Há três temporadas, o streetwear vem ganhando com força as passarelas, alçando marcas como Vetements, Y/ Project eOff-White a novas estrelas da constelação fashion.
Agora, com a volta de um estilo mais polido à moda, o visual “podrinho” que deu o tom das últimas estações sai de cena e cede espaço para a vertente mais luxuosa do street: o hip-hop.
As coleções internacionais do resort 2018, que começam a desembarcar aqui e lá fora, resgatam o movimento precursor em levar a moda esportiva usada nas ruas aos holofotes, que teve sua origem no bairro nova-iorquino do Bronx, nos anos 70.
Há também uma ótima safra recente de produções sobre o tema nas telas: o documentário Fresh Dressed (2015), sobre a influência do hip-hop na moda; e a série The Get Down, dirigida por Baz Luhrmann, que estreou na Netflix no ano passado.
Quatro décadas depois do seu nascimento, o hip-hop segue relevante na música e fora dela, ditando todo um lifestyle. Enquanto rappers comoKanye West, Pharrell Williams e A$AP Rocky se tornaram presenças aguardadíssimas em desfiles internacionais de marcas como Chanel e Dior(além de volta e meia fazerem as vezes de estilista), as passarelas se inspiraram no visual do movimento que sempre celebrou a moda em suas letras, tendo como referência grupos que definiram o gênero nos anos 80, como Public Enemy, Run-DMC e Salt-N-Pepa.
Abrigos esportivos, silhueta oversized e peças grafitadas (como as criadas pela pioneira marca Shirt Kings) com espírito oitentista aparecem acompanhados de correntes bold, bolsas e mochilas repletas de logomarcas – acessórios fundamentais à estética do hip-hop, conhecida em inglês comobling.
No resort 2018, a melhor interpretação luxuosa do movimento foi feita pelaValentino, cuja coleção teve como uma de suas referências o seriado The Get Down.
No desfile armado em Nova York, os conjuntos esportivos aparecem em versões ultrassofisticadas de seda, enquanto tênis foram substituídos por sandálias de tiras finas usadas com meias soquete. Mais que isso, um mood bem-humorado e fresh (para usar um termo do meio) permeou a apresentação.
Quem também olhou para a tendência no resort foi a Gucci: em seu típicomash-up de referências e diferentes períodos históricos, o diretor criativoAlessandro Michele prestou homenagem a Dapper Dan, alfaiate que entre 1982 e 1992 fazia no bairro do Harlem peças originais e extravagantes para a turma do hip-hop, muitas delas usando logomarcas não autorizadas das grifes de luxo.
Em seu desfile, a Gucci apresentou uma jaqueta semelhante à encomendada pela atleta americana Diane Dixon, em 1989, a Dapper Dan. Acusada de apropriação cultural nas redes sociais, a Gucci reverteu o cenário com uma tacada de mestre: convocou o costureiro para estrelar campanha masculina para o inverno 2017/18 e também o convidou para desenhar uma coleção-cápsula que será lançada em 2018, já aguardadíssima mundo afora.
O segredo para incorporar a tendência sem parecer saída de um clipe antigo do TLC é não interpretá-la de maneira literal. Enquanto as jaquetas bomber grafitadas podem ser usadas com o jeans que você já tem no guarda-roupa (e não com um modelo baggy típico dos anos 80), o conjunto esportivo deve ser encarado como “o novo pijama” – de malha ou seda, fica ótimo também com salto alto e à noite. Depois, é só atualizar a playlist com músicas deKendrick Lamar, Travis Scott e Frank Ocean!
PARA ASSISTIR
THE GETDOWN
Cancelada após uma única temporada devido ao alto custo, a inspiradora série da Netflix mostra o nascimento do hip-hop, do punk e da disco music no Bronx.
FRESH DRESSED
O documentário de 2015 aborda a influência do hip-hop na moda, do seu surgimento nos anos 70 até os dias atuais.
FAÇA A COISA CERTA
De 1989, a obra que alçou o diretor Spike Lee à fama mostra conflitos inter-raciais no Brooklyn. Já é um clássico!
Styling: Alexandra Benenti
Beleza: Carla Biriba Com Produtos Sisley
Assistentes: Iris Zabaleta E Roberta Sanches
Agradecimento: Carros Antigos (@carros_antigos_br)
Créditos: Vogue