Em 2016, em endereços ligados a um dos integrantes do núcleo duro, segundo a Federal, foram encontrados documentos que apontam para uma empresa do tipo offshore controlada pelo esquema no exterior que pode ter movimentado US$ 5 bilhões
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira, 26, a Operação Perfídia contra um esquema especializado em lavagem de dinheiro internacional, blindagem patrimonial e evasão de divisas com ramificações em pelo menos cinco países.
São alvos de mandado de prisão Cláudia Chater e Edvaldo Pinto.
Em nota, a PF informou que cerca de 200 policiais federais cumprem 103 mandados judiciais, sendo 55 de busca e apreensão, 46 de condução coercitiva e dois de prisão temporária. As ações se concentram no Distrito Federal, mas também ocorrem na Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins.
As investigações começaram a partir da prisão em flagrante de um jordaniano ocorrida na imigração do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília/DF, em agosto de 2016.
O jordaniano desembarcou da França em Brasília com passaporte brasileiro obtido com documentos falsos. Uma primeira busca foi feita em dezembro e, a partir da análise do material apreendido, descobriu-se que o esquema era muito maior, envolvendo lavagem de dinheiro internacional e movimentação financeira muito grande.
A Polícia Federal investiga se integrantes do esquema realizavam operações de câmbio não-autorizadas, além de dissimularem a aquisição de imóveis de alto valor e promover a evasão de divisas. Para isso, eles teriam usado “laranjas” e falsificado documentos públicos, especialmente certidões de nascimento emitidas em cartórios no interior do Brasil.
O denominado núcleo duro do grupo, formado por proprietários de postos de gasolina, agências de turismo, lotéricas, entre outros estabelecimentos, era responsável pela aquisição fraudulenta de imóveis e ativos para fins de lavagem de dinheiro.
Somente em uma das operações de compra e venda identificadas pela PF o negócio chegou a R$ 65 milhões.
Segundo a PF, o esquema contava ainda com o apoio de advogados, contadores, serventuários de cartórios, empregados de concessionárias de serviços públicos e até de um servidor da Polícia Federal.
Em ação realizada ainda no ano de 2016, em endereços ligados a um dos integrantes do núcleo duro, foram encontrados documentos que apontam para uma empresa do tipo offshore controlada pela organização no exterior que pode ter realizado movimentações que excedem US$ 5 bilhões.
Perfídia. O nome da operação é uma referência à traição e deslealdade dos integrantes do núcleo duro da organização criminosa com o País.
Créditos: Estadão