Tração nas quatro rodas não é tudo igual. E também não é algo para se usar estritamente na terra. Entenda
No último dia 4 de abril (4/4) os jipeiros de plantão comemoraram o dia do 4×4. No entanto esse tipo de tração nas quatro rodas tem diversas variantes e sua relevância vai muito além das estradas de terra e atoleiros.
Tipos de tração: 4×2, 4×4, 4WD…
Antes de tudo é importante saber diferenciar os tipos de tração. Quando se fala 4×2 refere-se a veículos que possuem tração em apenas um eixo. Por exemplo: carros de tração dianteira têm a força transferida para o asfalto apenas pelas rodas dianteiras, enquanto os de tração traseira o fazem via as rodas do eixo traseiro.
Carros chamados de 4×4, por definição, são veículos que podem ter tração nas quatro rodas parcialmente. Ou seja, operam como 4×2 até que o motorista faça a seleção para que o outro eixo do veículo passe também a ter tração. Muitos veículos 4×4 de fato possuem um diferencial central para transferir a força para cada um dos eixos, além dos diferenciais individuais de cada eixo. Geralmente possuem caixa de redução, mas ela não é mandatória para que um veículo seja chamado de 4×4.
Há ainda um terceiro tipo de tração integral conhecida como AWD (All Wheel Drive) ou 4WD (Four Wheel Drive). Nesse caso o modelo também traz a possibilidade de tração nas quatro rodas, mas a distribuição da força entre os eixos e realizada automaticamente pelo carro. O motorista até pode interferir na forma como essa distribuição é feita, mas na maior parte do tempo é o próprio carro que faz a decisão. Esse sistema pode ser encontrado também em SUVs, crossovers e até mesmo carros compactos.
Afinal, o que é e para que serve a reduzida?
A caixa de redução, conhecida como reduzida, funciona como uma se fosse uma segunda caixa de câmbio, bem mais curta, que multiplica a força do motor. Pense algo similar ao câmbio de uma bicicleta, onde a reduzida funciona como as primeiras marchas. Você pedala mais rápido, mas a bicicleta anda pouco, porém com muita força. Nos veículos 4×4 com essa opção, usa-se a reduzida para vencer obstáculos que exigem muita força ou para situações em que é necessário manter velocidades muito baixas, como descidas muito escorregadias.
O que é o tal do bloqueio de diferencial?
Se a força que chega ao eixo fosse distribuída igualmente entre as rodas, ambas andariam na mesma velocidade. Em linha reta não há problema, mas em curvas, a roda interna roda menos que a externa. Nessa situação fazer as duas rodarem juntas gera desgaste excessivo no sistema e desconforto para quem está no carro. Assim, a maioria dos carros usa um diferencial chamado de “aberto”, que permite que ambas as rodas consigam girar em velocidades diferentes.
No entanto, o diferencial aberto manda mais força sempre para roda que está girando mais livre. Em atoleiros ou quando uma das rodas fica no ar não há força chegando ao solo e de fato empurrando o carro. Para resolver essa situação há bloqueios do diferencial.
No caso de um bloqueio mecânico do diferencial, o mais recomendado é usá-lo apenas em pisos de baixa aderência, para não causar os efeitos citados acima. Há também um bloqueio eletrônico que atua junto ao ABS, travando a roda que está no ar e transferindo a força para a outra. O último tipo de bloqueio é o LSD, sigla em inglês para Diferencial de Escorregamento Limitado, que permite um bloqueio não absoluto como o bloqueio mecânico.
Por que 4×4 também é importante no asfalto
Além de ajudar na terra, ter um sistema 4×4 ou AWD também pode ser uma mão literal na roda quando rodando no asfalto. Havendo a possibilidade de se distribuir a força de forma individual entre as quatro rodas do carro, o comportamento em situações de baixa aderência (como piso molhado), ficam mais seguras.
Tivemos a chance de ver isso acontecendo a bordo dos Mitsubishi ASX e Outlander. A central do carro conseguiu identificar as rodas que estavam com menos aderência durante a trajetória e, calculando o esterço e a aceleração exigida pelo motorista, conseguiu contornar a curva praticamente sozinho, sem necessidade de correções por parte do motorista ou intervenções severas. Foi praticamente imperceptível a atuação do sistema, apesar do piso escorregadio.
Qual será o futuro do 4×4?
Algo é fato sobre o futuro: veículos com motorização elétrica são bem mais simples que os modelos que usam combustão interna. Não há necessidade de câmbio nem de engrenagens de multiplicação ou desmultiplicação. Não só isso, os motores elétricos podem ser instalados diretamente nas rodas ou eixos, podendo ser controlados de maneira individual. O futuro do 4×4 está garantido e será bem mais simplificado.
Fonte: icarros