17 coisas que se deve fazer em Lanzarote

Visitei Lanzarote em família, incluindo duas crianças de quatro e doze anos. Por isso mesmo, o meu roteiro de 7 dias em Lanzarote teve imensas atividades mas a um ritmo relaxado; e incluiu não apenas muitas praias, mas também alguns museus, uma caminhada, passeios de carro e muito tempo para aproveitar a paisagem vulcânica da ilha.

Saí de Tenerife com a certeza de ser uma ilha perfeita para os amantes do trekking mais exigente, já de Lanzarote saí com a sensação de ser uma ilha menos voltada para a Natureza. Pareceu-me, por assim dizer, um destino para todo o tipo de viajantes. Dos veraneantes compulsivos àqueles que buscam um pouco de cultura, outro tanto de arquitetura e uma pitada de praia. Eclético, portanto.

Neste artigo, venho então sugerir o que fazer em Lanzarote encontrando um equilíbrio que permita uma viagem agradável e interessante para todos os elementos da família. Eis, pois, as minhas sugestões de locais imperdíveis a visitar em Lanzarote.

O que fazer em Lanzarote

Mirador del Río

Tal como o nome indica, o Miradouro do Rio é um miradouro com vista para a ilha La Graciosa, uma das mais pequenas das Canárias e que integra o chamado Arquipélago Chinijo. E de nenhum outro local a vista sobre a Graciosa é tão majestosa como dos varandins idealizados por César Manrique no Miradouro do Rio.

Uma vez estacionado o carro, nada prepara o visitante para o edifício quase invisível que se encontra por detrás de uma fachada brilhantemente disfarçada na pedra vulcânica. Uma simbiose perfeita entre a arquitetura e a paisagem natural de Lanzarote. É lindo; é poderoso. É Manrique em todo o seu esplendor.

Mesmo não sendo especialista em arquitetura, tenho para mim que o Miradouro do Rio é uma das mais emblemáticas obras de César Manrique em Lanzarote.

Praia do Papagaio

Encravada entre falésias, a Praia do Papagaio é uma praia incrivelmente atrativa. Fica perto de Playa Blanca, no extremo sul de Lanzarote, e o acesso faz-se através de uma estrada em muito mau estado que, seguramente, afasta muitos (mas não todos!) potenciais veraneantes.

As águas eram cristalinas e quase sem ondas, com tons a fazerem lembrar as águas do Adriático. O areal pequeno mas bonito e de areia relativamente fina. E, no topo da escarpa, dois bares de praia que serviam de apoio aos banhistas com comidas, gelados e bebidas – e um local para se protegerem do sol.

Tudo somado, tenho para mim que a Praia do Papagaio é a melhor praia de Lanzarote. É, por isso mesmo, presença obrigatória em qualquer lista com sugestões sobre o que fazer em Lanzarote.

Jameos de Água

Outra obra-prima de César Manrique, Jameos de Água é mais um espaço perfeitamente integrado na anarquia espacial das rochas vulcânicas que dominam a paisagem de Lanzarote. Trata-se de um espaço belíssimo com uma valência surpreendente: inclui um extraordinário auditório “natural” – passe a contradição!

Não tem de estar no topo das suas prioridades, mas vale com toda a certeza a visita.

Visitar o mercado de Haría (sábado)

Haría é uma das localidades mais bonitas de Lanzarote. Rural e tradicional, com casas caiadas de branco rodeadas de campos de lava, Haría é um lugar tão tranquilo quanto autêntico; e até vibrante à sua maneira! Especialmente ao sábado, quando decorre um pequeno mas animado mercado de rua.

Pela minha parte, sou fã de povoações como Haría. Não por acaso, foi onde me hospedei em Lanzarote; e estou certo ter sido a melhor escolha (para o meu estilo de viagem).

Casa José Saramago

José Saramago é o mais afamado escritor português; e o único até hoje a receber o Prémio Nobel da Literatura. A casa de Lanzarote onde viveu, trabalhou e morreu está, hoje em dia, transformada na Casa-Museu José Saramago. Fica na pequena povoação de Tias e, como não poderia deixar de ser, fui visitá-la.

A visita é guiada por um espanhol entusiasta da obra de José Saramago. Fala do escritor português e da sua mulher, Pilar del Rio, com enorme ternura e conhecimento. Um momento muito enriquecedor que recomendo vivamente (até os miúdos gostaram!). É mais uma experiência a incluir nas coisas a fazer em Lanzarote.

A Casa José Saramago tem site oficial em www.acasajosesaramago.com.

Centro de Visitantes e Interpretação de Mancha Blanca (Timanfaya)

Visitar o Centro de Visitantes e Interpretação de Mancha Blanca, já no Parque Nacional de Timanfaya, foi o momento alto de um dia em tons de lava.

Educativo e informativo, o centro explica os fenómenos vulcanológicos que ocorreram em Lanzarote, através de painéis com infografias muito bem conseguidas. Há também um filme em exibição quase contínua, que gostei muito de ver.

A parte menos bem conseguida foi, para mim, curiosamente, um dos mais mediáticos atrativos do centro: um espaço subterrâneo que alegadamente simula uma erupção vulcânica. Honestamente, não achei nada de emocionante. Tudo o resto, adorei! Para quem quer conhecer um pouco da história vulcânica de Lanzarote, é de visita obrigatória. De preferência antes de se meter no dispensável tour de autocarro em Timanfaya.

Caminhada ao Vulcão do Corvo

Tenho um filho com quatro anos que é fascinado por vulcões. Quando soube que havia vulcões em Lanzarote, ficou imediatamente entusiasmado com a ideia de conhecer a ilha. “Mas os vulcões estão acordados?”, perguntou, na esperança de poder ver um vulcão a jorrar lava.

Fazer o pequeno trilho do Vulcão do Corvo foi uma forma de lhe permitir aproximar-se da cratera de um vulcão; e, mais do que isso, de entrar nela. O passeio pelos campos de lava, circundando a cratera, é incrivelmente bonito; e não tem qualquer dificuldade (para além da ausência de sombra). Foi das melhores coisas que fizemos em Lanzarote!

Cueva de los Verdes

A Cueva de los Verdes surgiu após a erupção do Vulcão de la Corona, e, nas palavras dos CACT – Centros de Arte, Cultura e Turismo de Lanzarote, é “uma das mais impressionantes maravilhas ocultas nas profundezas de Lanzarote”.

“Não há muitos lugares que reúnam tantas áreas de interesse para o património cultural e natural de Lanzarote como a Cueva de los Verdes, uma gruta ímpar de aparência mitológica, cheia de lendas e uma paisagem bela e extraordinária”, in CACT.

Para ser honesto, tinha algum receio que o meu filho mais pequeno (quatro anos) tivesse medo; mas nada disso aconteceu. A visita à gruta foi interessante e bem humorada, embora com um grupo demasiado extenso para o meu gosto. É “uma jornada ao centro da Terra” com lugar cativo na minha lista de coisas a fazer em Lanzarote!

Jardim dos Cactos

Último projeto de César Manrique em Lanzarote, o Jardin de Cactus é um espaço único e fascinante. Fica na povoação de Guatiza e alberga cerca de 4.500 exemplares de 450 espécies distintas de cactos e plantas suculentas.

A integração dos edifícios com o ambiente natural envolvente é dos aspetos mais marcantes da obra arquitetónica de César Manrique. E no Jardim dos Cactos isso é evidente. Tal como noutros projetos do artista das Canárias, visto do exterior dificilmente se imagina o que o interior esconde numa espécie de anfiteatro. Isto, claro está, para além do icónico e sobranceiro moinho de vento – cujo caiado contrasta de forma soberba com o negro da pedra.

É mais uma visita indispensável.

Fundação César Manrique

A Fundação César Manrique foi instalada na casa onde o artista vivia e trabalhava. Foi construída sobre os campos de lava de Tahíche, em mais um exemplo da perfeita harmonia entre o edifício e a Natureza.

A mim chamou-me a atenção a forma como a casa está “encaixada” na lava; os espaços comuns que parecem escavados na rocha vucânica; e a espetacular zona exterior onde pontifica uma pequena piscina. Tudo deslumbrante e incrivelmente harmonioso.

Vinhas em La Geria

A paisagem vinhateira de La Geria é única e é visualmente surpreendente. Para quem aprecia, como eu, regiões vitivinícolas como o Douro Vinhateiro ou a ilha do Pico, é um deleite constatar que, apesar de haver tantas formas diferentes de produzir vinho, em todas elas é a paixão dos homens que transforma a atividade em arte.

A forma como as vinhas de La Geria são construídas para suportar os elementos naturais (como o vento) é arte pura. E são incrivelmente belas. Recorro novamente a palavras emprestadas:

“Como pode a seca ilha de Lanzarote produzir os seus excelentes vinhos brancos e doces? A resposta é a ‘geria’, um buraco cónico escavado em camadas naturais de cascalho vulcânico de vários metros de profundidade, no centro do qual se planta uma videira, e em cuja borda se coloca uma meia-lua de rochas como proteção contra o vento. Fileira após fileira destes perfeitos espaços ocos tingidos de verde, ocre e preto produzem uma paisagem única no mundo, que ajudou a justificar a declaração de Lanzarote como Reserva da Biosfera por parte da UNESCO.”

Magia pura!

Punta Mujeres

Punta Mujeres é uma pequena povoação piscatória localizada no norte de Lanzarote. Fica muito perto de duas grandes atrações de Lanzarote (Cueva de los Verdes e Jameos de Água) e, por isso, é facilmente visitável.

Para além das casas de pescadores (algumas transformadas em alojamento local – cheguei a ponderar ficar numa delas), Punta Mujeres tem umas piscinas que, ao que consta, são muito boas para banhos. Infelizmente, em todas as vezes que por lá passei estava maré cheia e forte ondulação, pelo que nada aconselhável para nadar (e muito menos com crianças).

Seja como for, foi a atmosfera de aldeia piscatória que me atraiu em Punta Mujeres. Não deixe de a conhecer durante a sua viagem a Lanzarote.

Museu Mara Mao

Seguramente a atração mais bizarra desta compilação de ideias para fazer em Lanzarote, o chamado Museu Mara Mao é algo praticamente inenarrável. Uma compilação de estátuas, objetos como bonecas mórbidas ou velhos ecrãs de computador, e uma inesgotável liberdade criativa difícil de entender.

O museu está, na verdade, encerrado ao público. Mas a maioria das “obras de arte” estão expostas no exterior do edifício, visíveis da rua. Eu, pela minha parte, e apesar das limitações de compreensão de locais como este, aprecio conhecer o trabalho fora da caixa de mentes criativas. Por isso recomendo Mara Mao. É ver para crer.

Charco Verde (El Golfo)

O Charco Verde, também conhecido como Charco de los Clicos, é uma curiosidade paisagística localizada na praia de areia preta de El Golfo, perto de Yaiza.

Trata-se da cratera de um antigo vulcão que, ao submergir parcialmente no oceano, deu origem a um pequeno lago de cor verde (ao que consta, fruto de algas que habitam o fundo). É um belíssimo contraste cromático, avistável a partir do chamado miradouro de El Golfo.

Salinas de Janubio

Com uma paisagem classificada como “de alto valor arquitetónico e cultural”, as salinas de Janubio estão instaladas junto ao mar, numa lagoa criada por erupções vulcânicas que originaram uma barreira de lava frente ao mar.

As salinas de Janubio foram construídas em finais do século XIX e, ao longo dos tempos, foram sempre um elemento essencial para a economia de Lanzarote. Quanto mais não seja por serem as salinas mais extensas das Canárias.

Nos dias de hoje continuam a produzir o chamado “ouro branco”, embora o potencial turístico não seja negligenciável. Para vislumbrar as salinas em todo o seu esplendor visual, tente visitá-las (ou pelo menos observá-las da estrada) ao entardecer.

Praia Caletón Blanco

Tal como acontece noutras ilhas das Canárias, como Tenerife, os visitantes tendem a ignorar o lado norte da ilha, centrando a sua estadia nas estâncias balneares do sul. Fazem muito mal.

Acontece que Caletón Blanco é uma das melhores praias de Lanzarote; especialmente para quem viaja com crianças. Trata-se de uma pequena praia perto de Órzola, no extremo norte da ilha, muito bonita e de fácil acesso.

A proximidade de Haría, uma das melhores povoações onde dormir em Lanzarote; a ausência de multidões; o charme provocado pela envolvência rochosa; e as águas tranquilas das piscinas naturais formadas na maré baixa, que permitem aos miúdos brincarem em segurança, fizeram com que a visitasse mais do que uma vez durante o meu roteiro em Lanzarote.

Praia de Famara

A praia de Famara não é uma praia como as outras. Esqueça as famílias na água a nadar e pense em… vento. Muito vento. A toda a hora. De tal forma que, não sendo boa para nadar, é a melhor praia de Lanzarote para os amantes da prática de surf, kitesurf e windsurf. O paraíso dos surfistas.

Dito isto, o areal da praia de Famara é dos mais longos da ilha, e a envolvência paisagística faz compensar a viagem. Está localizada dentro do Parque Natural do Arquipélago Chinijo, entre a aldeia de La Caleta de Famara e a base do imponente penhasco de Famara.

Tudo somado, é outra das praias de Lanzarote que vale mesmo a pena conhecer.

Mapa das principais atrações de Lanzarote

Nota: esta lista sobre o que fazer em Lanzarote não inclui aquela que é, muito provavelmente, a atração mais badalada da ilha. E o motivo é simples: para mim, visitar Timanfaya de autocarro com mais 50 pessoas é uma experiência horrível. Deixem-me ir a pé, como no Parque Nacional do Teide, em Tenerife, e eu serei o primeiro a recomendar.