Devido ao sucesso de público, Brasília recebe até 28 de maio as obras do mineiro Renato Moratti em sua primeira mostra individual. O artista expõe séries de esculturas em cerâmica realizadas em três técnicas distintas: o entalhe, a modelagem e a fundição, além de série de desenhos

Por uma visão realista fantástico, seria como se Renato habitasse e executasse sua obra dentro de uma tempestade, envolto por multidão em profusão. E nesta imagem intangível, estão as séries escultóricas em cerâmica realizadas em três técnicas distintas: o entalhe, a modelagem e a fundição:

Entre – Um conjunto de pequenos totens “trancados” em gaiola de aço retangular, uma analogia a questões sobre liberdade, opinião e posicionamento;

Nós – São simulações de molhos de chaves, unidas por anel de couro, suspensas em pregos cravados aleatoriamente na parede. Cada peça é única, chamada de NÓ;

Segredos – Objetos cerâmicos, que são a representação da linha de encaixe dos segredos das chaves que fazem girar o tambor, que apresentadas em agrupamento, provoca uma observação não identificável de suas formas.

Também compõem a mostra as séries de desenhos, Escala Madre, que pela multiplicação de gestos gráficos, Renato determina a escala humana a partir da silhueta de seu corpo, sendo que ferramentas de agricultura que manipula a terra, são suas múltiplas cabeça, assim como no trabalho Escala 3×4.

Pirajá

O nome da inédita exposição PIRAJÁ, surgiu pela confluência de significados, ao procurar a etimologia da palavra e encontrar duas definições. A primeira de origem Tupi, é a junção do termo pira (peixes) + já (repleto), de origem Tupi, como lugar onde se coloca os peixes para serem tratados ou o que está repleto de peixes. Já pelo dicionário Aurélio, seu significado vem da observação de um fenômeno telúrico: aguaceiro súbito e curto, violento e aluvial, acompanhando de ventania, comum nos trópicos, entre a costa da Bahia e os estados nordestinos. Pirajá é também o nome do bairro onde Renato Morcatti têm sua casa/atelier, em Belo Horizonte.

De um lado, há um fazer singular, um elogio mesmo do artesanato, da queima Bizen, por exemplo, que vem da vivência e habilidade do artista com tantos materiais. De outro, uma forma de entender este trabalho como multidão, o que apaga os rastros depositados em cada unidade. Como se uma força anônima fosse arrastando e apagando o rosto, o nome, os traços de cada um de nós.

Queima Bizen

Trata-se de uma técnica secular de queima japonesa, introduzida em Minas Gerais na década de 70 pela ceramista Toshiko Ishii. A queima é realizada em forno Noborigama (fornos edificados em aclive de três câmaras interligadas) em quatro dias ininterruptos, ao longo dos quais os artistas e ajudantes se revezam, dia e noite, alimentando o forno até atingir uma temperatura de 1300ºC a 1400 ºC. Após estes 4 dias, é esperado uma semana para o esfriamento e retirada das obras. A ação do fogo e a deposição das cinzas nas peças levam a resultados imprevisíveis, gerando colorações e manchas surpreendentes. Elas adquirem características únicas, impossíveis de serem repetidas.

Serviço
Exposição PIRAJÁ – Renato Morcatti
Local: Museu Nacional da República – Setor Cultural Sul – Esplanada dos Ministérios – Brasília – DF
Informações: (61) 3325 5220
Visitação: Até 28 de maio. Terça a Domingo, das 9h às 18h30
Classificação indicativa: livre
Entrada franca

Fotos: Vicente de Mello