Conheça os principais motivos e situações que levar um veículo a consumir mais combustível do que deveria

O consumo de combustível sempre foi uma das principais preocupações dos motoristas em relação aos seus carros, ainda mais em tempos bicudos – esta é, invariavelmente, uma das informações mais requisitadas pelos nossos leitores sobre as novidades que chegam ao mercado. Mas, além das características próprias de cada marca/modelo/versão, existem outros fatores que entram nessa conta do consumo de combustível. Quem nunca ficou de queixo caído ao saber que um parente, amigo ou conhecido, dono de um modelo igualzinho ao seu, consegue uma média de consumo bem melhor ou pior que a sua?

Para entender essa questão, procuramos o engenheiro Francisco Satkunas, conselheiro da SAE BRASIL – Sociedade de Engenheiros da Mobilidade, que listou os principais fatores que influem no consumo de combustível de um veículo.

Calibragem errada dos pneus

Eles são o único ponto de contato do veículo com o solo. Os pneus, portanto, tem um papel crucial em qualquer questão de consumo de combustível – mais especificamente, devido à sua resistência ao rolamento. E é exatamente por isso que os chamados “pneus verdes” estão se popularizando cada vez, uma vez que eles ajudam a reduzir o consumo de combustível por terem uma baixa resistência ao rolamento.

No dia a dia, o motorista deve ficar atento à calibragem dos pneus com a pressão recomendada pelo fabricante, que deve ser feita pelo menos a cada 15 dias – ou semanalmente, se você roda por vias em mau estado de conservação, cheias de buracos e irregularidades. “Pneus com pressão 10% abaixo do recomendado pelo fabricante podem, dependendo de características do veículo, em um aumento no consumo de combustível entre 6% e 10%, pois aumenta a sua resistência ao rolamento”, alerta Satkunas.

Carro cheio

Se você vai viajar com o carro cheio de passageiros e de bagagem, é essencial calibrar os pneus para esta situação. Todos os modelos possuem uma pressão recomendada para quando o veículo está carregado – informação que consta no manual do proprietário e, na maioria dos modelos, em uma etiqueta localizada na porta do motorista, coluna central ou na portinhola de abastecimento. A calibragem correta, além de economizar combustível, também contribui para prolongar a vida útil dos próprios pneus.

Rodas desalinhadas

Além disso, o desalinhamento das rodas também provoca maior resistência ao rolamento dos pneus – e, por consequência, aumento no consumo de combustível. Por isso, o alinhamento deve ser feito a cada 10 mil quilômetros – ou sempre que você pegar algum buraco de forma mais brusca. Fique atento, também, a esses sintomas: pneu “cantando” em curvas de baixa velocidade e desgaste excessivo nos ombros do composto são os sinais mais claros de que as rodas precisam ser alinhadas.

Filtros de ar 

Além dos pneus, alguns itens de manutenção tem relação direta com o consumo e estão entre os primeiros suspeitos quando o consumo de combustível de um carro aumenta com a mesma rotina (mesmo motorista, percurso e horários). O primeiro item é o filtro de ar, que pode estar sujo e precisa ser substituído. “Nessa situação, o fluxo de ar fica reduzido e a central eletrônica faz a compensação injetando mais combustível”, explica Satkunas. “O aumento no consumo pode chegar a até 8%.”

Por isso, siga a quilometragem indicada pelo fabricante para a substituição do filtro de ar. Se a utilização for em condições severas – como uso diário em estradas de terra ou em congestionamentos com grande concentração de poluição – essa quilometragem deve ser reduzida pela metade (Satkunas explica que a fuligem da poluição tem efeito similar ao das partículas de terra). Em situações muito extremas, é recomendável levar o carro até uma concessionária ou mecânico de confiança para checagem do filtro.

Velas sujas e defeitos nas bobinas

Outros problemas que afetam diretamente o consumo de combustível são velas sujas, defeitos nos cabos de vela ou nas bobinas. Esses problemas podem ser identificados com relativa facilidade, pois provocam redução de potência e falhas na aceleração.

Ar-condicionado

Os departamentos de engenharia das marcas trabalham exaustivamente em cima da aerodinâmica dos seus modelos, sempre em busca de pequenos detalhes no design da carroceria que permitam ao veículo cortar o ar de forma mais eficiente. Já no dia a dia, a principal influência do motorista nesse ponto é a abertura das janelas – de onde nasce a dúvida: é mais econômico rodar com o ar-condicionado ligado ou com com as janelas abertas? A recomendação de Satkunas é de sempre fechar as janelas e usar o ar-condicionado ao rodar acima de 40 km/h. “A partir dessa velocidade, o consumo começa a aumentar em torno de 2% a 3%, acima do que se perde com o ar ligado”.

No entanto, Satkunas faz algumas ressalvas. “No meio da cidade, mesmo rodando devagar, muitas vezes não é seguro abrir as janelas”, diz. “Por outro lado, muitas vezes a temperatura ambiente já caiu, mas o motorista esquece de desligar o ar-condicionado”. Então, fique atento e desligue o sistema de climatização sempre que possível. Vale lembrar que alterar a temperatura ou diminuir a velocidade da ventilação não alteram o consumo, uma vez que o compressor continua funcionando da mesma maneira.

Por fim, é possível economizar um pouco de combustível desligando o ar-condicionado um pouco antes de se chegar ao destino. Isso também pode ajudar a sua saúde, já que a prática seca os dutos e o filtro da cabine, reduzindo a ocorrência de fungos no sistema – o que causa aquele mau-cheiro característico.

Excesso de peso

Não é por acaso que todas as fabricantes de veículos trabalham intensamente para reduzir o peso dos seus carros. Em todos os grandes mercados mundiais, as empresas precisam atender à metas de redução de consumo de combustível que estão cada vez mais rígidas. “Quanto maior a massa a ser deslocada, maior o consumo de combustível”, resume Satkunas. Mas o motorista também precisa fazer a sua parte: não utilize o porta-malas do veículo como um guarda-volumes, transportando itens desnecessários.

Além disso, Satkunas também dá uma dica para motoristas que rodam pouco diariamente e enchem o tanque a cada duas semanas ou mesmo em um mês. “Ao encher o tanque e demorar tanto para consumir o combustível, do ponto de vista da engenharia, o motorista está carregando um peso morto durante a maior parte dessa quilometragem”, explica. Nesse caso, ao invés de encher o tanque, o motorista pode abastecer meio tanque ao invés de completar, aumentando o número de visitas ao posto.

Combustível adulterado

A adulteração de combustível é um grave problema no Brasil e que pode provocar graves danos no motor – ou, na hipótese menos grave, aumentar o consumo de combustível do veículo. Dependendo do tipo de adulteração, o motorista pode nem sentir mudanças na tocada do carro e só vai perceber algum problema ao checar a média de consumo no computador de bordo ou quando encostar novamente na bomba de combustível.

“Os sistemas de injeção eletrônica conseguem se adequar às condições do combustível que está sendo utilizado. Na época do carburador, qualquer adulteração tinha um efeito quase que imediato”, explica o conselheiro da SAE.

Pé pesado

A atuação do motorista na condução do veículo é outro fator que tem uma grande influência no consumo. É por isso que muitas vezes, com um mesmo carro (ou seja, sem estar sujeito a diferenças no estado geral ou na manutenção), diferentes pessoas da família obtém médias bem distintas. Falando de forma geral, o motorista que conduz o veículo de forma mais suave, com acelerações e frenagens progressivas, gasta menos combustível – e quem tem a tocada baseada em acelerações e frenagens vigorosas, gasta mais.

Fonte: Auto Esporte