Um grupo de cientistas espanhóis descobriu que não comer ou comer muito pouco, no café da manhã duplica o risco de arteriosclerose e induz hábitos de vida pouco saudáveis. Segundo o estudo, conduzido pelo Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares Carlos III (CNIC), em parceria com o Banco Santander, e publicado na revista do Colégio Americano de Cardiologia, este é um problema independente dos fatores de risco habituais, como tabagismo, colesterol alto ou sedentarismo.

Os pesquisadores observaram mais de 4 mil pessoas de meia-idade, com recurso a tecnologias de imagem avançadas, durante seis anos, com o objetivo de caracterizar a prevalência e a progressão das lesões arterioscleróticas latentes e subclínicas.

No estudo, intitulado ‘Progressão e detecção precoce da arteriosclerose’, foi analisada a relação entre três padrões de café da manhã e a presença de placas arterioscleróticas (depósitos gordurosos nas paredes das artérias) em indivíduos assintomáticos.

Segundo o grupo de cientistas, liderado por Valentín Fuster, a análise de imagens determinou a presença de placas em territórios vasculares distintos: as artérias carótida e femoral, a aorta e as artérias coronárias.

As mesmas imagens mostraram 1,5 vezes mais placas nas artérias dos participantes que ingeriram menos de 5% da Ingestão Diária de Calorias Recomendada (duas mil calorias), em comparação com os participantes que tomavam um café da manhã rico em energia (mais de 20% da dose diária recomendada).

Em algumas regiões vasculares, o número de placas era até 2,5 vezes maior nos participantes que não tomaram ou comeram muito pouco na refeição, mas estas diferenças, como explica Irina Uzhova, uma das autoras, são independentes da presença de fatores de risco cardiovasculares e hábitos alimentares pouco saudáveis.

Os resultados sugerem também que pular a refeição é um indicador de hábitos de vida pouco saudáveis mais gerais, associados a uma maior prevalência de arteriosclerose generalizada. Estudos anteriores já tinham demonstrado que a dieta, em termos de qualidade nutricional e padrões alimentares adquiridos, é um alvo importante em estratégias para prevenir doenças cardiovasculares. Com informações da Lusa.

 

Créditos: Notícias ao Minuto