Sem muita introdução, vamos a mais um dos posts que eu amo fazer neste blog: o desafio de procurar atrações legais, curiosas, bonitas, interessantes e desconhecidas em destinos totalmente populares no turismo internacional.

(Lembrando que “desconhecidas” significa “que não aparecem nos guias de viagem mais famosos do mundo”.)

Desta vez o passeio é pela capital inglesa, Londres, visitada por pouco mais de 30 milhões de pessoas em 2016.

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Dois dos pontos turísticos mais badalados de Londres (trocadilho intencional). Foto: Visit Britain

Se você quiser ver os outros episódios desse desafio, clique nos nomes das cidades que já foram escarafunchadas: Paris, São Paulo, Nova York e Los Angeles.

E agora vamos a Londres, que ela merece (muito!).

Kensington Roof Gardens

Em uma cidade tão criativa e tão famosa por seus parques e jardins exuberantes, tinha que existir algo diferente nessa área, né? E existe: o Kensington Roof Gardens.

Kensington Roof Gardens
Kensington Roof Gardens (foto: Edwardx / CC BY-SA 3.0)
Kensington Roof Gardens
Foto: Bryce Edwards / CC BY 2.0

Esse trio de jardins com 1,5 hectare no alto de um prédio nasceu nos anos 1930, da cabeça do presidente de uma loja de departamentos.

Em 1964 ele serviu de cenário para o videoclipe original de Pretty Woman, onde Roy Orbinson caminha por um dos seus cantos. Em 1981 ele foi vendido para o bilionário Richard Branson, alguns anos antes de ser considerado um patrimônio histórico e arquitetônico de Londres e de fechar para uma reforma de 6 anos.

Em 2001 ele ainda ganhou um restaurante junto ao clube exclusivo que também existe no local.

Hoje, você pode visitar o Kensington Roof Gardens gratuitamente. A única recomendação é que você ligue antes para saber se os jardins não estão fechados para algum evento particular, já que eles costumam ser alugados para isso (vide o exemplo do clipe do Roy Orbinson).

A lâmpada de pum

Parece piada, mas não é.

Além de cheiro ruim, esgotos geram gás metano, que é inflamável. Hoje as cidades desenvolvidas têm regras diferentes para lidar com tudo isso, mas na Londres do século 19 a saída foi descoberta por um inventor: instalar luminárias ligadas aos esgotos e alimentadas justamente pelos gases deles.

A ideia ficou famosa e se espalhou por toda a Inglaterra. Mas os tempos mudaram, novas soluções foram criadas e as luminárias deste tipo em Londres foram sendo desligadas aos poucos.

Uma das que restam (e que é considerada a última, já que não há mais registros para saber exatamente onde estão outras) fica na rua Carting Lane, conhecida como Rua do Peido, ao lado do luxuoso Hotel Savoy, junto ao bairro Convent Garden.

Infelizmente ela não é mais a luminária original, que foi destruída por um caminhão num pequeno acidente. Mas a chama do esgoto segue lá, acesa dia e noite, todos os dias, enquanto o pessoal continuar comendo e digerindo suas refeições no hotel.

A tumba que inspirou o desenho das cabines telefônicas inglesas

A história das cabines telefônicas inglesas é longa, então vou abreviar algumas coisas.

A ideia de criar esses espaços nasceu nos anos 1920 e o desenho das cabines mudou nos anos seguintes.

O modelo mais atual é de 1935 e é chamado de K6 (que vem de kiosk-6, porque foi o sexto projeto), mas o desenho dele é extremamente parecido com o desenho do K2, a segunda cabine projetada.

Cabines telefonicas, Londres
O modelo K6 (menor) e o K2 (maior): praticamente gêmeas (foto: Oxyman / CC BY-SA 3.0)

Ambos foram desenhados pelo arquiteto inglês Giles Gilbert Scott – e agora vem a parte mais interessante desta dica.

Sabe em que Giles Gilbert Scott se inspirou para fazer as cabines telefônicas mais famosas do mundo e que são um verdadeiro símbolo do país?

Na tumba que outro arquiteto famoso (John Soane) havia desenhado para a sua já falecida esposa.

Tumulo John Soane, Londres
A tumba inspiradora (foto: David Edgar / CC BY-SA 3.0)

Ou seja: as cabines telefônicas mais famosas do mundo e que são um verdadeiro símbolo da Inglaterra têm seu desenho inspirado numa tumba.

E onde está esta tumba? Na Saint Pancras Old Church. É mais um lugar santo em Londres para quem gosta de design.

O verdadeiro Meridiano de Greenwich

Sabe aquela foto clássica que seus amigos fizeram colocando um pé no hemisfério ocidental, outro no oriental? Pois eles podem jogar as imagens fora.

Meridiano de Greenwich
Isso não vale mais (foto: Randi Hausken / CC BY-SA 2.0)

O Meridiano de Greenwich, a linha imaginária que divide o planeta em dois lados e que foi determinada no século 19, não passa exatamente onde todos achavam que passava.

Já fazia tempo que os aparelhos de GPS colocados em cima da linha não marcavam o zero absoluto, mas só em 2015 alguns cientistas vieram com uma explicação e com a verdade inconveniente: o meridiano passa a quase 102 metros ao leste.

Meridiano de Greenwich
Vixe, deu errado (foto: Jckcip / CC BY 2.5)

Em resumo, pare em cima do meridiano marcado no chão, conte uns 102 passos para leste e faça a sua foto mais ou menos ali.

Ponte Albert

Essa foi dica de um amigo que vive em Londres. Segundo ele, a Albert Bridge “é uma das pontes mais bonitas da cidade, mas o pessoal raramente caminha para aqueles lados do Chelsea”.

Ponte Albert, Londres
Ponte Albert: uma das duas que nunca foram reconstruídas (fotos: Iridescent / CC BY-SA 3.0)

Então fui procurar informações sobre ela e descobri coisas bem legais.

A ponte Albert é de 1873, mas precisou de reformas logo depois da sua construção (porque o projeto original havia se mostrado fraco) e, quase 100 anos depois, ainda precisou de alguns apoios para não cair no Tâmisa.

Justamente por ser frágil, ela ganhou uma placa avisando às tropas de soldados que eventualmente passassem por ali: nada de marchar sobre a ponte, já que os passos ritmados e fortes de um batalhão poderiam derrubar a estrutura.

Ponte Albert, Londres

Todo esse esforço e cuidado acabou transformando a Albert numa das duas únicas pontes que atravessam o Tâmisa que nunca foram reconstruídas, o que é um feito e tanto.

A ponte Albert era originalmente uma travessia com pedágio e você ainda pode ver as lindas cabines daquele tempo – que ficam mais bonitas à noite, quando toda a estrutura é iluminada por milhares de lâmpadas de led.

Ponte Albert, Londres
Iluminada e com as cabines de pedágio (foto: DAVID ILIFF / CC-BY-SA 3.0)

Aliás, isso foi outra medida para preservar a ponte, já que as luzes ajudam a torná-la visível.

 

Créditos: To Go Blogs