Com grande incidência no Brasil, o diagnóstico e o tratamento da doença foram prejudicados devido a pandemia
Segundo tipo de câncer mais comum em mulheres e terceiro em homens, o câncer de intestino (cólon e reto) é cada vez mais incidente na população brasileira. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa era de 40.990 novos casos em 2020. Por isso, e para conscientizar as pessoas sobre a importância de ações preventivas contra a doença, a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) criou o Setembro Verde.
Com tratamento e, na maioria dos casos, curável, o câncer de intestino precisa ser detectado precocemente, explica a coloproctologista do Hospital Anchieta de Brasília, Aline Amaro. “Grande parte desses tumores surge de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso”, acrescenta a Dra. Aline.
Sintomas
A importância de um diagnóstico precoce se dá por se tratar de um câncer silencioso. “Ele se torna sintomático em estágios mais tardios, gerando poucos sintomas em fases iniciais”, comenta a Dra. Aline.
Segundo a coloproctologista, os principais sintomas são sangramento nas fezes, alterações do hábito intestinal, alteração do formato das fezes, dores abdominais, anemia, perda de peso sem causa aparente e massa abdominal palpável. “É importante ressaltar que na maior parte das vezes esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias”, ressalta.
Diagnóstico, fatores de risco e prevenção
O diagnóstico é realizado principalmente pela colonoscopia. “O exame permite ao médico visualizar a parte interna do intestino para ver se há câncer ou pólipos que podem se transformar em câncer”, esclarece a coloproctologista. Caso seja localizado um pólipo, ele é retirado e passa por uma biópsia, diminuindo a ocorrência de câncer.
A idade ideal para se iniciar o monitoramento frequente do câncer é com 45 anos. Isso porque um dos fatores de risco é estar acima de 50 anos. “O histórico familiar, obesidade e uma alimentação pobre em fibra e rica em alimentos industrializados e carne vermelha, são também fatores de risco”, complementa a Dra. Aline.
A coloproctologista explica que a melhor forma de prevenir o câncer de intestino é com uma vida saudável. “Evitar tabagismo e o sobrepeso, além de praticar regularmente atividades físicas e manter uma alimentação saudável, podem contribuir para a prevenção desse tipo de câncer”, frisa.
Efeito da pandemia
A Dra. Aline ressaltou que a preocupação no último ano com o câncer aumentou. “Mesmo sem acabar, acredita-se que a pandemia está influenciando diretamente nos resultados oncológicos como consequência de apresentação tardia e dificuldade em fornecer investigação diagnóstica e tratamento”, explica a médica.
Ela ainda ressalta que a sobrecarga de hospitais e o grande número de pacientes infectados com covid em locais de exame, tem afastado pacientes com suspeitas de câncer. “Isso gera um impacto direto nos diagnósticos precoces, porque muitos pacientes têm medo de realizar os exames e acabarem se infectando”, conclui Dra. Aline.