Psiquiatra aponta os sintomas e pede por uma maior conscientização do transtorno. Saiba também como a atividade física pode ajudar nesses casos

A gravidez é um momento de grandes mudanças na vida da mulher, sendo elas físicas e emocionais. A vinda de um novo membro da família muitas vezes dá um frio na barriga da mãe, o que é normal, principalmente para uma mãe de primeira viagem. No entanto, é preciso ficar atento, pois este também é período de cuidado com a gestante e futura mamãe. É nessa fase que algumas mulheres desenvolvem a depressão, que pode trazer consequências graves para a mãe e posteriormente para o bebê.

A depressão é um problema grave no Brasil, considerado o segundo país nas Américas com mais pessoas que sofrem com o transtorno (aproximadamente 11,5 milhões de casos). Já a depressão pós-parto atinge uma em cada quatro mães. Para a médica psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr), Renata Nayara Figueiredo, o emocional da mulher precisa de um acompanhamento antes, durante e após a gestação. “É muito importante a mãe se preparar para esse período gestacional e saber equilibrar o ambiente em que vive”, complementa.

Situações gatilho

Renata explica que a mãe deve evitar ao máximo o estresse e emoções negativas, para não afetar o desenvolvimento do bebê. “Estresse e as emoções da mãe provocam uma série de reações hormonais e variações no fluxo sanguíneo no útero, o que influencia diretamente o meio intrauterino”, acrescenta. A depressão da mãe durante e após a gravidez pode resultar em uma dificuldade no controle do comportamento ao longo da infância do bebê, além de aumentar a probabilidade de se desenvolver distúrbios psiquiátricos e psicológicos na vida adulta.

De acordo com a médica, as emoções da mulher têm um impacto direto sobre o sistema nervoso fetal. Assim, elas podem afetar o bebê a ponto de resultar em prejuízo das funções motoras e menor aptidão para a aprendizagem. “Além disso, pode interferir na capacidade de lidar com o estresse e com situações novas até muito tempo depois do nascimento”, complementa. Ela ainda diz que a depressão pode aumentar o risco de um parto prematuro e baixo peso da criança ao nascer.

E as consequências de uma depressão durante a gravidez ou pós-parto não se restringe só ao bebê. A depressão aumenta a morbidade materna e pode desencadear pensamentos suicidas.

Sintomas

Segundo a psiquiatra, os sintomas da depressão pós-parto podem se iniciar antes do parto, mas são muitas vezes negligenciados, e continuam a ser após o nascimento da criança, já que as atenções estão voltadas para o seu cuidado.

Entre os principais sintomas, estão a ansiedade, mudança de humor, choro fácil, irritabilidade, sensação de cansaço e concentração reduzida. “A mulher ainda pode ter problemas de apetite e para dormir, além de ter uma preocupação excessiva com o filho ou negligenciá-lo”, explica Renata. Ainda, é comum o medo exacerbado de não conseguir cuidar da criança, dificuldade de desenvolver uma ligação amorosa com o bebê e o afastamento da família e dos amigos.

“A mulher pode ainda sentir-se inútil, culpada e se envergonhar por causa da sua condição”, fala Dra. Renata. A especialista ressalta que é importante informar a população sobre esse transtorno e os seus sintomas, para acabar com o estigma e evitar situações drásticas, como morte da mãe e/ou do bebê.

Como tratar?

A principal forma de tratamento da depressão é com sessões de psicoterapia e acompanhamento com um psiquiatra. No entanto, esses profissionais recomendam outras atividades como terapias complementares. Um exemplo, é a prática de exercícios físicos.

O professor de musculação da rede de academias Evolve, Magno Souza, diz que o exercício físico feito de forma controlada e programada é muito importante para mulheres gestantes. “A atividade física pode reduzir o risco de doenças como diabetes mellitus gestacional, hipertensão e depressão”, cita.

Além dos benefícios citados, Magno acrescenta que a prática ajuda a reduzir dores nas costas, promove ganho de peso saudável, aumenta as chances de um parto normal ou um parto cesariano sem intercorrências. Ele ressalta que existem evidências consistentes que mostram uma redução de sintomas de ansiedade e depressão, melhora no sono e do bem-estar emocional, além de alívio de estresse e tensão no dia a dia, em gestantes que praticam exercícios. “Isso acontece porque a prática constante de atividades físicas libera neurotransmissores, como serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de prazer e bom humor”, conclui o educador físico.

Fonte: Divulgação