Rafaella Barreto, 26 anos, faz parte desse grupo de pessoas que atravessam essa missão. Ela batalha contra a depressão, desde 2016, ou seja, há quatro anos. No início, como é natural quando começam a surgir os sintomas, Rafaella não procurou logo um tratamento. Com o passar do tempo, os sinais se atenuaram e, em 2017, a jovem decidiu iniciar um acompanhamento médico.
“Na verdade, eu busquei tratamentojustamente porque estava comendo compulsivamente pra ‘preencher’ algum vazio dentro de mim. Acabei ganhando 8kg na época. Era horrível! Para alguém que gosta de ter tudo sob controle como eu, não parecia ter mais o que fazer para a compulsão e a tristeza diminuírem”, relata a bancária.
A descoberta de um novo mundo
Pode parecer clichê, falar sobre os benefícios do exercício físico para a saúde do corpo e da mente, mas se torna inevitável em tempos com cerca de dois milhões de casos de depressão, por ano, no Brasil. A pátria amada surge nos dados da Organização Mundial da Saúde como o país mais depressivo e ansioso da América Latina.
A jovem bancária, como parte dessa estatística, decidiu procurar uma academia para se libertar das angústias causadas pela doença, mas engana-se quem pensa que foi fácil. Nada é fácil na jornada pela cura da depressão. “Li muito sobre o assunto e vi que exercícios físicos tinham uma relação direta com bem-estar e saúde. Lembro que no início eu ia, entrava na academia, passava pela porta e pela recepção, mas não conseguia ficar, tudo era muito difícil. Eu simplesmente ia embora”, revela Rafaella.
Até conseguir se manter firme nas atividades físicas, teve que percorrer um longo caminho de persistência e terapia. “Com muito esforço, comecei a tomar muito gosto pela coisa. Perdi todo meu peso extra e fiquei viciada mesmo!”, exclama.
“A sensação de bem-estar que a musculação me proporciona remédio nenhum faz. Eu saio de lá todos os dias com outra energia. Por isso, gosto de ir de manhã, pra que a sensação dure o dia inteiro. É incrível”, acrescenta. Agora a bancária malha com a ajuda de um personal, o Anderson Dornelas da Bodytech, “é realmente um diferencial. Ter alguém que, mesmo nos seus dias ruins, te motive, te faça ir, te lembre do quanto aquilo te faz bem está sendo muito importante”, completa Rafaella.
Para Anderson, é inegável a relação entre exercitar-se e saúde mental. O personal trainer e coordenador Acqua da BT Lago Sul explica que o músculo é um órgão endócrino e o estímulo, seja por contrações dinâmicas ou isométricas, fará a sinalização para o aumento da produção e secreção de hormônios como Melatonina, que está relacionado à qualidade do sono, Endorfina, Dopamina, Serotonina, Ocitocina, vulgarmente conhecidos como “hormônios da felicidade”.
Sendo assim, ao movimentar o corpo, as substâncias químicas produzidas agem no cérebro gerando sensação de felicidade e bem-estar. “Temos bastante embasamento científico que comprova que o exercício físico é um forte aliado no tratamento dos problemas psicobiológicos, até por conta do aumento exponencial desses problemas. O Exercício Físico é tratado por vários autores como uma intervenção não-medicamentosa para o tratamento desses distúrbios”, comenta Anderson.
Acompanhamento psiquiátrico
Segundo o psiquiatra, a depressão hoje é uma pandemia. Nesse quesito, a atividade física funciona também como método preventivo. Pesquisadores da University College London descobriram que jovens de 12 a 16 anos que têm níveis altos de sedentarismo apresentaram um aumento de 8 a 11% nos riscos de ter depressão aos 18 anos ou mais.
“Existem inúmeros estudos na literatura científica que mostram de forma clara e robusta que indivíduos com diagnóstico de depressão e ansiedade, em tratamento psiquiátrico, melhoram mais rapidamente quando aderem a exercícios físicos tanto aeróbicos quanto anaeróbicos. Além disso, verificam-se ganhos mais acentuados e estáveis nos níveis de ânimo, disposição e energia”, acrescenta Dr. Gabriel.
A regra também serve para quem já apresentou quadros de algum distúrbio psiquiátrico. “As pessoas que tiveram episódios passados de depressão e que seguem com atividade física regular têm menores riscos de recidivas e, quando as tem, são mais leves e fáceis de tratar”, aponta o psiquiatra.
Dica
O importante, nessa busca pela estabilidade emocional, é sempre procurar algo que a pessoa gosta de fazer. “Ache algo que você consiga manter a frequência, que tenha prazer, e não por obrigação. Tenho certeza que fará muito bem para sua saúde mental e física”, conclui Rafaella.
Anderson Dornelas também compartilha do mesmo pensamento. “Escolher alguma(s) atividades que o aluno se identifique, vai fazer toda diferença na criação de um hábito de se movimentar”, afirma o profissional. “O ideal é mesclar atividades cardiovasculares, como corrida, pedal, seja indoor ou outdoor, com exercícios de força, como a musculação, exercício integrado, etc”, finaliza o personal da Bodytech.