O Brasil é um dos maiores consumidores de medicamentos do mundo. A projeção da Associação da Indústria Farmacêutica é de que em 20121 o país saia da atual 8ª posição no ranking mundial para a 5ª posição. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier parte desse crescimento está relacionado ao envelhecimento que predispõe às doenças crônica. Uma delas, destaca, o glaucoma, atinge cerca de 2 milhões de brasileiros. Em 90% dos casos exige uso contínuo de colírios que baixam a pressão interna do olho e evitam a perda definitiva da visão.
Mas não é só isso. Levantamento feito pelo médico em 12 mil prontuários do hospital mostra que no período do calor quatro em cada dez pacientes já chegam aos consultórios usando algum colírio por conta própria. Não é para menos. Uma pesquisa sobre a saúde no Brasil mostra que 55% dos participantes deixam de comprar os medicamentos receitados por falta de dinheiro. O mesmo levantamento mostra que a automedicação para os olhos está bastante próxima aos 37% que afirmaram já ter comprado medicamentos sem receita para as mais variadas doenças. Neste grupo 66% afirmaram que foram orientados por um farmacêutico, 12% por amigos ou familiares e 2% fizeram pesquisa na internet.
Resistência a antibióticos
Quando o assunto é saúde dos olhos, Queiroz Neto afirma ser um erro acreditar que determinado medicamento vai nos levar à cura só porque algum dia nos livrou de um desconforto. “Nosso organismo muda, as bactérias também estão em constante mutação para preservar a espécie e o tratamento das doenças oculares externas deve cobrir todas estas variáveis”, comenta. Atualmente, destaca, a resistência aos antibióticos é uma das principais preocupações globais da saúde pública. O uso indiscriminado de colírios antibióticos está criando superbactérias, adverte. “Se hoje as doenças infecciosas são as que menos cegam no mundo todo, podem se tornar incuráveis e até impossibilitar o transplante de córnea no futuro”, adverte. Prova disso, e a previsão de um relatório recém publicado pelo governo britânico de que que em 2050 as infecções devem matar uma pessoa a cada três minutos por causa da crescente resistência aos antibióticos. Por isso, o especialista recomenda a cada um de nós adiar este processo só usando antibióticos com prescrição médica.
Quando usar antibióticos
Queiroz Neto afirma que o calor, aglomerações, contato do olho com a água contaminada do mar e piscinas aumentam nesta época do ano a conjuntivite bacteriana, conjuntivite viral e ceratite. Os sintomas dessas doenças são semelhantes> olhos vermelhos, lacrimejamento, coceira, sensação de corpo estranho, queimação, fotofobia e visão borrada. Mas os tratamentos diferem.
A conjuntivite bacteriana, inflamação da conjuntiva, membrana transparente que recobre a parte branca dos olhos e a face interna das pálpebras, tem uma secreção amarelada e é tratada com colírio antibiótico que deve ser interrompido conforme a prescrição médica. É mais comum entre crianças pelo maior contato dos olhos com água contaminada, mas por ser altamente contagiosa rapidamente pode ser transmitida a toda família. Isso leva a um erro comum, o compartilhamento de colírio. Cada pessoa tem uma flora bacteriana e o bico dosador pode encostar no dedo ou no olho. Por isso cada pessoa deve ter o seu medicamento, como acontece com escovas de dente.
Como prevenir
Para evitar a contaminação da conjuntiva por bactérias ou vírus as recomendações do oftalmologista são:
· Lavar as mãos com frequência.
· Evitar levar as mãos aos olhos.
· Não compartilhar colírios, toalhas, fronhas, maquiagem e teclados eletrônicos.
· Retirar a maquiagem toda noite.
Ao primeiro desconforto no olho, o especialista recomenda aplicar compressas de gaze embebida em água morna três vezes ao dia, nos casos de secreção purulenta que indicam conjuntivite bacteriana. As compressas devem ser geladas para conjuntivite viral que tem secreção viscosa.
Creditos – Noticias ao minuto