E por essa você não esperava: Miami também é cultura. Aqui vão 10 sugestões de passeio que passam longe de shoppings e outlets

1 | Walking Tour da Miami Design Preservation League

South Beach

Nos anos 70, o coração art-déco de Miami Beach era conhecido como “a sala de espera de Deus”. Seus predinhos baixos, habitados por velhinhos que viviam dos parcos rendimentos guardados para a aposentadoria, estavam mais decrépitos que seus ocupantes. O mercado imobiliário estava de olho na área, para ali fincar arranha-céus com vista para o mar. Para tentar evitar que o bairro déco viesse abaixo foi fundada em 1976 a Miami Design Preservation League. Deu resultado: em 1979 o bairro foi incluído no Registro Nacional de Lugares Históricos, primeiro passo para que os predinhos fossem preservados.

Todos os dias, às 10h30 da manhã (e às quintas também às 18h30) a própria Liga de Preservação promove uma caminhada guiada pelo bairro. Em pouco menos de duas horas, você fica por dentro da história de Miami Beach e aprende a reconhecer os traços básicos da versão local do estilo art-déco.

South Beach

Hoje a área entre as ruas 5 e 15 está brega de novo, povoada por bares de música estridente que servem drinks gigantescos e açucarados. À hora em que o tour acontece, no entanto, está tudo ainda calmo: perfeito para caçar as diferenças (e semelhanças) entre platibandas, eiras, beiras, peitoris, sancas e marquises que caracterizam as diversas fases do art-déco de Miami Beach — um senhor patrimônio que, bagaceirice dos bares à parte, está superpreservado. É um passeio ~histórico~ da melhor qualidade.

Walking Tour da Miami Design Preservation League

  • Todos os dias às 10h30 (5ª às 10h30 e 18h30). Saída da lojinha/museu da Liga, no calçadão da praia, em frente à rua 10. Ingressos a US$ 25 (US$ 20 para maiores de 65). Dá para comprar na hora (chegue com 20 minutos de antecedência). Os tours são conduzidos em inglês. Os ingressos dão direito a visitar o museu da Liga.
2 | Wynwood Arts District

Wynwood

Uma cidade que já tem o maior acervo de arquitetura art-déco do mundo precisa de alguma outra marca registrada visual? Precisar, não precisa. Mas Miami inventou outra.

Wynwood é um bairro do continente, imediatamente ao norte de Downtown, cujos galpões baratos começaram a atrair galeristas no comecinho dos anos 2000. Em 2009, um deles teve a idéia de criar Wynwood Walls, uma galeria de street art, na NW 2nd Ave. entre as ruas NW 25th e NW 26th.

Wynwood

Foi a senha para que o graffiti se espalhasse pelas paredes externas dos galpões das quadras vizinhas. Grafiteiros top do mundo inteiro foram convidados a contribuir com suas obras (nossos Osgemeos e Kobra estão entre eles). E Wynwood virou o segundo museu a céu aberto da cidade.

Wynwood

Não faltarão críticos para desqualificar os murais do bairro. Mas para um turista leigo (presente!), é um passeio fascinante e repleto de possibilidades instagrâmicas smile

Wynwood

Qualquer dia de sol é interessante para passear por lá. O segundo sábado do mês é o dia mais movimentado, com todas as galerias abertas ao público e food trucks funcionando das 18h às 22h no terreno baldio da esquina da NW 2nd Ave. com a NW 23th St.

Mas você não vai passar nem fome nem sede se for em outros dias: o Panther Coffee (2390 NW 2nd Ave., entre NW 23th e NW 24th), o Coyo Taco (2300 NW 2nd Ave., entre NW 23th e NW 24th) e o Wynwood Kitchen and Bar (2550 NW 2nd Ave., entre NW 25th e NW 26th) fazem ótimos pit stops gastronômicos.

Wynwood Arts District

  • NW 2nd Ave., entre ruas NW 22th e NW 27th, suas transversais e paralelas.
3 | PAMM (Pérez Art Museum Miami)

PAMM

O museu está em sua terceira encarnação. Começou em 1984 como Centro de Belas Artes; em 1996, tornou-se o Museu de Arte de Miami. O último batismo aconteceu em 2013, quando se transferiu para a sede atual, no Biscayne Boulevard com vista para o Porto de Miami. O nome homenageia um benemérito, Jorge M. Pérez, que contribuiu com 35 milhões de dólares para que o prédio fosse terminado (o terreno pertencia à prefeitura de Miami, que também entrou com 100 milhões de verdinhas na parceria público-privada).

PAMM

Em seu novo endereço, o museu ganhou um perfil mais alto, pela qualidade da arquitetura do novo prédio e também por incorporar um sobrenome latino ao seu nome oficial — mostrando que nem só de Guggenheims, Gettys e Whitneys vive a benemerência cultural americana.

Ao contrário do que se pode imaginar, o acervo não inclui apenas artistas latino-americanos: seu foco é arte contemporânea, mas as obras provêm de artistas das três Américas, da Europa e da África. A coleção de Pérez (110 peças) doada ao museu, porém, é basicamente latina.

PAMM

O museu tem um ótimo restaurante, o Verde. É um passeio gostoso de fazer de bicicleta desde Miami Beach. Pode ser combinado com um pulinho em Wynwood. Em 2016, o museu vai ganhar um vizinho (que deveria ter ficado pronto este ano): o Patricia and Philip Frost Science Museum, que está de mudança para um prédio retrô-futurista ao lado. Com dois museus, o lugar onde estão vai fazer jus ao seu nome oficial: Museum Park.

PAMM – Pérez Art Museum Miami

  • 1103 Biscayne Blvd. Fecha 2ª. Abre de 3ª a domingo das 10h às 18h (5ª até as 21h). Ingresso: US$ 16 (menores de 18, maiores de 62 e estudantes: US$ 12). Dá para ir de Trolley e de MetroMover.
4 | Museu Vizcaya

Vizcaya

Um pedacinho de Veneza à beira da baía Biscayne: esta foi a idéia do milionário James Deering ao construir sua Villa Vizcaya na primeira década do século passado.

Vizcaya

O encanto do lugar está em ser tão absurdo e despropositado. O que na verdade se visita não é a réplica de uma villa veneziana e de seus jardins no mangue subtropical de Miami — mas a cabeça de um ricaço que não sabe o que fazer com seu dinheiro. Um paralelo quase adequado é o museu Cloisters, de Nova York, composto de partes transplantadas de mosteiros e castelos da Europa (a diferença é que a Villa Vizcaya foi inteiramente concebida localmente).

Vizcaya

O mais engraçado de tudo é que, se você visitou o Venetian em Las Vegas, vai achar o Museu Vizcaya bastante autêntico. This is America, pessoal.

Viscaya Museum & Gardens

  • 3251 S Miami Ave., Coconut Grove. Fecha 3ª. Abre de 4ª a 2ª das 9h30 às 16h30. Não funciona em Thanksgiving e em 25 de dezembro. Ingresso: US$ 18 (US$ 12 para maiores de 62 anos, US$ 6 para crianças entre 6 e 12 anos; grátis até 5 anos). Dá para ir de Trolley e MetroRail.
5 | Bonnet House (Fort Lauderdale)

Bonnet House

Outra casa construída para um milionário passar o inverno — mas é o oposto absoluto da Villa Vizcaya. O terreno foi dado de presente por Hugh Taylor Birch (nome de várias ruas em Fort Lauderdale) para sua filha Helen (uma musicista) e seu genro Frederic Bartlett (um pintor e escultor), como presente de casamento.

Bonnet House

Os dois construíram, nos anos 20, uma casa com jeitão de plantation house da Louisiana, só mais rústica, integrada à natureza da Flórida. A morte prematura de Helen quase condeonou a casa ao abandono, mas nos anos 30 Frederic se casou com Evelyn “Lilly” Fortune, que tinha por hobby a jardinagem, e a casa se tornou o centro de suas vidas.

Bonnet House

Todos os objetos e ornamentos da casa são de autoria de Frederic — e somados aos jardins de Lilly compõem um conjunto admirável. Ao contrário da Villa Vizcaya, porém, o que se sobressai na Bonnet House é a ausência de luxo e ostentação.

Bonnet House

  • 900 North Birch Rd, Fort Lauderdale. Tel.: 954/563-5393. Fecha 2ª. Os jardins abrem de 3ª a domingo das 9h às 16h. A visita à casa é exclusivamente guiada. Acontece de 3ª a domingo às 9h30, 10h30, 11h30, 12h30, 13h30, 14h30 e 15h30. Ingresso casa + jardim: US$ 20 (só jardim: US$ 10).
6 | Museu Wolfsonian

Wolfsonian

Este museuzinho adorável fica no coração de South Beach — na Washington entre ruas 10 e 11. Seu acervo é baseado na coleção de Mitchel Wolfson Jr., focada em objetos relacionado ao design industrial, às viagens, às telecomunicações, ao art-nouveau e à propaganda política.

Ou seja: não pense em mestres da pintura ou da escultura. O barato do Wolfsonian é o contraste entre peças que registram a evolução do consumismo americano versus a exaltação do homem socialista. E tudo faz ainda mais sentido em Miami.

Desde 2007, o Wolfsonian é um departamento da FIU, Florida International University. Uma visita a seu acervo não consome mais do que duas horas e é um grande programa pós-praia smile

Wolfsonian Museum

  • 1001 Washington Ave., tel. 305/531.1001. Fecha 4ª. Abre de 5ª a 3ª de 10h às 18h (domingo a partir das 12h; 5ª e 6ª até as 21h). Ingresso: US$ 7 (maiores de 62 anos e crianças entre 6 e 12 anos: US$ 5; crianças até 5 anos: grátis; 6ª entre 18h e 21h: grátis).
7 | bass museum

Bass

Constituído a partir da coleção de John e Johanna Bass, o bass museum of art (assim, em minúsculas) traz a arte contemporânea quase que para a beira da praia: está bem num trecho em que a Collins não tem prédios para tapar a vista do mar.

Bass

Instalado numa antiga Biblioteca Pública (e com um anexo moderno), o forte do bass são as exposições temporárias, de curdoria sempre instigante. Atualmente as galerias internas estão fechadas para uma grande renovação — mas o parque em frente continua expondo artistas que valem a visita.

bass museum of art

  • 2100 Collins Ave., tel. 305/673-7530. As galerias internas reabrem no 2º semestre de 2015. Quando em funcionamento, fecha 2ª e 3ª; abre de 4ª a domingo das 12h às 17h. Ingresso: US$ 8.
8 | Fairchild Tropical Botanical Garden

Fairchild Tropical Garden

A apenas 250 km ao norte do Trópico de Câncer, Miami e o sul da Flórida são “os trópicos” dos Estados Unidos. Por isso a cidade pode se dar ao luxo de cultivar um jardim botânico tropical sem necessidade de estufas.

Qual seria o atrativo do Fairchild Garden para nós, que viemos dos trópicos de verdade e estamos mais do que acostumados a bromélias e orquídeas?

Fairchild

Eu gostei de ter visitado por dois motivos. Primeiro, porque o lugar dá para ser visitado como um parque. E depois, porque o caminho para lá é belíssimo — você passa pelo trecho mais bonito de Coral Gables, onde as ruas e as casas conservam uma densa vegetação. Esse encontro do landscaping americano com a vegetação dos trópicos é ainda mais bonito do que o jardim botânico.

Fairchild Tropical Botanical Garden

  • 10901 Old Cutler Rd, Coral Gables, tel. 305/667-1651. Abre diariamente das 7h30 às 16h30. Ingresso: US$ 25 (maiores de 65 anos, US$ 18; entre 6 e 17 anos, US$ 12; até 5 anos, grátis).
9 | New World Center

Soundscape Cinema Series

Miami também tem seu prédio by Frank Gehry: o New World Center foi projetado para ser a sede da New World Symphony Orchestra. Arquitetonicamente, o aspecto mais importante talvez seja o de não parecer uma obra de Frank Gehry. Falam maravilhas da acústica.

Quem não consegue ingressos para um dos concertos pode aproveitar o Miami SoundScape Cinema Series, com projeções de filmes clássicos na fachada, que ocorrem entre outubro e maio. É grátis, você pode levar sua cadeirinha ou jogar uma canga no gramado.

New World Center

  • 500 17th St (Washington entre 17 e 18), tel.: 305/673-3330.
10 | De airboat nas Everglades

Como assim, passeio cultural? OK, tô apelando para completar uma lista de 10. Mas veja bem: se você tem mais de 40 anos e se lembra de Ben, o Urso Amigo, pode dizer que o airboat — basicamente, uma jangada movida a um ventilador gigante — é sim um item de cultura… pop. (Os mais jovens certamente terão visto esses bólidos em Dexter).

Há muitos lugares que oferecem esse passeio, mas nenhum é tão charmoso quanto a pioneira Coopertown, que leva turistas pelos canais das Everglades desde 1945.

Coopertown

Um blogueiro mais crítico poderia dizer que o lugar está meio que caindo aos pedaços, mas como eu quero dar um verniz histórico a esse passeio direi que Coopertown não faz concessões à modernidade smile É muito estranho: um passeio divertido na Flórida que não tem nada de disneyano.

Coopertown

Antes de embarcar, os passageiros assistem uma pequena palestra sobre o pântano, seus répteis, quelônios (e ursos).

CoopertownDepois, você põe um protetor nos ouvidos e…. vrrrrrruuuuuuummmmmm pelo pântano inundado de Ben e Dexter. É cultural, sim, e não se fala mais nisso!

Coopertown

Coopertown

  • 22700 Southwest 8th St, tel. 305/226-6048. Funciona diariamente das 9h às 17h50. Ingresso: US$ 23 (entre 7 e 11 anos, US$ 11; até 6 anos, grátis).

Fonte: Viaje na Viagem