Especialista fala sobre procedimento do aparelho digestivo novo no Distrito Federal

Aprovada pelo Conselho Federal de Medicina em 2017, a cirurgia metabólica é um processo recente e inovador para portadores do Diabetes tipo 2, que inicialmente não dependem de insulina. O procedimento que tem como objetivo controlar a doença, também pode estimular o emagrecimento.

De acordo com o cirurgião-geral do Hospital Anchieta, Dr Manoel Luiz Neto, a cirurgia tem semelhanças com outro procedimento, do ponto de vista de execução: a cirurgia bariátrica. Ambas envolvem alterações no estômago e no intestino que  levam a melhora do perfil metabólico do paciente. “Enquanto a cirurgia bariátrica é usada para o controle de peso e de algumas doenças associadas à obesidade, a cirurgia metabólica tem como finalidade primordial o controle do diabetes do tipo 2, sendo a perda de peso um efeito secundário”, explica o médico.

A cirurgia traz benefícios a curto e longo prazo. O principal benefício a ser notado é a melhora das médias de glicemia, indicada pela Hemoglobina glicada A1-C já no primeiro mês após o procedimento. Segundo o Dr. Manoel, o resultado está possivelmente relacionado à dieta e a alterações induzidas pelo desvio intestinal e alterações de hormônios intestinais.

Já no longo prazo, pacientes operados têm menos alterações nos rins e nos olhos cansados pela diabetes quando comparados a pacientes com diabetes descompensado, podendo ter efeito na redução da mortalidade.

Procedimento

Normalmente a cirurgia é realizada num tempo médio de uma hora, mas requer dois dias de internação. O procedimento é feito por meio de Laparoscopia, uma cirurgia pouco invasiva. “Através de pequenos cortes no abdômen e utilizando pinças especiais conseguimos criar um estômago menor, o que diminui o apetite por alterações hormonais, e desviamos o intestino, melhorando a liberação de insulina pelo pâncreas e o controle da glicose”, detalha o especialista.

No pré-operatório é necessário que o paciente passe por uma avaliação sobre a diabetes e suas complicações. “O paciente passa por dois endocrinologistas para avaliar a necessidade da cirurgia, além da nutricionista, psicólogo e a equipe de cirurgia metabólica. Fazem parte dessa equipe também radiologistas, endoscopistas e outros especialistas”, conta. Os profissionais avaliam o paciente minuciosamente para levá-lo à cirurgia no melhor momento para que obtenha o melhor resultado. “O ideal é que toda equipe esteja integrada em um só local para facilitar a discussão dos casos e a indicação do procedimento”, acrescenta.

O cirurgião ressalta que a diabetes não tem cura e que o procedimento é feito para controle da doença. “O paciente pode até ficar sem medicamentos, mas não pode abrir mão do acompanhamento, pois a diabetes é uma doença crônica e que precisa ser acompanhada”, destaca Dr. Manoel Luiz Neto.

Diabetes e obesidade

Segundo Dr. Manoel há ligação direta entre a obesidade e a diabetes tipo 2. “As duas doenças caminham juntas. Uma leva a piora gradual da outra, e quando o ciclo de piora se inicia o organismo precisa trabalhar sobre estresse o tempo inteiro, até que o pâncreas pode vir a deixar de produzir insulina, então o paciente passa a depender do hormônio externo para controlar a doença. Em geral quanto maior o nível de obesidade, pior em alguns pacientes é a resistência à insulina”, explica.

Para o especialista, quanto mais tempo o paciente tem de resistência à insulina e obesidade, maior a chance de desenvolver o risco de desenvolver diabetes. “O paciente que fica muitos anos com o diabetes descompensado associado a obesidade, irá desenvolver alguma complicação relacionada aos vasos sanguíneos, como amputações, impotência sexual, insuficiência renal, infarto, cegueira ou infarto do miocárdio”, conta.

Os pacientes obesos com diabetes tipo 2 são os candidatos com indicação para cirurgia metabólica. “Pacientes com índice de massa corpórea superior a 30 e que tenham diabetes podem realizar a cirurgia metabólica desde que tenham tentado tratamento com medicações e modificação do estilo de vida e não tenham obtido sucesso no controle da doença”, explica.

Fonte: Divulgação