De modo geral, as mulheres têm deixado para engravidar após os 30 anos devido à mudança de perspectiva da população feminina quanto à maternidade. Segundo o oncologista ginecológico do Instituto Onco-Vida, Tales Ziegler Bevilaqua, o problema é que após essa idade cresce o risco de aparecimento de cânceres ginecológicos que podem cursar com perda da fertilidade. Para entender melhor o assunto, o especialista separou algumas dicas sobre o tema:

Câncer do Colo do Útero

Um exemplo clássico é o câncer do colo do útero que tem incidência aumentada a partir dos 30 anos. Quando diagnosticado em fases avançadas tem como tratamento a retirada completa do útero, radioterapia e quimioterapia, procedimentos que comprometem a fertilidade definitivamente.

Ou seja, em casos de câncer do colo uterino a preservação da fertilidade só é possível se a doença for diagnosticada inicialmente, tendo como tratamento procedimentos cirúrgicos conservadores, como conização (retirada de uma parte do colo do útero) ou traquelectomia radical (retirada de todo colo uterino e paramétrios). Com esses procedimentos é possível preservar o corpo uterino e desenvolver uma gestação, mesmo de alto risco.

Câncer de mama

O câncer de mama, que é o mais prevalente nas mulheres, tem incidência aumentada a partir dos 50 anos, porém, há registros de casos em pacientes com idade menor. Quando detectado o tumor, o ideal é realizar imediatamente uma consulta com um médico especialista em fertilidade para que seja viável gerar uma estratégia para preservação da fertilidade.

Esta estratégia consiste basicamente na coleta de óvulos e embriões para congelamento durante o período entre a cirurgia na mama e o início da quimioterapia, período que normalmente varia de três a seis semanas.

Câncer do endométrio

O câncer do endométrio pode surgir a partir da perimenopausa, fase que marca a aproximação da última menstruação por volta dos 50 anos. São raros e pouco agressivos os casos em pacientes jovens. Quando isso ocorre, a retirada local por histeroscopia do tumor, seguido de tratamento hormonal com altas doses de progesterona é suficiente para tratar e preservar o útero, consequentemente preserva a fertilidade.

Câncer de ovário

O câncer de ovário geralmente aparece após 60 anos, contudo, algumas linhagens mais raras são típicas de pacientes jovens. Nesses casos no médico faz a retirada somente do ovário doente, algumas vezes sendo necessária quimioterapia, porém esta não causa infertilidade. De toda forma o acompanhamento é rigoroso até a paciente ter filhos.

Técnicas de congelamento

Atualmente, o congelamento de óvulos maduros e de embriões (óvulos já fecundados) são as técnicas aprovadas. Sendo a congelação de embriões mais efetiva, porém gera dificuldade para pacientes sem parceiro. Já a congelação de tecido ovariano e congelação de óvulos não maduros são técnicas ainda experimentais, mas com ótimas perspectivas para o futuro.

Quando congelados, os óvulos e os embriões ficam com a “idade” da época da coleta. Isso significa que a mulher que congela seus óvulos aos 30 anos e decide engravidar aos 40 anos terá as mesmas chances de engravidar de dez anos antes.

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