BOGOTÁ – Um dos maiores países da América Latina, em tamanho e em população, e um dos de maior diversidade biológica terrestre e marinha do planeta, a multicolorida Colômbia, dos incontidos e, muitas vezes, merecidos exageros — onde qualquer coisa, por mais barata que seja, custa milhares de pesos —, preserva verdadeiros tesouros. Eles podem ser garimpados aos poucos, e divididos em doses homeopáticas com os visitantes que resolverem se aventurar pelas diferentes regiões de suas terras (e águas).
As mais populares atrações turísticas do país incluem o distrito histórico de La Candelaria, no centro da capital, Bogotá; as cidades coloniais de Santa Fe de Antioquia, Popayán e Villa de Leyva; e a Catedral de Sal de Zipaquirá. Sem esquecer festas como o Festival de Flores de Medellín, no início de agosto; o de Negros e Brancos, em janeiro, em Pasto; e o carnaval de Barranquilla. Além disso, a variedade de geografia, flora e fauna resultou no desenvolvimento de uma indústria de ecoturismo que se concentra em muitos parques nacionais.
Mar cristalino em reserva de corais
Recém-saída de uma guerra contra o tráfico de drogas e contra grupos paramilitares, a Colômbia é endereço de oito sítios considerados Patrimônios da Humanidade, título concedido pela Unesco: o Parque Nacional de Los Katios, o Centro Histórico de Santa Cruz de Mompox, o Parque Arqueológico de San Agustín, o Parque Arqueológico Nacional de Tierradentro, o Santuário de Fauna e Flora de Malpelo, a Paisagem Cultural do Café de Colômbia, o Qhapac Ñan (o sistema viário andino pré-hispânico), além, é claro, da “capital das esmeraldas”, Cartagena das Índias, e seu conjunto de fortificações — o mais completo da América do Sul.
Se as esmeraldas deslumbram os turistas nas muitas joalherias de Cartagena, as verdadeiras joias da terra do realismo mágico, imortalizado pelo Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, estão expostas numa pequena vitrine no meio do Mar do Caribe: o arquipélago de San Andrés, Providencia e Santa Catalina. Localizadas a 1.300 quilômetros da capital, e a 775 quilômetros do continente colombiano, essas pequenas ilhas ainda fora do mainstream turístico caribenho têm muito a oferecer. Com mar de águas cristalinas, o arquipélago é cercado pela Reserva da Biosfera Seaflower — uma das maiores barreiras de corais das Américas.
De origem vulcânica, San Andrés, a ilha-sede do arquipélago e a maior em extensão (com 26 km²), é porta de entrada deste paraíso, conhecido pelas praias de areia branca e pelas águas calmas e mornas de seu mar de sete cores — resultantes das variações do verde e do azul —, cuja temperatura oscila entre os 26°C e 29°C durante o ano todo.
Comércio tem hora da siesta
Ideal para passeios à beira-mar, mergulhos submarinos e todo tipo de esporte aquático, assim como para aproveitar sua culinária rica em peixes e frutos do mar, San Andrés também é perfeita para aqueles que não resistem às compras. Como porto livre de impostos que é, artigos importados, como perfumes, bebidas, chocolates e eletrônicos, têm, muitas vezes, preços menores do que os praticados pelas lojas duty free dos aeroportos. Mas atenção: San Andrés mantém a tradição espanhola da siesta. O comércio fecha das 12h30m às 15h. Na ilha, de cerca de 75 mil habitantes, a comunicação é muito fácil: além da simpatia do povo, falam-se o inglês, o espanhol e o crioulo sanandresano — kríol ou creole english —, dialeto que mistura as duas línguas e outras de raízes africanas.
Atualmente, o que foi solução para dinamizar a economia, com o estabelecimento como porto livre em 1953, transformou-se numa das questões que mais afligem San Andrés: a superpopulação e o impacto ambiental que gera. A ilha sofre com problemas de coleta de lixo e racionamento de água potável (que dificilmente afeta hotéis e estabelecimentos turísticos).
As melhores épocas para uma viagem sem sustos ou maiores atropelos são de junho a agosto e nos meses de dezembro e janeiro, apesar de a temperatura variar pouco no resto do ano. Faz calor o tempo todo.
A ilha de San Andrés pode ser percorrida em poucos dias. Mas sua descoberta por inteiro requer alguns cuidados. O visitante não deve esquecer de levar o atestado de vacina contra a febre amarela, e de pagar e manter consigo a taxa de turismo, exigida à entrada e à saída das ilhas. Feito isso, é só aproveitar o balneário, a verdadeira cultura das tradições vivas e a hospitalidade local.
SAN ANDRÉS: PRAIAS PARA RELAXAR, MUSEUS E NOITE ANIMADA
Principal atração do centro da ilha de San Andrés, o North End é seu maior núcleo urbano, com ruas (com nomes de antigos moradores, de importância sociocultural) movimentadas e trânsito um tanto caótico, farto comércio, restaurantes, agências bancárias e lojas de câmbio. Não se assuste com os muito zeros da moeda local (R$ 1 vale mais de 900 pesos colombianos, COP). Uma garrafa de água custa, em média, COP$ 3 mil. É nessa região que fica uma das praias mais frequentadas, a Spratt Bight (a mais extensa), com seu calçadão que, de dia e nos fins de tarde, fica repleto de turistas e de vendedores de lembranças e de comidas típicas. As águas são calmas e claras.
La Loma é uma das áreas mais antigas, com arquitetura tradicional, de coloridas casas de madeira construídas em cima de pilotis — para evitar inundações provocadas pelo mar ou por chuvas, e para que se mantenham arejadas o ano todo — e com largas varandas e cozinhas independentes, fora da sede, para evitar incêndios. É essa a região onde mora a maioria da população nativa. Lugar ideal para a observação de aves e para se fazer caminhadas por trilhas, passeios a cavalo ou piqueniques, lá está a lagoa Big Pond, de água doce, com 30m de profundidade.
Um passeio de chiva
Há, ainda, San Luis, antigo povoado onde o mundo parece relaxar à beira das belas praias e à sombra de coqueiros. Lá fica o Jardim Botânico. Outra de suas atrações e maior curiosidade é o gêiser Hoyo Soplador, fenômeno natural de túneis subterrâneos dos corais à superfície, que esguicha água a vários metros de altura.
San Andrés oferece algumas típicas opções turísticas, como a Casa Museu da Ilha, que preserva os costumes, com a reprodução da residência de uma típica família local, e o Museu do Pirata, que conta parte da História da região, a passagem de navegantes e corsários, a disputa pela terra, e as diferentes colonizações.
Há inúmeros passeios de barco/lancha, em grupos ou fretados. Os locais mais procurados são o El Acuario e Haynes Cay, ilhotas separadas por curta distância, com piscinas naturais. Vale visitar as pequenas ilhas — chamadas de cayos — onde é possível mergulhar em águas rasas, para a prática de snorkeling. E ir aos parques ecológicos, como o West View, com piscinas naturais profundas, ideal para admirar a imensa variedade de vida marinha. É o principal ponto de encontro para apreciar o pôr do sol.
O calçadão badalado
Entre os points mais badalados há Johnny Cay, que fica a poucos metros da área urbana e é avistada do “peatonal”, o calçadão da praia de Spratt Bight (para a visita, é cobrada taxa de COP$ 5 mil/R$ 5); Playa de Cocoplum e Rocky Cay, em San Luis (da praia se pode andar até a ilhota, pelo mar de pouca profundidade e águas calmas); Sound Bay (boa para caminhadas antes do almoço em seus restaurantes); e Path Way (Playa del Paso, de águas cristalinas com pedras coralinas, lugar perfeito para o snorkeling). Na zona Punta Padi, no fundo do mar, foram instaladas 14 esculturas que demonstram aspectos da vida e da cultura local. Uma atração à parte.
Noite em ritmo mode up
Apesar do trânsito e do movimento de pedestres pelas ruas do Centro, tranquilidade é palavra de ordem. Mas a noite ferve nos bares com música ao vivo. Para todos os paladares e gostos. Do rock à salsa, passando por reaggae, e sem escapar do “Despacito”. Há ainda o mode up, ritmo original da ilha, sucesso entre os mais jovens. Em Old Point, no Setor Norte, ficam concentrados muitos dos bares que tocam música caribenha.
Coco, caranguejo, peixe, lagosta, camarão, fruta-pão, mariscos, lula e polvo são ingredientes de pratos tradicionais locais. Para servi-los, é extensa a quantidade de restaurantes. Sem esquecer das senhoras que vendem, em pontos informais, empanadas de cangrejo ou de pescado, tortas de piña ou chocolate e coquetéis de camarão.
Entre várias opções servidas nos restaurantes da ilha estão frutos do mar, com destaque para lagostas, o pargo com arroz de coco e a tradicional limonada com coco. Ou ainda a refrescante michelada (cerveja com limão, sal e gelo), bebida muito apreciada pelo locais.
PROVIDENCIA E SANTA CATALINA: SACRIFÍCIOS DA VIAGEM RECOMPENSADOS
O acesso é um pouco mais difícil, mas vale qualquer sacrifício para desfrutar da tranquilidade e das belezas de Providencia e Santa Catalina. A 80km a noroeste de San Andrés, elas só podem ser acessadas por bimotores (para 17 passageiros) ou por catamarãs. A diferença de preços não é significativa, mas… Pelo ar, são vinte minutos. Por mar aberto, em catamarãs, três horas de muitos solavancos e mal-estar. É viagem cheia de emoção, que deixa a sensação de uma tremenda ressaca. A empresa distribui remédio contra enjoo antes da viagem, que é só para os fortes.
Com 17 km² de área, Providencia é um paraíso isolado. Para quem opta pelo ecoturismo, é o melhor destino dessa viagem à Colômbia caribenha. De formação montanhosa e vegetação intensa, as ilhas de Providencia e Santa Catalina são protegidas por barreiras de corais que somam 22km de extensão e atraem, sobretudo, praticantes de mergulho. Com uma população de pouco mais de 4 mil habitantes, seus moradores se preocupam com a preservação ambiental, com a prática de um ecoturismo consciente. A “irmã caçula”, Santa Catalina, pode ser alcançada pela colorida Ponte dos Namorados, de 180m de extensão, construída sobre uma estrutura flutuante. A ilhota, de apenas 1 km², tem como principal ponto turístico os restos do Forte Warwick, com a imagem da santa ladeada por canhões. Diz a lenda que o pirata Henry Morgan, figura lendária do Caribe, ali enterrou parte de seu tesouro. De longe, vê-se uma formação rochosa que parece uma escultura, chamada de Cabeza de Morgan. Sob as pedras, há uma caverna submarina.
Algumas praias, só de barco
Na isolada Providencia, de dia, podem ser feitos passeios por trilhas ecológicas em bosques e em mangues, na companhia de guias. Mas a grande atração é contornar de barco ou de lancha todo o litoral para apreciar as praias, algumas com acesso exclusivo pelo mar, como a escondida Almond Bay.
Há um pequeno centro comercial com alguns restaurantes e bares onde, à noite, turistas e moradores confraternizam-se ao som de reggae. Os principais hotéis ficam no setor Agua Dulce. Ali há uma grande oferta de artesanato e é possível alugar carro para visitar os pontos mais altos da ilha.
A principal atração é o mar. E que mar. Águas calmas e transparentes, com indescritíveis tons de verde e de azul. Há passeios de lancha, com paradas para mergulhos, com snorkel. Um dos pontos mais bonitos da região é Cayo Cangrejo, onde se paga taxa de COP$ 14.500 (R$ 16).
Para visitar: El Pico, o ponto culminante da ilha (360m acima do nível do mar), onde nascem as fontes de água doce; Parque Nacional Mcbean Lagoon, com 1.500 hectares, 905 deles marinhos, com manguezais, barreira de recifes, lagoa, o Crab Cay ou Cayo Cangrejo. Imperdível, também, o Three Brothers Cay, extensão de bosque seco com cactos onde se pode observar dezenas de espécies de aves migratórias. E muitas praias.
SERVIÇO
ONDE COMER
SAN ANDRÉS
La Regatta. Av. Newball, Carrera 3 n.121 (contíguo ao Club Náutico).
Capitán Mandy. Av. Rock Hole (em frente a Agua Halley).
Miss Celia. Av. Newball (em frente ao Club Náutico).
PROVIDENCIA
Bridge Side. Santa Isabel.
Cafe Studio. South West Bay.
Donde Martin. Água Dulce.
ONDE FICAR
SAN ANDRÉS
Casa las Palmas Hotel Boutique. Diárias R$ 474. Sound Bay. bit.ly/2y0lR4m
GHL Relax Hotel Sunrise. Diárias a R$ 582. pt.ghlhotelsunrise.com
PROVIDENCIA
Deep Blue. Diárias a R$ 664. Bahia Maracaibo. hoteldeepblue.com
Cabañas Agua Dulce. Diárias a R$ 317. Sector Agua Dulce. cabanasaguadulce.com
DICAS
Em San Andrés não se exige nada de muito especial. Pouca bagagem, roupa fresca, protetor solar (sempre!), e beber muita água. Em algumas das praias devem ser usados calçados especiais para evitar ferimentos nos pés por pedras e corais.
Créditos: O Globo