Para o mês de julho, as projeções vêm apontando para um padrão médio mais seco e quente, especialmente no Centro-Sul. Saiba aqui os motivos e padrão climático semanal.

O mês de julho é caracterizado pelas chuvas nos extremos norte, leste e sul do país, bem como pelas temperaturas baixas ocasionadas pela incursão das massas de ar polar. Essa combinação de frio e umidade, pode resultar em eventos de neve, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, como os que ocorreram no início desta semana.

No entanto, as projeções apontam para um padrão médio predominante mais seco e quente em boa parte do país. Qual seria a razão disso? Essa condição acontece todas as semanas? Aqui explicamos os principais fatores influentes e mostramos o padrão de cada semana do mês.

Principais fatores climáticos: Oscilação Antártica, Madden-Julian e Atlântico Sul

A Oscilação Antártica (AAO) ou Modo Anular Sul (SAM) afeta basicamente a frequência de atuação dos sistemas de chuva no Centro-Sul do país. Assim, quando a AAO se encontra positiva ou em uma tendência positiva, um padrão mais seco é esperado. Para o caso negativo, se observa um aumento da umidade.

Assim, ao se observar a projeção do SAM até o final do mês vemos um comportamento bastante positivo durante a primeira quinzena, o que sinaliza para um período mais seco e relativamente mais quente. Já a tendência negativa posterior, passa a ideia, de que mesmo atuando positivamente, haverá um retorno da passagem de sistema frontais, principalmente na transição para agosto, proporcionando o retorno das chuvas para a Região Sul.

A oscilação de Madden-Julian (MJO), influencia boa parte do país, com maior intensidade na porção Centro-Norte. Na primeira quinzena a MJO atua sobre duas fases segundo o modelo GFS: a 4 e a 5. O modelo ECMWF já mostra um sinal mais fraco nessas fases. De qualquer forma, ambas as fases sinalizam para um padrão mais seco no Centro-Leste. Caso ocorra a fase 4, pode haver um aumento da umidade nos próximos dias na Região Sul, mas sem um SAM favorável, não há expectativa de chuvas expressivas e bem distribuídas.

No caso do oceano Atlântico Sul, o que salta aos olhos são as águas mais aquecidas ao sul e na altura do Nordeste, e mais fria entre as regiões Sul e Sudeste. Esse padrão mais frio acaba por desfavorecer a ocorrência de chuvas, proporcionando um comportamento mais irregular. Caso houvesse um aquecimento, a precipitação ocorreria de forma mais persistente, como é o no caso do extremo norte do país e no leste do Nordeste, onde são esperado volume dentro ou acima da média.

Resumo da influência dos fatores climáticos

Com base no que foi discutido acima, pode-se esperar uma primeira quinzena de julho mais seca e com maior amplitude térmica, com manhã e noites frias e calor ao longo do dia, nas regiões Sul e Sudeste e metade sul do Centro-Oeste. Já na segunda metade do mês, as chuvas voltam a ocorrer, porém de forma irregular. Maior probabilidade de serem abrangentes e intensas na transição para agosto.

Previsão semanal do modelo ECMWF

A projeção semanal do modelo europeu ECMWF mostra bem o comportamento esperado pela influência dos padrões climáticos apresentados anteriormente. Durante a primeira quinzena, as anomalias negativas correspondem ao padrão seco predominante em boa parte do país, com chuvas concentradas no extremo norte e leste do país.

As temperaturas se mantêm relativamente mais baixas no Centro-Norte do país, uma vez que ainda há influência da massa de ar polar que se encontra no oceano, transportando umidade e ar frio. No Centro-Sul, as anomalias apontam para um período mais quente.

Na segunda metade do mês, as anomalias diminuem de intensidade, tanto as positivas quanto as negativas, para ambas as variáveis, representando uma mudança de padrão, com sistemas frontais e massa de ar frio voltando a atuar. No entanto, não são esperados eventos intensos como os observados nas duas últimas semanas.

 

Fonte: Tempo