O Ministério do Esporte e a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres (SPM) lançaram o programa Esporte Sem Assédio, uma iniciativa conjunta que tem o objetivo de prevenir e combater a violência e o assédio às atletas brasileiras, sejam amadoras ou profissionais.
“O programa tem como finalidade chamar a atenção da sociedade para o assédio e a violência contra as mulheres. O Ministério do Esporte participa usando o esporte como um dos vetores dessa comunicação. Tivemos recentemente casos de assédio que se tornaram públicos e que chocaram o mundo”, explicou o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, durante a cerimônia realizada no Velódromo do Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro. “Temos o canal de denúncia, o Ligue 180, para que as mulheres possam denunciar, se informar e se proteger. A campanha é um recado àqueles que pretendem transgredir que essa transgressão não ficará sem resposta do poder público e da sociedade. O esporte se soma a esse movimento”, acrescentou o ministro.
O Ligue 180 é a Central de Atendimento à Mulher da SPM, adotada como canal de denúncia tanto no Brasil como no exterior. Com o Esporte Sem Assédio, estão sendo realizados a capacitação dos atendentes para receber as denúncias de atletas, a criação e implementação de fluxo de assistência psicossocial e jurídica, o tratamento das informações recebidas por meio de indicadores padronizados e o monitoramento. O programa prevê, também, a efetivação de protocolo único entre o Ministério do Esporte, a SPM, o Conselho Nacional de Justiça e a Rede Nacional de Enfrentamento à Violência.
“Essa parceria nasceu porque é preciso falar sobre assédio no esporte. É uma coisa muito séria. Precisamos falar sobre isso e fazer com que as mulheres possam se sentir seguras para denunciar e para que possamos prevenir o assédio. Não podemos aceitar que muitas meninas se sintam tolhidas de praticar o esporte porque sentem medo de serem assediadas”, afirmou a secretária Nacional de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes. A iniciativa faz parte do Brasil Mulher, estratégia de mobilização em rede lançada pelo Governo Federal.
“Falar sobre o assédio é importantíssimo – e no esporte não poderia ser diferente. Um ambiente saudável no esporte é um ambiente com profissionais comprometidos com a ética e com seus valores. Os clubes precisam, também, demonstrar que têm uma política clara quanto ao assédio. Esse programa integra ações para unirmos mulheres, homens e toda a sociedade”, disse a ex-ginasta Luísa Parente, que participou das Olimpíadas de Seul 1988 e Barcelona 1992. Luísa faz parte da 2a Câmara do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem, criado com o objetivo de julgar violações a regras internacionais antidopagem.
Presente à cerimônia, a nadadora Joanna Maranhão é ativa no combate a violências que crianças e jovens possam sofrer. “Fui vítima de abuso aos 9 anos pelo meu técnico da época e demorei muito para verbalizar. Estive em quatro Jogos Olímpicos, mas poderia não ter ido a nenhum se não tivesse o apoio psicológico e jurídico que tive. Muitas outras crianças não têm essa ajuda”, contou a nadadora Joanna Maranhão, que esteve presente à cerimônia. “A iniciativa é super importante. Nos últimos anos, estamos abrindo portas para que as mulheres falem sobre o machismo e a violência que sofremos. Virão muitas histórias à tona. Ter coragem de verbalizar uma violência sofrida é viver ela de novo. Quando chegam pedindo provas e perguntando porque demorou tanto para falar, isso fere muito. É o momento de ter empatia pelas vítimas que têm coragem de contar suas histórias”, acrescentou.
#EsporteSemAssédio
Sob a hashtag #EsporteSemAssédio, a campanha também está sendo veiculada em redes sociais, com engajamento de várias atletas, ex-atletas e personalidades do esporte. “Temos mobilização de várias das principais atletas do país. As mulheres – e também os homens – podem contribuir muito para que esse tema entre na ordem do dia da nossa sociedade para que possamos erradicar essa mazela”, disse Picciani.
Fonte: Divulgação