O doleiro mais famoso da Operação Lava Jato quer eternizar sua história. Alberto Youssef, que revelou as entranhas do esquema de corrupção instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014, pediu ao juiz federal Sérgio Moro licença – negada inicialmente pelo magistrado – para ir a Londrina (PR), onde nasceu, buscar documentos que, segundo ele, vão ajudar a desenvolver sua biografia.
HISTÓRIAS DE DOLEIRO
A defesa de Youssef relatou a Moro que o doleiro fechou um acordo com uma editora e um autor/biógrafo ‘para lançamento de uma obra literária, de não ficção, do gênero biografia, tipo reportagem’.
Youssef foi preso na Operação Lava Jato em março de 2014. A força-tarefa do Ministério Público Federal o acusou de ser o principal operador de propinas no bilionário esquema de corrupção na Petrobrás. Ele e o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que também fez delação, atuavam como tentáculos do PP na arrecadação de propinas.
O doleiro passou 2 anos e 8 meses na prisão. Deixou o cárcere em novembro de 2016 e está morando em São Paulo.
A defesa de Youssef relatou a Moro que os contratos do futuro livro ‘preveem que o autor deverá entregar os originais da obra até 31 de dezembro de 2017’.
“Está clausulado (cláusula 1.ª, parágrafo primeiro) que o biógrafo, no caso Alberto Youssef, deverá disponibilizar documentos e (cláusula 9.ª) colaborar com o autor na elaboração da obra”, narrou a defesa.
“Tais contratos impõem ao colaborador neste trabalho lícito que gerará recursos para sua subsistência, se deslocar até sua cidade natal, Londrina/Paraná com a finalidade de fazer pesquisas e buscar documentos e informações que serão repassadas ao autor da obra, conforme previsto em contrato.”
Youssef queria ficar em sua cidade natal entre 2 e 7 de agosto. O doleiro, condenado na Lava Jato e cumprindo pena em regime aberto, em São Paulo, pediu autorização a Moro em 28 de julho sob a alegação de ‘razões pessoais e familiares’. O Ministério Público Federal foi favorável ao pedido, mas o juiz não autorizou.
Ao negar a solicitação de Youssef, na terça-feira, 1, o magistrado afirmou que a defesa não havia apresentado ‘quaisquer esclarecimentos sobre a necessidade da viagem’. Moro anotou que o argumento da defesa era ‘genérico’.
Na quarta-feira, 2, a defesa de Youssef pediu para que o juiz da Lava Jato reconsiderasse a decisão e explicou que a viagem estava ligada à biografia do doleiro.
“Considerando o custo das passagens aéreas e a necessidade de autorização judicial para realizar a viagem, requer-se seja deferido a autorização para o mês de agosto, se comprometendo o colaborador, em sendo deferido o pleito, informar antecipadamente as datas de ida e retorno (viagem que não excederá 5 dias), informando desde já que será mantido o endereço já declinado para cumprimento da limitação noturna”, requereu a defesa de Youssef.
O magistrado ainda não decidiu sobre o novo pedido.
Créditos: Estadão