Compartilhado por várias pessoas, em especial os jovens, cachimbo oriental traz mesmos malefícios à saúde que o cigarro comum e ainda pode causar herpes labial e hepatite C
O Dia Nacional de Combate ao Fumo se aproxima e este ano o tema escolhido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para as ações é Tabaco e saúde pulmonar – o uso do narguilé. O objetivo é conscientizar a população brasileira sobre os riscos de doenças pulmonares causadas pelo consumo de tabaco e de produtos derivados.
O relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) Global Report on Trends in Prevalence of Tobacco Smoking 2000-2025 mostra que, em todo o mundo, 27% das pessoas fumaram tabaco em 2000. Já em 2016, esse número baixou para 20%. Mesmo com a aparente redução, há 1,1 bilhão de fumantes adultos no planeta, mesmo número registrado em 2000, e se deve ao crescimento populacional, mesmo que as taxas tenham diminuído.
Entre as estatísticas, o aumento no uso de cigarros eletrônicos chama a atenção dos especialistas. Há pelo menos 367 milhões de usuários no mundo e a preocupação é que esses produtos sejam uma porta de entrada para a dependência da nicotina, especialmente entre os jovens. “Os dados sobre a segurança do cigarro eletrônico são limitados até o momento e não permitem afirmar que sejam efetivos. Além disso, os usuários, constantemente, associam o cigarro eletrônico ao convencional, prolongando a dependência de nicotina. Há também o uso crescente entre adolescentes, o que gera preocupação”, afirma o pneumologista do Hospital Anchieta, Dr.Daniel Heyden Boczar.
O narguilé, por ter uma característica diferente e ser um único cachimbo que pode ser usado por várias pessoas simultaneamente, tem reforçado o aspecto de socialização, especialmente entre os jovens. De acordo com a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab), em 2008 o Brasil tinha quase 300 mil consumidores do cachimbo de origem oriental. Nos últimos anos, o consumo cresceu e a preocupação com o contágio de doenças também, como explica o pneumologista do Hospital Anchieta, Dr. Daniel Boczar.
O que o uso constante de narguilé pode causar?
Todos os riscos inerentes ao cigarro comum podem ocorrer com o uso de narguilé. Segundo a OMS, cerca de 30% de todos os cânceres são relacionados ao cigarro. O tabagismo é responsável por 25% dos infartos e anginas; 25% das ocorrências de derrame cerebral; 85% dos pacientes com bronquite crônica e enfisema são fumantes, além de úlceras gastroduodenais, infecções respiratórias, impotência sexual e claudicação. O compartilhamento comum nessa prática aumenta o risco de herpes labial, tuberculose e hepatite C.”, destaca o pneumologista, citando estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS).
– Qual a diferença de quem fuma cigarro para quem utiliza narguilé?
A água filtra um pouco da nicotina, mas a fumaça continua carregando uma dose da substância suficiente para viciar os apreciadores do narguilé. Há outros venenos da queima do fumo – 11 vezes mais monóxido de carbono e 100 vezes mais alcatrão do que o cigarro comum. Uma sessão de narguilé que dura de 20 minutos a uma hora, um fumante chega a engolir até 50 litros de fumaça, a mesma quantidade inalada ao se fumar 100 cigarros.
– Qual o alerta para quem faz uso diário de narguilé?
Ao parar de fumar, em poucas horas a respiração começa a voltar ao normal. Além disso, há diminuição do risco de doença cardíaca, enfisema, câncer de pulmão e do envelhecimento precoce; esperança de vida aumenta de cinco a oito anos; melhora da resistência física para exercícios; melhora da qualidade de vida e sensação de bem-estar e certeza de ter conquistado algo importante para si.
Fumo e a relação com o câncer de pulmão
O hábito de fumar é prejudicial a saúde, como mostram diversos estudos, e é um grande fator de risco, responsável pelo aumento em 40 vezes da chance de desenvolver câncer de pulmão quando comparado às pessoas que não fumam. Na fumaça do cigarro existem mais de 5 mil substâncias químicas das quais cerca de 50 são cancerígenas. Os fumantes passivos, ou seja, que não têm o hábito de fumar, porém convivem com pessoas que fumam em ambiente fechado, quando expostos à fumaça do cigarro sofrem o mesmo malefício.
No caso dos fumantes que dizem que não “tragam a fumaça”, apenas a seguram na boca também estão expostos às mesmas substâncias cancerígenas que causam câncer de pulmão, além de correrem o risco de desenvolver câncer da boca ou garganta.
“Uma pessoa que consumia cerca de um maço de cigarros por dia e para de fumar, após cinco anos tem taxa de mortalidade por câncer de pulmão reduzida em pelo menos 50%. O tratamento deve ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, com oncologista, cirurgião, radiologista, fisioterapeuta e também psicólogo, que auxilia durante o processo”, explica a oncologista do Hospital do Câncer Anchieta, Dra. Regina Hercules Vidal.
Benefícios ao parar de fumar
– Diminuição do risco de doença cardíaca, enfisema e câncer de pulmão
– Esperança de vida aumentada de cinco a oito anos
– Redução da despesa com cigarros e com tratamento de doenças ligadas.
– Diminui o envelhecimento precoce
– Clareamento dos dentes e pontas dos dedos
– Melhora da resistência física para exercícios e qualidade de vida
– Sensação de bem-estar e certeza de ter conquistado algo importante para si
Fonte: Divulgação