Para enxergar uma imagem com nitidez, várias partes do globo ocular precisam funcionar de forma conjunta e precisa. Qualquer falha num dos sistemas de visão, incluindo a córnea, músculos oculares, lentes, nervos ou o próprio cérebro, pode levar a pessoa a visualizar a mesma imagem duas vezes. A diplopia ou visão dupla ocorre quando duas imagens não correspondentes são enviadas para a parte do cérebro que é responsável pelo processamento visual, o córtex occipital, na porção posterior do cérebro. As doenças que resultam em visão dupla podem ser de fácil tratamento ou não, representando até risco de vida.

A diplopia pode ser monocular ou binocular. A monocular afeta um dos olhos, e o problema persiste quando o olho não afetado está tapado. “A diplopia monocular quase sempre está associada à alteração do foco visual, logo, quase não tem conotação de urgências oculares, salvo os casos acometidos por tumores ou alterações de retina”, explica o oftalmologista Hilton Medeiros, da Clínica de Olhos Dr. João Eugenio.

Nos casos de erros de refração, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, o tratamento pode ser feito com óculos ou lentes de contato. Para o olho seco, recomenda-se o uso de lágrimas artificiais. Quando a visão dupla é decorrente da catarata, o único tratamento é cirúrgico. A toxina botulínica também é usada no tratamento em alguns casos.

Já a diplopia binocular acontece nos dois olhos em função do desalinhamento entre eles e o sintoma desaparece se um dos olhos for tapado. A causa pode estar relacionada desde doenças comuns (diabetes, hipertireoidismo, estrabismo) até aquelas que apresentam algum risco de vida, como aneurismas, acidentes vasculares cerebrais e traumas oculares/cranianos, afetando os nervos que controlam os músculos extraoculares. Esses nervos também podem ser danificados pela esclerose múltipla e pelo diabetes mal controlado.

O enfraquecimento dos músculos extraoculares pelo desgaste ou alguma doença, como a miastenia gravis, também é outra causa da diplopia binocular. “Em alguns casos, a insuficiência de convergência ou incapacidade de alinhar os olhos ao focar um objeto próximo, pode ser tratada com exercícios para os olhos, além da possibilidade do uso de óculos com prismas”, explica o médico.

Os sintomas associados incluem episódios de dor de cabeça ou enxaqueca, náuseas, vômitos, olhar de lado, piscar com muita frequência ou tapar um dos olhos para enxergar com conforto. A prevenção está ligada à causa, sendo o diagnóstico precoce fundamental e o prognóstico vai depender da doença de base.

Fonte: Divulgação