Em sua coluna, o arquiteto Diego Revollo reflete sobre os movimentos de decoração que se tornam cansativos com o passar do tempo e o que podemos fazer para renovar.

Sim, eu também já gostei, mas confesso que não consigo mais usar ou ver em outros projetos. Acredito realmente que ventos novos trouxeram boas ideias e as que foram usadas à exaustão não nos emocionam como antes. Não é só questão de beleza. Tudo que torna-se uma fórmula perde a capacidade de nos surpreender. Reconhecer que isso não nos toca mais é o primeiro passo para buscar o novo.

diego-revollo-colunista (Foto: Divulgação)

1. Layouts simétricos e rígidos
Por mais que funcione a fórmula de usar um sofá de frente para o outro separado por uma grande mesa de centro, a sensação que o conjunto provoca é de obviedade. As mesas de centro enormes tornaram-se repetitivas e a distância entre os dois sofás opostos torna o ambiente frio e sem graça na hora de receber. Ambientes menos simétricos, com configuração mais livre, pedem móveis mais curvos e mesas de centro menores. O desafio é diminuir o distanciamento entre todos e acabar com qualquer postura excessivamente rígida que não combina com o prazer de estar com quem gostamos.

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2. Móveis “italianos”
Quando comecei a trabalhar lembro-me do nosso encantamento pelas marcas “italianas”. Não estou dizendo aqui que não gosto nem desmerecendo móveis e peças que ainda são meu sonho de consumo. A indústria italiana é o carro-chefe para quem busca design, acabamento e qualidade e isso não deve mudar tão cedo. O que parece não funcionar mais é buscar prevalecer em uma decoração apenas o mobiliário assinado italiano. Hoje o que se sobressai é a mistura original de estilos e móveis de diferentes procedências e, mais que isso, de peças que sequer saberíamos onde encontrar. O que mais me atrai hoje é justamente o que não a logomarca estampada ou a procedência. É simplesmente a beleza e originalidade. O status da marca por si só não convence mais e não basta.

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3. Bar com cara de festa
Confesso. Um bar com bandeja, copos e garrafas sempre foi e será funcional. O problema é quando a ideia passa a ficar repetitiva. Atualmente, vemos mesas cada vez maiores com bandejas maiores e quantidades enormes de copos, garrafas e cristais que só se justificariam em um dia de festa. Sim, é lindo e a fórmula funciona, mas são anos se deparando com a mesma montagem e o descompasso entre a realidade e o exagero que às vezes soa pretensioso. Prefiro apostar nos armários de bebidas ou nos tradicionais carrinhos. Se possível, procure adicionar ali objetos pessoais ou coleções.

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4. Orquídeas plantadas em bowls sobre a mesa de centro
O problema aqui é o uso recorrente. A fórmula funciona se você escolher orquídeas menores, raras e com formatos diferentes da branca comum. Sei que é difícil, mas por que não optar por mesas menores, com formatos diferentes que não exigem sempre a mesma produção? No caso da tradicional mesa de centro retangular, invista em objetos diferentes e com personalidade.

5. Decoração “clean”
Prefiro usar o termo “decoração limpa” ou mesmo “decoração livre de excessos”. O fato é que o termo “clean” hoje é sinônimo de decoração insossa. Destaco aqui a proliferação do medo de errar e até mesmo da anulação do gosto pessoal. O termo decoração “clean” foi tão usado em contraponto ao “cafona” ou “duvidoso” que as pessoas tornaram-se refém e perderam até a própria opinião. Não haverá futuro para o “clean” da forma que conhecemos hoje.

 

Créditos: Casa & Jardim