O sistema excretor é composto por rins, uretra e bexiga, e sua principal função eliminar os resíduos das reações químicas que ocorrem no corpo, no processo de metabolismo. Dessa maneira, muitas substâncias que não são aproveitadas no organismo, principalmente as tóxicas, são excretadas pela urina.

A uretra é parte do sistema excretor, cujo formato anatômico assemelha-se a um tubo oco, dentro do qual é transportada a urina produzida pelos rins e armazenada na bexiga para fora do corpo. Nas mulheres, a uretra está internalizada no abdômen, enquanto nos homens a uretra percorre o comprimento do pênis, projetando-se para fora do abdome.

Em pessoas saudáveis, o ambiente da bexiga e da uretra é estéril, ou seja, livre de microrganismos que possam causar doenças. Quando bactérias se instalam no canal da uretra, esse ambiente estéril é alterado e a infecção leva a um quadro de uretrite.

Quer saber mais? Nos acompanhe na leitura a seguir!

O QUE É A URETRITE

Por ser um canal de ligação com o ambiente externo ao corpo, a uretra pode ser porta de entrada para patógenos. Atividade sexual desprotegida, assim como o uso de alguns produtos químicos como espermicidas e cremes anticoncepcionais também podem contribuir para o aparecimento das infecções do trato urinário (ITUs).

As ITUs diferenciam-se entre si segundo a localização da infecção, sendo chamada cistite a infecção da bexiga, pielonefrite a infecção dos rins e uretrite as infecções da uretra. Nos homens também a prostatite, infecção da próstata, é considerada uma ITU.

CAUSAS DA URETRITE

As infecções da uretra são causadas pela presença de patógenos nessa região do trato urinário, mas algumas bactérias específicas costumam ter uma incidência maior nesses quadros: a Neisseria gonorrhoeae, a Chlamydia trachomatis e a Mycoplasma genitalium, todas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e E. coli, uma bactéria que habita naturalmente o intestino, mas que, se entrar em contato com o trato urinário, causa infecção.

Quando a uretrite é causada por Neisseria gonorrhoeae, é chamada uretrite gonocócica e todas as demais infecções que causam uretrite são chamadas não gonocócicas. Os sintomas e tratamentos para cada tipo são específicos, determinados pela bactéria que os causa.

SINAIS E SINTOMAS DA URETRITE

Alguns dos sinais e sintomas associados à uretrite podem ser semelhantes às demais ITUs e incluir polaciúria, ou um aumento significativo na frequência da micção com sensação de urgência e acompanhado de disúria, que é a presença de dor ou ardor ao urinar.

A urina saudável deve ser clara e transparente, por isso aspectos como a coloração forte, escura e amarela, bem como a urina turva, opaca podem ser indicadores de ITUs e, especificamente, de uretrite. Outros sintomas gerais como incontinência urinária não crônica, dor abdominal e febre também compõem o quadro da uretrite.

Além dos sintomas gerais, a uretrite gonocócica normalmente provoca um corrimento amarelo-esverdeado, em grande quantidade, purulento e com mau cheiro; dificuldade e ardor em urinar e ao mesmo tempo aumento na vontade de urinar, mas com pouca quantidade de urina.

Geralmente a uretrite do tipo não gonocócica é assintomática, isto é, não gera sintomas, porém, quando se manifestam, normalmente incluem corrimento esbranquiçado, em pequena quantidade e surgindo especialmente após urinar, ardor miccional e coceira na uretra.

Homens e mulheres podem desenvolver uretrite, porém seus sintomas também variam de acordo com o sexo. Assim, além dos sintomas gerais das ITUs e os sintomas específicos relativos ao tipo de bactéria que infecta a uretra, as mulheres podem também apresentar dor durante a relação sexual e dor de estômago.

Da mesma forma, homens diagnosticados com uretrite podem apresentar sinais e sintomas específicos, como sangue na urina ou no sêmen, ejaculação dolorosa, inchaço no pênis e linfonodos aumentados na região da virilha, que são uma resposta local ao processo infeccioso.

TRATAMENTOS DA URETRITE

O diagnóstico inclui avaliação do histórico de reincidência da doença, histórico familiar, exame clínico e exames de sangue e urina.

O exame clínico observa se há alterações anatômicas visíveis, como inchaço do pênis, dores abdominais gerais específicas no baixo ventre das mulheres, já que a uretra nas mulheres é anatomicamente internalizada. Já os exames laboratoriais incluem hemograma e urinocultura completos, teste de proteína C reativa, testes para verificar se há ISTs, como gonorreia ou clamídia.

O tratamento é feito, então, por antibióticos com base na identificação da bactéria que causou a uretrite, associado ao uso de anti-inflamatórios para alívio dos sintomas durante o tratamento. Nos casos em que a uretrite é um dos sintomas da infecção por ISTs, como gonorreia e clamídia, o tratamento deve incluir seu tratamento, já que é onde situa-se a origem da uretrite.

O não tratamento das ISTs pode ainda levar a infecção para outros órgãos, inclusive reprodutivos, danificando seu funcionamento. A negligência desses tratamentos pode, inclusive, resultar no desenvolvimento de DIP (doença inflamatória pélvica) nas mulheres e de prostatite nos homens, ambas com potencial de gerar, respectivamente, infertilidade feminina e infertilidade masculina.

As mulheres têm aumentados, ainda, os riscos de gravidez ectópica (fora do útero) e abortos de repetição como consequência das sequelas de ISTs não tratadas. Nesses casos, aconselha-se recorrer ao uso das técnicas de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro).