Surfando na onda do empoderamento feminino, o Calendário mais famoso do mundo mostra que nada é mais antiquado e previsível do que fetichizar o corpo nu feminino. Marie Claire está em Milão, onde acontece a divulgação oficial da edição 2019

 

Moderno e relevante. Foi com esses adjetivos que o fotógrafo escocês Albert Watson definiu o Calendário Pirelli 2019, clicado e dirigido pelo próprio. “Colocar modelos magras e bonitas peladas numa praia… o que há de novo nisso?”, questionou durante uma entrevista com a imprensa brasileira, em Milão, na ocasião do lançamento da publicação. O Calendário deste ano, inspirado no cinema, mais conta uma história do que marca a passagem dos meses do ano. São quatro personagens femininas em seus “hábitats naturais”, interpretadas pelas modelos Gigi HadidLaetitia Casta, a atriz Julia Garner e a bailarina Misty Copeland.

“O Calendário tem o objetivo de marcar a passagem do tempo”, diz uma famosa aspa do CEO da Pirelli, Marco Tronchetti Provera. E de fato, o Cal mostrou, mais uma vez, que tem a capacidade de ser um termômetro do momento socio-cultural, No momento em que o empoderamento feminino e disparidade de gênero fazem, mais do que nunca, parte do zeitgeist, o Calendário trouxe, pela primeira vez, mulheres como protagonistas e não objetos do desejo masculino – um traço que marcou boa parte da história do livro fotográfico que é publicado desde 1964 pela gigante de pneus.