De volta ao mandato, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) enfrenta uma sucessão de acusações que o põem como alvo direto de uma denúncia criminal por corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso JBS e outros oito inquéritos junto ao Supremo Tribunal Federal envolvendo interferência em investigações, lavagem de dinheiro, caixa dois e o suposto recebimento de propinas.

Outros relatos de colaboradores – como dos executivos da JBS, do lobista Fernando Moura e do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT/MS) – embasam a denúncia criminal e mais três inquéritos contra o tucano.

Além de ser acusado pela Procuradoria-Geral da República de receber R$ 2 milhões em ‘vantagens indevidas’ que teriam sido solicitadas ao empresário Joesley Batista – a ação foi filmada em ação controlada da Polícia Federal – o senador é alvo de inquérito solicitado pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot na cota da denúncia por corrupção e obstrução de Justiça.

A DENÚNCIA CONTRA AÉCIO

Na cota da denúncia, Janot pede investigação sobre um suposto caixa de R$ 60 milhões que teria sido aberto pelo grupo para propinas pagas no âmbito das eleições de 2014, segundo relato dos delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud. O inquérito foi autorizado pelo ministro Marco Aurélio Mello.

O dinheiro bancaria a candidatura do tucano à Presidência e de seu grupo político de apoio naquele ano. O ministro Marco Aurélio Mello, que recentemente devolveu a Aécio o mandato de senador e elogiou a carreira política do tucano, é o relator do caso.

No âmbito da Operação Lava Jato, Aécio foi citado por diversos delatores – entre eles, o lobista Fernando Moura e executivos da Odebrecht – , como beneficiário de um suposto esquema de corrupção em Furnas.

Segundo os colaboradores, Dimas Toledo, indicado pelo tucano à diretoria da estatal de energia, seria seu intermediário.

O INQUÉRITO DE FURNAS

Já os delatores da Odebrecht falam em R$ 50 milhões em doações oficiais e não oficiais ao grupo político do tucano, formado pelo próprio Aécio, Pimenta da Veiga (candidato em 2014 ao governo de Minas), Dimas Fabiano Junior (candidato a deputado federa), e Antônio Anastasia (candidato ao Senado pelo PSDB de Minas).

AÉCIO E FURNAS NA ODEBRECHT

Há duas investigações em curso no Supremo para apurar os casos envolvendo Furnas e Aécio. Uma delas sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski e outra nas mãos do ministro Gilmar Mendes.

Recentemente, Gilmar assumiu também a relatoria um inquérito que cita o senador tucano no suposto pagamento de vantagens indevidas para a campanha eleitoral de Anastasia ao governo de Minas em 2010.

Delatores da Odebrecht afirmaram que, a pedido de Aécio, pagaram R$ 5,4 milhões em ‘vantagens indevidas’ para a campanha de Anastasia.

AÉCIO E ANASTASIA

As delações da Odebrecht provocaram outro inquérito contra o senador no Supremo Tribunal Federal envolvendo pagamento de ‘vantagens indevidas’ no âmbito das eleições de 2014. Na época, Aécio concorreu à Presidência da República.

Os colaboradores da empreiteira entregaram contratos de R$ 3 milhões firmados com a PVR Propaganda e Marketing, do marqueteiro de Paulo Vasconcelos com o fim de financiar via caixa dois a campanha do tucano. Fachin é o relator do caso.

AÉCIO E O MARQUETEIRO

Nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht, Aécio é o ‘mineirinho’, segundo relataram delatores, por supostamente ter recebido propinas de entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões em troca de influência em obras ‘de interesse da construtora’, como as usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio e empreendimentos no Rio Madeira.

MINEIRINHO

As investigações estão nas mãos do relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin.

O senador é apontado por delatores da Odebrecht como o organizador de ‘um esquema para fraudar processos licitatórios’ na construção da Cidade Administrativa, em Minas.

CIDADE ADMINISTRATIVA

O inquérito sobre Aécio é embasado nas delações dos executivos da Odebrecht Sérgio Luiz Neves e Benedicto Barbosa da Silva Junior, o ‘BJ’. Fachin também é o relator do inquérito no STF.

O senador é alvo de inquérito no Supremo, sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes, por suposta influência para ocultar informações do Banco Rural à CPMI dos Correios, aberta após a divulgação de um vídeo em que o funcionário da empresa, alegando representar o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), aparece recebendo dinheiro de empresários.

CPMI DOS CORREIOS

Aquele seria o início do escândalo do Mensalão, e o colegiado que o investigava no Congresso era presidido por Delcídio do Amaral, que, em delação premiada, aponta o tucano como um dos políticos que ajudaram a abafar informações sobre crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro envolvendo o Estado de Minas Gerais e o Banco Rural – o esquema foi rotulado ‘Mensalão mineiro’ e o ex-governador Eduardo Azeredo pegou uma condenação de 20 anos de prisão por seu suposto envolvimento.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

Nota da defesa do senador Aécio Neves

“O senador Aécio Neves tem tranquilidade em relação à correção de todos os seus atos. Como dirigente partidário e candidato majoritário nas últimas eleições, coube ao senador solicitar apoio para o PSDB e base aliada, sempre de acordo com o que previa a legislação à época. Todas as contribuições recebidas estão registradas e declaradas perante o TSE.
Ainda, todas as obras realizadas durante sua gestão se deram de acordo com altos parâmetros éticos e legais.
O senador já se colocou formalmente à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários para as autoridades competentes”.

 

Créditos: Estadão