Segundo estimativas a cada ano são feitos 12 milhões de diagnósticos de câncer no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente no Brasil foram registrados em torno de 600 mil casos em 2017. Ainda de acordo com a instituição, a estimativa para 2018 é que sejam detectados o mesmo número de casos em 2018.

Considerando total global, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que grande parte dos casos estão relacionados à alimentação errada e falta de prática de exercícios físicos entre jovens com menos de 30 anos. “O câncer é segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos no país, perdendo apenas para óbitos decorrentes de acidentes e violência. De acordo com os dados mais recentes fornecidos pelo Inca, cerca de 17 mil jovens brasileiros morreram em decorrência de tumores malignos”, diz o Dr. Andrey Soares, oncologista clínico do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.

O especialista explica que a somatória destes dados tem ligação com os nossos hábitos – ou a falta deles – para frear as estatísticas crescentes ano a ano. “O incentivo à prática constante de exercícios físicos, dieta equilibrada, consumo moderado de bebidas alcoólicas e outras medidas simples surgem não apenas como iniciativas essenciais para frear os índices aumentados do câncer, mas também como uma forma de promoção à qualidade de vida e bem estar geral. Essas medidas contribuem também para a potencialização do processo de tratamento para pessoas diagnosticadas com a doença e outras condições como diabetes e hipertensão”.

Para reforçar essa percepção, o Dr. Andrey ressalta que sobrepeso e sedentarismo estão no topo dos fatores que afetam especialmente a saúde da geração de adultos nascidos nos anos 1990. “Millennials têm o dobro de risco de desenvolver câncer no cólon (segmento do intestino grosso) e quatro vezes mais chance de receberem um diagnóstico de câncer no reto em comparação à geração Baby Boomers, indivíduos com 55 anos ou mais, apenas para citar mais um exemplo dos malefícios do sedentarismo e da ingestão de alimentos pobres em vitaminas e fibras”, afirma o oncologista do CPO, citando estudo promovido em 2017 pela Sociedade Americana de Câncer (ACS, sigla do inglês American Cancer Society).

E não são só os tumores intestinais que estão relacionados ao nosso comportamento diário. A obesidade já tida como importante contribuinte para o aparecimento de ao menos outros nove tipos de câncer: esôfago, vesícula, fígado, pâncreas, rins, útero, ovário, mama e próstata. “Fatores como sedentarismo, consumo aumentado de carne vermelha, fast food, comida processada, álcool e cigarro também são hábitos comuns entre os jovens que podem trazer malefícios à saúde. Se não atentarmos para os hábitos que colaboram para a redução do risco de câncer, teremos futuramente um contingente cada vez mais aumentado de pacientes nos consultórios oncológicos”, finaliza.

Abaixo, Dr. Andrey Soares lista os principais fatores que podem contribuir para o surgimento do câncer:

Tabagismo

Evitar o uso de cigarro é essencial para uma vida saudável e pode evitar o aparecimento da doença. Hoje, o uso do cigarro pela geração Millenials, na maioria das vezes, vem acompanhando de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam que 75% dos casos de câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20 vezes mais risco de desenvolver a doença. Além disso, o cigarro também é responsável pelo aparecimento do tumor na cabeça e pescoço.

Etilismo

Bebidas alcoólicas podem aumentar a incidência de diversos tipos de câncer. O consumo exagerado de bebidas alcoólica. Essa prática tem se mostrado um dos hábitos mais frequentes entre jovens adultos e traz consequências para a saúde física, sendo um depressor do sistema nervoso central, gerando impactos nocivos a diversos órgãos, como o fígado, o coração e o estômago. Uma pesquisa publicada no Alcohol and Alcoholism mostra que as consequências podem ser ainda maiores: segundo o periódico basta uma dose de bebida alcoólica por dia para aumentar o risco das mulheres desenvolverem câncer de mama em 5%. A conclusão é parte de uma revisão de 113 estudos feita por pesquisadores da Alemanha, França e Itália. Para mulheres que bebem mais – três ou mais doses por dia – o risco de contrair a doença aumenta em 50%.

Exercícios Físicos

Pequenas caminhadas diárias, subir e descer escadas ao invés de utilizar o elevador ou até mesmo utilizar a bicicleta para se locomover na cidade pode evitar o surgimento do sobrepeso, fator que pode levar ao aparecimento da doença. Com o avanço da tecnologia, os jovens passam mais horas em frente ao computador, plugados no celular ou tablets, deixando de lado as atividades físicas.

Mais de um terço dos jovens brasileiros está acima do peso, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O sobrepeso pode ainda colaborar para o aumento do risco de desenvolvimento de doenças como colesterol alto, diabetes e hipertensão arterial.

Infecções Virais

Manter a saúde sexual em dia é fundamental para evitar o aparecimento da doença. A geração de jovens e adultos com menos de 30 anos preza e valoriza muito a liberdade sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o “boom” do HIV e, apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus humano – conhecido como HPV. Mais comum tipo de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo, o vírus atinge de forma massiva a população feminina – 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos.

Após o contágio, ao menos 5% dessas brasileiras irá desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos, uma taxa alarmante. O tumor já é considerado um problema de saúde pública no Brasil e faz parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no país, o que inclui a vacinação contra o HPV para meninos e meninas com idades entre 9 e 26 anos. Além do HPV, existem algumas infecções virais que também podem estar relacionadas ao aparecimento do câncer. A hepatite B e C, por exemplo, podem desenvolver o câncer de fígado. Já o HIV pode ser responsável por tumores hematológicos como linfoma.

Exposição Solar

Os jovens estão cada vez mais se preocupando com a prevenção contra o sol, principalmente quando vão a praia no verão. Porém, a exposição solar vai muito além desta época. Independente da época do ano, é importante reforçar o uso do protetor solar diariamente, pois, mesmo em estações do ano com o clima mais ameno, a exposição ao sol existe.

Não podemos deixar de citar que em casos que a exposição solar é maior, como na praia ou piscina, por exemplo, é importante abusar do protetor no corpo todo, usar chapéus e evitar horários em que a incidência solar esteja mais forte. Em geral, as pessoas costumam relacionar os casos de câncer de pele exclusivamente ao melanoma, mas 95% dos casos de tumores cutâneos identificados no Brasil são classificados como não melanoma, um índice que está diretamente relacionado à constante exposição à radiação ultravioleta (UV) do sol.

Fonte: Divulgação