A infertilidade feminina pode ser causada por fatores diversos, desde doenças que afetam o funcionamento do sistema reprodutor até condições que podem levar a complicações, caso da trombofilia.

Os fatores de infertilidade tanto masculina quanto feminina contribuem, de forma isolada, com cerca de 30% das causas investigadas. A formação de coágulos denominados trombos ocorre naturalmente em nosso organismo e serve para evitar a perda de sangue nos casos de vasos sanguíneos rompidos ou lesionados, ou seja, evitar que uma hemorragia ocorra.

No entanto, anomalias na coagulação sanguínea podem ser um fator relacionado à infertilidade, uma vez que impedem a passagem do sangue.

Neste artigo, é abordada a trombofilia, explicando quais são seus sintomas e sua ligação com a infertilidade.

O QUE É TROMBOFILIA?

A trombofilia é uma doença caracterizada pela coagulação sanguínea e aumento do risco de trombose, ou seja, obstrução do vaso sanguíneo por um coágulo denominado trombo.

A predisposição à trombose tem maior potencial durante a gestação e o período de puerpério devido às características pró-coagulantes de ambos os estados. Pode-se classificar a trombofilia em hereditária ou adquirida, e ela afeta cerca de 15% da população.

A trombofilia provoca menor circulação de sangue nos vasos sanguíneos uterinos e da placenta durante a gravidez, o que pode levar, além de abortos de repetição, a óbitos fetais. Mulheres com histórico de trombofilia, portanto, precisam de cuidados especiais durante a gravidez.

Alguns indivíduos podem desenvolver a trombose recorrente mesmo quando são tomadas medidas preventivas ou podem desenvolver trombose em localizações incomuns.

SINTOMAS

A trombofilia pode se manifestar de formas diversas, e seus sintomas dependem da forma de manifestação. Quando ocorre a trombose venosa profunda, tem-se como sintomas o inchaço, que ocorre geralmente em uma das pernas, a dor no membro afetado, que pode ficar avermelhado.

Esse inchaço ocorre devido à dificuldade que o sangue tem de passar pelo trajeto venoso afetado. Isso porque na trombose há um aumento do sistema de coagulação, causando a obstrução do vaso sanguíneo.

O aumento da temperatura no local também é outro sintoma, bem como a dilatação das veias. A presença de úlceras dolorosas que não cicatrizam também pode indicar a necessidade de investigação de trombofilia.

Quando a trombofilia se manifesta de forma a causar embolia pulmonar, a paciente pode apresentar dificuldade para espirar. A trombose durante a gravidez pode causar abortos repetidos ou o parto prematuro, devido à menor circulação de sangue nos vasos sanguíneos uterinos e da placenta.

Quando a trombofilia ocorre em gestantes, é possível verificar o crescimento anormal da barriga. Como o bebê não se desenvolve conforme esperado, a barriga cresce pouco.

TRATAMENTOS

O principal objetivo do tratamento de trombofilia é reduzir o risco de eventos trombóticos. A escolha do tratamento depende de a paciente ser ou não gestante. Para que o diagnóstico seja feito, é necessário realizar uma investigação de trombofilia, que consiste em uma avaliação laboratorial complexa na qual são realizados exames variados.

Muitos casos de trombofilia são diagnosticados em pacientes após a investigação das causas da dificuldade para engravidar. São realizados, então, exames de pesquisa de trombofilia, que consistem em exames que analisam o sangue da paciente.

A utilização de medicamentos anticoagulantes no tratamento visa controlar a coagulação, de modo a evitar que os trombos se formem. A dosagem do medicamento deve levar em consideração o tipo de trombofilia diagnosticado e o peso da paciente.

No caso de pacientes que se encontram em período de gestação, os medicamentos devem ser ministrados no início da gravidez até um dia antes do parto, sendo então interrompidos.

Quanto antes for diagnosticada a trombofilia em pacientes gestantes, mais eficiente é o tratamento e, dessa forma, menores são os riscos de complicações tanto durante a gravidez quanto no momento do parto.

O tratamento deve ser retomado após o parto, pois durante esse período os fatores de coagulação tendem a aumentar a fim de evitar a ocorrência de hemorragias e sangramentos.

A TROMBOFILIA E A REPRODUÇÃO ASSISTIDA

Pacientes que se encontram em tratamentos de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro), devem iniciar o tratamento 24 horas após os óvulos serem coletados, durante a etapa de aspiração folicular.

Essas pacientes devem realizar acompanhamento médico constante durante todo o período da gravidez, a fim de que seja verificada a possibilidade da formação de trombos que possam vir a causar complicações durante a gestação.

É possível conciliar o tratamento da trombofilia com a gravidez, seja ela natural, seja no contexto da FIV. No entanto, é necessário que haja acompanhamento médico especializado durante o período de gestação.

Embora a trombofilia possa ser assintomática, ela pode apresentar sintomas relacionados às diferentes formas de manifestação no organismo.

É importante estar atenta a esses sintomas, uma vez que o diagnóstico precoce é uma forma eficiente de evitar possíveis complicações que levem a abortos espontâneos ou partos prematuros.