Home office e hábitos diários podem potencializar incômodos na coluna e nos membros inferiores. Médico ortopedista explica como as dores surgem e o que pode ser feito para minimizar os sintomas
Há quase oito meses, o coronavírus mudou a rotina de milhões de brasileiros. Devido à pandemia ocasionada pela Covid-19, inúmeras atividades do dia a dia tiveram que se readequar aos novos padrões impostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentre as mudanças, o home office passou a ser uma realidade para grande parte dos trabalhadores. Hoje em dia, 70% dos funcionários gostariam de permanecer neste tipo de modalidade trabalhista, de acordo com a pesquisa do professor André Fischer, da Fundação Instituto de Administração (FIA).
Apesar de ser benéfico para inúmeras pessoas, o teletrabalho tem gerado problemas a longo prazo para a saúde, principalmente no que diz respeito ao surgimento da dorsalgia, condição relacionada à dor na área da coluna vertebral. A mais comum – e uma das mais incômodas – envolve o nervo ciático, que se inicia no final da coluna e percorre a parte inferior do corpo, passando pelos glúteos, coxa e joelho até chegar aos pés.
“Na coluna lombar existe uma união dos nervos que saem da vértebra L3 e vão até a S1, formando o famoso nervo ciático. Quando há alguma inflamação na coluna capaz de irritar algum desses nervos, a dor é irradiada para as áreas dos membros inferiores, sendo denominada dor ciática”, explica Márcio Silveira, médico ortopedista da clínica Salus Ortopedia, localizada em Brasília.
O home office entra como “vilão” no aumento dos casos relacionados às dores nas costas por conta da má postura gerada a partir do uso de móveis inadequados para longas jornadas de trabalho. Além disso, o quadro tende a piorar justamente pelo fato do profissional ficar sentado por mais tempo do que o indicado, o que pode sobrecarregar a postura e desencadear em um quadro de desgaste estrutural na área do ciático.
Dr. Silveira ainda pontua que alguns fatores em específico podem potencializar o surgimento da dor. “Podemos citar fatores constitucionais, como aumento de peso, fraqueza dos músculos paravertebrais e abdominais e frouxidão ligamentar. A sobrecarga na região lombar ao erguer pesos excessivos também pode ocasionar a irritação. Não podemos deixar de destacar que os hábitos de vida diários, como fumo, alcoolismo e sedentarismo, também são fatores de risco”, explica.
O especialista pondera que, apesar do incômodo persistente, o problema pode ser resolvido facilmente com a mudança de algumas atitudes na rotina, como dormir em colchões adequados para a manutenção da postura durante o sono e a utilização de cadeiras ergonômicas. Na hora de levantar pesos, o cuidado deve ser redobrado: é preciso manter as costas retas e agachar no momento que for realizado o movimento para a elevação do objeto.
“Pessoas que passam longos períodos sentadas, como motoristas e trabalhadores administrativos, devem mudar de posição de vez em quando para descontrair e exercitar os músculos para evitar a sobrecarga na região lombar. Fazer atividades físicas regulares também é fundamental para manter o físico e a força muscular”, aconselha.
Caso não haja melhoras apesar de todos esses cuidados, é preciso recorrer a um profissional para que seja possível realizar um diagnóstico da situação. A partir disto, o primeiro passo com o especialista da área será voltado ao controle da dor, que pode ser feito inicialmente por meio de anti-inflamatórias e analgésicos. O repouso também se torna um grande aliado para o tratamento e, dependendo dos casos, pode durar de dois a sete dias.
O médico chama atenção para o repouso prolongado, passando do tempo estipulado pelos profissionais da Saúde, visto que pode levar a atrofia muscular, dificultando a reabilitação e aumentando a incapacidade do indivíduo.
“Nos casos de dores crônicas, pode-se usar medicações psicotrópicas e antidepressivos, por conta das suas propriedades analgésicas e miorrelaxantes. Analgésicos opióides fracos ou potentes também podem ser necessários”, complementa.
Fonte: Divulgação