A maioria das crises podem ser controladas e permitir uma vida normal a quem convive com a doença
A epilepsia é uma das doenças neurológicas mais comuns no mundo e, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta cerca de 50 milhões de pessoas. A enfermidade é provocada por descargas elétricas anormais no cérebro, e caracterizada pelas crises epiléticas, que se repetem em intervalos de tempo variáveis.
Uma delas é a crise convulsiva, facilmente reconhecível pelas manifestações características como os abalos musculares generalizados, a salivação excessiva, a mordedura da língua, podendo ocorrer até perda de urina e fezes. “A crise convulsiva é um tipo específico de crise epilética. Já a epilepsia é a condição neurológica na qual o paciente apresenta crises recorrentes (mais de duas), podendo ser convulsivas ou não”, explica a neurologista da NeuroAnchieta, Dra. Priscilla Proveti.
As causas da epilepsia podem ser pequenas lesões no cérebro decorrentes de traumas, infecções e até um acidente vascular cerebral, que levam ao mau funcionamento cerebral. As manifestações podem aparecer em qualquer faixa etária, mas é comum que se apresentem logo na infância e nem sempre é possível identificar o que ocasionou o episódio. “Embora a maioria das crises não apresente fatores desencadeantes identificáveis, alguns como febre, infecção, uso incorreto de medicações, consumo de álcool e privação do sono, podem aumentar a chance de o paciente epilético apresentar uma crise”, indica Proveti.
Por se tratar de tipos diferentes a depender da área cerebral acometida, as crises nem sempre se apresentam de maneira semelhante, o que pode dificultar o reconhecimento, principalmente nas crianças. “Nas crises de ausência, muito comum na infância, existe somente uma parada comportamental com duração de segundos”, alerta a especialista. Isso pode fazer com que pais e professores, por exemplo, demorem a perceber que algo está errado com a criança.
É comum que as crises de ausência desapareçam ao longo do tempo, mas nem sempre isso ocorre. Ao notar qualquer anormalidade no comportamento da criança que possa indicar um episódio descrito acima, é indicado que os pais procurem um neurologista para uma avaliação.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito pelo neurologista com base nas características da crise e do histórico do paciente, com o auxílio de exames de imagens. De acordo com o responsável técnico do Anchieta Diagnósticos, Dr. Anderson Benine Belezia, a modalidade de imagem mais indicada para avaliação de pacientes com epilepsia é a ressonância magnética. “Ela nos permite avaliar a existência de alguma alteração estrutural do parênquima encefálico que possa ser a causa das crises. A maior resolução e qualidade de imagem fornecida por aparelhos com campos magnéticos maiores, em especial os que possuem campos magnéticos de 3 tesla, permitem avaliações mais precisas e acuradas”, esclarece.
O exame é seguro e dura cerca de 30 minutos. “Na avaliação da epilepsia é indicado o uso do contraste, já que o seu uso permite avaliar melhor e de forma mais precisa algumas condições que podem estar relacionadas a crises convulsivas, tais como lesões expansivas intracranianas ou mesmo processos inflamatórios e infecciosos”, aponta Dr. Anderson.
A maioria das crises epiléticas podem ser controladas com medicações de uso contínuo, permitindo que a pessoa siga sua vida normal. A cirurgia só é indicada em certos casos de epilepsia refratária, aquela em que mesmo após o uso de pelo menos duas medicações diferentes, ocorre a persistência na frequência das crises.
Como ajudar no momento da crise?
- Afaste os objetos que possam ferir a pessoa
- Proteja a cabeça para evitar trauma
- Posicione a pessoa de lado
- Não ofereça água
- Não coloque objetos na boca e nem tente puxar a língua
- Afrouxe as roupas para a pessoa respirar melhor
- Se a crise durar mais de 5 minutos, procure atendimento médico de emergência
Fonte: Divulgação