Comida hidratante, bebida para incentivar a ida ao banheiro, friozinho para estimular o sono: operadoras de viagens de quase 20 horas investem em serviços estratégicos

Em outubro deste ano, a Singapore Airlines vai lançar a rota aérea mais longa do mundo: o voo entre Nova York (Newark) e Singapura deverá ter cerca de 19 horas de duração, superando a viagem de 17 horas e 40 minutos entre Doha, no Catar, e Auckland, na Nova Zelândia, operada pela Qatar Airways que hoje detém o posto.

Mas, embora facilitem a vida de viajantes que não querem perder horas e horas em conexões internacionais, esses voos extremamente longos podem gerar efeitos indesejáveis no organismo humano. Jet lag, problemas de sedentariedade e desidratação são apenas alguns deles. As companhias aéreas, no interesse de não precisar abandonar os longuíssimos voos, estão estudando para encontrar as melhores soluções.

A boa notícia é que esses esforços devem resultar em refeições mais nutritivas e maior tempo de sono para todos os passageiros — mesmo os de voos mais curtos. A Singapore Airlines está trabalhando com a Canyon Ranch, empresa americana dona de spas, em novos menus e programas de bem-estar à bordo que auxiliem os clientes nas suas viagens por 15 mil quilômetros.

Novos menus

Saem as batatas, entra a couve-flor. Além de nutritiva, ajuda a hidratar o corpo. Novos menus deverão ser criados buscando um equilíbrio nutricional cada vez maior, e poderão vir em porções menores. “As pessoas ficam basicamente paradas, então não precisam de muito para estar satisfeitas por 19 horas”, diz ao Wall Street Journal Antony McNeil, diretor de alimentos e bebidas da Singapore. Ele testou 36 novas opções de pratos em seus estudos.

Em relação às bebidas, a prioridade é o passageiro ficar o mais hidratado possível, mesmo se não quiser água. O cardápio deve ter opções estimulem a ida ao banheiro. Caminhar um pouco durante os voos ajudando o sistema circulatório a trabalhar. Assim, os clientes da companhia podem esperar cada vez mais chás.

Estímulo ao sono

Também operadora de longas viagens que chegam a durar 17 horas, a australiana Qantas criou um grupo de passageiros frequentes “cobaias” para estudar seu comportamento no avião, e descobriu que não há uniformidade alguma em sua atividade: ao mesmo tempo em que alguns estão em pesado sono, outros levantam várias vezes.

A companhia está se dedicando a normatizar esse comportamento adaptando o horário de refeições e fluxo de iluminação conforme o horário de Londres, que fica no centro da rota entre Dallas e Sydney, por exemplo. Além disso, luzes avermelhadas serão acionadas quando é hora de estimular o sono, e de tons azul e branco são usadas para fazer os passageiros despertarem.

Da mesma forma, a temperatura pode cair um pouco para incentivar as pessoas a ficarem em seus assentos aquecidas e, quem sabe, pegar no sono. A ideia é normatizar os relógios corporais e evitar os efeitos do jet lag em todos.

Exercícios a bordo

Outra ação estudada pela Singapore é estimular ao menos um mínimo de atividade física durante os voos que não se resuma a ir ao banheiro. Assim como outras empresas, a aérea asiática já tem um vídeo com dicas de alongamento que é transmitido nas telas de entretenimento dos assentos, mas está pensando em variações.

“Não serão flexões no corredor”, brinca a CEO da Canyon Ranch, Susan Docherty. “mas pelo menos alguns novos exercícios sentados.”

Fonte: Época Negócios