quatro rodas — ganharam fama e deitaram na cama, ou, melhor dizendo, na lama. Não apenas nos Estados Unidos, berço de modelos espaçosos que podem desfilar todo pimpões pelas suas generosas estradas, como nos países europeus, que têm fama de serem comedidos na exuberância dos seus meios de locomoção (falamos de tamanho, não de desempenho), em alguns casos até porque suas vias são mais acanhadas.

A categoria dos SUVs se firmou a tal ponto que existem modelos de diferentes proporções, com características semelhantes, visando atender a perfis variados de consumidores. Grosso modo, podemos dizer que há jipões pequenos, médios e grandes, destacando-se um do outro não apenas pela capacidade interna e no aparato tecnológico a bordo em favor do conforto e da segurança, mas também do que é capaz de desempenhar. Pesando a mão na definição, se uns estão aptos a, no máximo, “peitar” poças d’água sem temer que elas sejam mais profundas, outros são capazes de subir uma parede de montanha, sem desgrudar do chão.

Como era de se esperar, estamos entrando na categoria dos SUVs politicamente corretos. Uma das mais recentes novidades que aponta na esquina vem da mais tradicional marca que transita por terrenos inóspitos: a Jeep. A montadora com DNA norte-americano apresentou recentemente no Salão de Xangai o conceito Yuntu, um híbrido plug-in, ou seja, que pode ser carregado em tomadas domésticas.

Dito isso, não deixa de ser curioso que, embora esses carrões sejam feitos para rodar na lama, pouquíssimos exemplares vão mesmo sujar os pneus. Boa parte deles circula no asfalto, nos centros urbanos, e jamais vai precisar se valer dos recursos feitos na medida para não deixar o carro atolar ou sair de um buraco ou subir uma trilha irregular. Se assim fosse, dado o crescimento das vendas dos SUVs, os congestionamentos estariam migrando das cidades para as zonas rurais.

De todo modo, quem define a aventura é o motorista, ao escolher o seu caminho. Ou, como diria o poeta espanhol Antônio Machado: “Caminante, no hay camino; se hace camino al andar”.

Créditos:  Chico Barbosa/ Revista Auto Esporte