Quem acompanha o meu trabalho sabe o quanto as cozinhas recebem atenção especial e destaque em meus projetos. Este é um dos ambientes onde mais “perdemos tempo” pensando desde as possibilidades de layout, passando pelo desenho dos armários e bancadas, e finalizando na escolha dos revestimentos e eletrodomésticos.
Boa parte desse cuidado deve-se, principalmente, ao fim da ideia da cozinha como um ambiente de serviço, isolado da área social e apenas funcional. As cozinhas de hoje mudaram: estão mais bonitas e cada vez mais dentro das salas. Por essa razão elegi algumas ideias que aposto e acredito que devem ser consideradas na hora de projetar esse ambiente que é o coração da casa.
1. Integração
Quando comecei a trabalhar, no início dos anos 2000, as cozinhas eram fechadas e brancas, quase que ambientes hospitalares. A maioria dos clientes queria um espaço clean, prático, funcional e junto à lavanderia. Sem grandes idéias ou maiores investimentos. Cheguei a projetar algumas cozinhas dessa maneira, mas rapidamente me cansei e passei a sugerir e arriscar novos acabamentos.
À medida em que fui projetando cozinhas com mais bossa e novos materiais percebi que elas ficavam tão mais atraentes e agradáveis que era uma pena estarem isoladas do restante da casa. Como gosto de tudo que é bonito esse foi o primeiro argumento que costumava usar com os clientes: “sua cozinha vai ficar tão bonita, me dá pena de deixar ela fechada. Vamos propor ao menos uma porta para integrá-la a sala”.
Hoje é difícil projetarmos uma cozinha que não seja integrada. E essa escolha se dá nos apartamentos de 70 m² ou 700 m². É evidente que nos menores a amplitude é quase que obrigatória e a eliminação de paredes é a única alternativa.
2. Mix de materiais
Foi-se o tempo em que fazíamos uma reunião com o cliente e mostrávamos um único material, geralmente um tipo de laminado para os armários e um revestimento para pisos e paredes. As cozinhas estão muito mais decorativas e a escolha dos materiais é hoje uma composição que passa pela mistura de diferentes revestimentos,cores e texturas. O cuidado com a funcionalidade ainda existe, mas armários superiores e inferiores não seguem mais uma lógica de acabamento e os laminados perderam força.
Como a cozinha está dentro da sala, ela é aconchegante e isso só é possível inserindo materiais naturais ou o mais próximo disso. Sejam nos tampos, armários, pisos e paredes. Como as opções de mercado também aumentaram vale a pena perder sempre um tempo maior na escolha e aos poucos deixar a composição mais interessante. Metais em todas as tonalidades, mármores e pedras com aspecto natural, e madeira são apostas certas.
3. O retorno da madeira
Presente em outras épocas nos armários com molduras e rebaixo, a madeira perdeu espaço para os laminados nos últimos anos. Mas a busca pelo aconchego, pela valorização do que é natural ou pelo desenho sempre inconfundível, o material está novamente em alta. As molduras e os trabalhos de almofadas ficam de fora das cozinhas contemporâneas, e o que sobressai são os veios, o desenho e a textura da madeira. Quanto mais natural, quanto mais desenhada e quanto mais único, melhor! Tons mais claros são os preferidos, mas não existe regra. A madeira tem sido vista cada vez mais nos pisos, nas bancadas, nas prateleiras e nos armários. Combinar o material com tons claros ou neutros é sempre garantia de um conjunto equilibrado. Para os mais ousados, vale o combo com laca ou laminado colorido.
4. Uso do preto
O preto é impactante e de fácil assimilação. Talvez, por isso, a cor seja recorrente nos meus trabalhos. Já me aventurei a usá-la excessivamente na estrutura ou na decoração. Recentemente finalizei um projeto onde a cozinha e lavanderia são completamente pretas; variando apenas texturas e materiais. Evidente que você não precisa ir tão a fundo no uso do tom, mas se começar a reparar vai ver que pipocam projetos onde o preto invadiu partes da cozinha. Seja nos metais, no mobiliário, em parte da estrutura, ou na marcenaria. Aposte no preto se você quer contraste, impacto, mas, principalmente, um visual moderno para a sua cozinha. É impossível errar misturando com madeiras claras e com o branco.
5. Estética industrial
Em alta nos projetos com cara de loft, a estética industrial é sempre uma escolha para quem quer uma cozinha com personalidade. Por ser baseada em fábricas e galpões industriais, ela entra bem na cozinha e é fácil de ser implementada. Particularmente prefiro poucos elementos, já que nunca me agradou projetar cenários ou ambientes quase que caricatos. Portanto, tubulações aparentes, luminárias de metal envelhecidas ou com desenho marcante, e a opção por metais pretos fosco são sempre escolhas certas que dão ares industriais a qualquer cozinha. Se quiser um estilo mais rústicos vale à pena apostar em armários de madeira ou pedras brutas nos tampos. A única ressalva é não exagerar e carregar em todas as opções, pois é importante que a cozinha seja parte do todo e converse com os demais ambientes. O exagero, além de destoar, pode deixar o ambiente caricato ou com cara de espaço comercial.
Créditos: Casa & Jardim