Famílias e instituições de ensino devem trabalhar mais em conjunto, estimulando o senso de coletividade

Ansiedade, compulsão alimentar, sensação de abandono, depressão, insegurança e a dificuldade de adaptação, são alguns dos problemas mais comuns em tempos de quarentena pelo coronavírus. Manter uma rotina saudável e produtiva, sobretudo regular, é de longe o maior dilema das famílias brasileiras. Afinal, os jovens não estão afastados somente das salas de aula, mas também de atividades de cunho social e lúdico — isto é, música, esporte, dança, entre outros.

Para Lorena de Almeida Cavalcante, psicóloga do Colégio Seriös, é preciso, antes de tudo, instruir o jovem a dissociar o período de quarentena das férias escolares, conscientizando, portanto, sobre a decisão de isolamento pelo bem comum.

“Os pais são como um espelho para os filhos, logo, eles devem ser exemplo dentro de casa. De nada adianta pedir que a criança acompanhe as aulas e siga com os estudos, se você ocupar o seu tempo com cochilos ou séries, por exemplo. Antes de exigir algo dos filhos, seja honesto e organize a sua própria rotina. Lembre-se que o isolamento é uma medida de saúde pública e não anula responsabilidades do dia a dia”, orienta Lorena.

As famílias e instituições de ensino devem trabalhar mais em conjunto, estimulando o senso de coletividade. Dessa forma, os pais podem contribuir com diálogos abertos e francos, negociando, inclusive, um horário para lazer, depois as obrigações tenham sido cumpridas pelos filhos.

Já as escolas podem aproveitar a oportunidade para lançar novas ferramentas de aprendizagem e, também, fazer uso de técnicas diferenciadas, que visem potencializar o engajamento dos alunos.

“Os pais podem, e devem, auxiliar os filhos na escolha do local mais adequado para estudar em casa, preferencialmente longe de estímulos distratores, e que não seja o mesmo em que o jovem realize atividades opostas, tais como assistir filmes e séries, jogar ou mesmo dormir”, explica a psicóloga escolar.

De acordo com a psicóloga do Seriös, uma forma de fazer os jovens entenderem, inclusive aceitarem, que os dias de “confinamento” não são férias, pode ser trabalhado por meio da comunicação assertiva, empatia e trabalho em equipe.

Confira as dicas da psicóloga do Seriös:
– Atividades lúdicas para entreter crianças e adolescentes

Segundo Lorena, não há uma receita padrão. Ela recomenda, no entanto, que a escolha das atividades seja pautada nos interesses pessoais de cada pessoa.

Na infância, as atividades lúdicas têm alto grau de eficácia, pois permitem o desenvolvimento moral – especialmente ao lançar jogos de regras ou até atividades que envolvam desempenho fictício de papeis sociais – e a evolução das chamadas funções psicológicas superiores – em particular, a criatividade e imaginação.

Para adolescentes, o lúdico costuma não ser tão atrativo, daí a importância de tarefas que possibilitem o exercício de dois princípios – utilidade e pertencimento. Deve-se priorizar atividades em que seja possível aplicar conhecimentos previamente construídos, o que tem sido bastante observado entre alunos do Colégio Seriös – eles têm aproveitado o isolamento social para fazer receitas aprendidas nas aulas de gastronomia, por exemplo.

Outro ponto importante é a facilitação – por meio do uso das tecnologias – do diálogo e da interação social. Isso pode, inclusive, ser utilizado no processo de ensino-aprendizagem, de modo que os estudantes sejam estimulados a discutirem conteúdos entre si.

– Dicas para manter a rotina de estudos em casa

Primeiramente, faz-se ainda mais necessário o planejamento do tempo. É preciso determinar horários específicos para cada atividade. Por exemplo: acordar, tomar banho, comer, estudar e se divertir. Feito isso, é importante estabelecer metas diárias e semanais, que podem ser ajustadas ao longo da semana. Desse modo, o aluno terá maior clareza sobre seu próprio ritmo de produção.

“Os pais podem começar a trabalhar o autoconhecimento com os filhos, que, dentre inúmeras questões, identifica o que tira o foco e atrapalha no desenvolvimento. Conscientes dessas armadilhas, é possível evitar a procrastinação, que pode se tornar um gatilho para a ansiedade”, defende Lorena.

– Lado emocional das crianças e dos adolescentes

Cabe aos pais fazer um filtro das notícias que serão compartilhadas com os filhos. O ideal é que o contato com informações sobre a pandemia se dê de uma a duas vezes por dia, sempre por meio de fontes confiáveis. É importante, ainda, que possíveis notícias negativas sejam contrapostas com positivas.

“No início do ano, recebemos, na Semana Pedagógica do Colégio Seriös, o jornalista Rinaldo Oliveira, responsável pelo Portal Só Notícia Boa. Este, inclusive, é um dos canais que podem ser mais consumidos pelas famílias e pelos estudantes”, indica.

Por fim, é importante lembrarmos que o desenvolvimento humano não é feito apenas de grandes avanços, as crises acabam sendo uma oportunidade de crescimento. O momento atual possibilita o exercício de inúmeras habilidades e competências, que crianças e adolescentes desenvolveram em seus lares ou mesmo na escola – empatia, criatividade, flexibilidade, autonomia, entre outras.

“Estamos entrando em contato com situações que, muitas vezes, são tratadas como tabus, mas se fazem extremamente necessárias para o amadurecimento psicológico e, portanto, precisam ser abordadas com ênfase, tais como adoecimento e morte”, reforça a profissional.

– Papel da psicologia

Na escola, o papel da psicologia é contribuir para os processos de aprendizagem e desenvolvimento, sendo realizadas ações institucionais, a exemplo da formação continuada de professores; e as exclusivas para estudantes, como a orientação profissional dos que se encontram no ensino médio.

Quando surgem demandas relacionadas à saúde mental, há um primeiro acolhimento e, posteriormente, recomendamos o acompanhamento com psicólogos clínicos ou psiquiatras – profissionais com os quais buscamos sempre parcerias, a fim de acompanhar melhor o desenvolvimento integral de estudantes.

 Fonte: Divulgação