Procedimento é menos invasivo e permite, na maior parte dos casos, recuperação mais rápida

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população mundial apresenta dores nas costas. O problema afeta o dia a dia de quem convive com o incômodo, como era o caso do paciente da NeuroAnchieta, Valdir Arimateia da Silva, que recentemente passou por uma cirurgia endoscópica para tratar uma hérnia de disco. “Sentia dores frequentes, a medicação não estava sendo suficiente”, relata. Ele conta ainda que não precisou ficar na UTI, e foi para casa após um dia de internação.

De acordo com o Dr. André Borba, neurocirurgião da NeuroAnchieta, esse procedimento é uma boa alternativa para tratamentos de hérnias discais e outros distúrbios que atingem a coluna vertebral. Ele explica como funciona a cirurgia, suas indicações e a recuperação:

O que é a cirurgia endoscópica?

A cirurgia endoscópica de coluna consiste em realizar os procedimentos como descompressão do canal e dos nervos espinhais por meio de uma câmera de vídeo acoplada a uma cânula que permite inserir instrumentos de trabalho. Assim, pode-se cortar, remover, coagular e remodelar as estruturas que provocam as diversas patologias. Inicialmente, foi criada para que se realizassem essencialmente os mesmos procedimentos feitos de forma clássica com a cirurgia aberta. Aos poucos, contudo, desenvolveu-se a ponto de que, em alguns casos, a opção pela endoscopia permite procedimentos dificilmente realizáveis por outros meios.

A anestesia desse procedimento é diferente?

É possível fazer uma cirurgia endoscópica de coluna com o uso de anestesia geral, da forma classicamente conhecida. Porém, uma vez que o procedimento é minimamente invasivo e permite visualizar constantemente as estruturas de trabalho, o paciente pode permanecer acordado, com uma sedação apenas. Isso permite inclusive que ele colabore durante todo o procedimento. Logicamente essas opções passam por uma avaliação prévia com a equipe de cirurgia e de anestesia, levando-se em consideração todos os aspectos de cada caso.

Em quais casos ela é recomendada?    

A cirurgia endoscópica é uma excelente opção para tratamentos, por exemplo, de hérnias discais e de compressões focais da coluna vertebral. Quando a patologia leva a compressão de estruturas nervosas específicas, como as raízes e os foramens neurais, por onde elas passam, a indicação é melhor. Em casos particulares, pode-se aplicar a técnica para descompressões mais amplas do canal vertebral. Trata-se, portanto, de uma opção menos invasiva que uma cirurgia de maior porte, a qual envolveria a aplicação de instrumentais e a restrição de movimentos.

A recuperação após esse procedimento é mais rápida?

Quase sempre sim, pois o grau de manipulação e a agressividade tende a ser menor e mais controlada. Em geral, consegue-se liberar para casa desde algumas horas a até um ou dois dias após a cirurgia. O retorno às atividades depende sempre de cada paciente, mas casos simples podem retornar às atividades cotidianas em poucas semanas.

A técnica é nova?

Relativamente sim. Na medicina uma técnica pode ter vinte, trinta anos e ainda ser nova. As primeiras descrições são da década de 80 (Kambin, 1983). É neste século, porém, que a cirurgia avança de forma notável. Seu emprego já está bem estabelecido em países desenvolvidos da Ásia, Europa, América do Norte e em centros sul-americanos no Chile e na Colômbia. No Brasil, contudo, a divulgação ainda é pequena. O conhecimento, por pacientes e médicos, está em desenvolvimento.

A chance de sequela é menor? Tem menos riscos?

Em se tratando de medicina, é importante sempre lembrar que não há doença cujo tratamento seja completamente isento de riscos e que toda decisão terapêutica deve ser baseada em uma relação entre o mal potencial da doença e os perigos do remédio, no caso a cirurgia. Dito isso, quanto menos invasivo o tratamento, menor o risco, desde que, logicamente, o benefício seja comparável. A endoscopia de coluna é um método extremamente vantajoso nesse aspecto. Permite alcançar altos graus de correção da patologia com um mínimo de invasividade. É extremamente precisa em corrigir as alterações patológicas enquanto preserva estruturas saudáveis. Obviamente não existe método infalível e cada caso precisa ser analisado individualmente, mas, certamente, no tratamento moderno das doenças da coluna, a cirurgia por via endoscópica deve sempre ser analisada como uma das mais seguras opções de tratamento.

Fonte: Divulgação