Já ouviu falar em narcisismo? A característica se dá por um olhar de grandiosidade para si mesmo e com autoestima extremamente elevada.

Mas, o narcisismo não necessariamente é algo ruim. “Ele é importante em uma fase da nossa vida, quando a gente é bebê e começamos a nos diferenciar do outro. A gente descobre que não somos a nossa mãe e passamos a nos amar. Então, a gente tem uma fase narcisista que é importante no nosso desenvolvimento, mas é uma fase e ela deve ficar para trás”, introduz Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

Se não ficou, aí sim temos o transtorno de personalidade narcisista, que é uma patologia. “É uma pessoa que se sente acima dos outros, mais importante e julga seus feitos superiores. Estão sempre precisando de aprovação geral, então gostam de serem elogiados o tempo todo – além de acreditarem serem únicos, demandando uma admiração excessiva e até um tratamento especial”, diz Danielle. Mas, não só: uma pessoa narcisista também busca inferiorizar outras e, geralmente, tem dificuldade em sentir empatia pelo outro.

Relacionamento narcisista: o que é? Como identificar? E como sair?  (Foto: Getty Images/fStop)
Relacionamento narcisista: o que é? Como identificar? E como sair? (Foto: Getty Images/fStop)
Relacionamento narcisista

Para Danielle, uma pessoa narcisista se relaciona com o outro sempre por meio da inveja – ou achando que as pessoas o invejam ou ele invejando o outros. “Normalmente, não é fácil se relacionar com pessoas com transtorno de personalidade narcisista. Eles têm relacionamentos mais superficiais e pouco duradouros. É uma relação sempre desigualdade.”

Dito isso, o que acontece em um relacionamento narcisista? Ou seja, naquele em que pelo menos uma das pessoas da relação possui o transtorno? “A pessoa que se relaciona com alguém narcisista costuma ser inferiorizada o todo o tempo, o que pode acarretar questões de autoestima, sentimento de solidão, instabilidade emocional e pode até mesmo suscitar o isolamento dessa pessoa de seu círculo habitual de amizades, uma vez que o narcisista irá exigir que este parceiro dê sempre mais atenção para ele do que aos demais”, explica Bettina Correa, psicóloga do Grupo de Telemedicina Iron.

Porém, se a pessoa que se envolve com o narcisista tem uma característica psíquica mais estruturada, o relacionamento não dura. “Eu sempre falo que o relacionamento depende de duas pessoas. Se, de um lado, a gente tem uma pessoa narcisista e, do outro, alguém com uma estrutura psíquica bem elaborada, a pessoa vai cair fora. Agora, se a gente encontra uma estrutura complementar, que é alguém com autoestima baixa, daí sim esse relacionamento continua – com um cada vez mais para cima e o outro cada vez mais para baixo”, ressalta Danielle.

Além das características que mencionamos acima, algumas atitudes como a não permissão para se ter voz ativa dentro do relacionamento e ações que visam somente o benefício próprio podem indicar que se está em um relacionamento narcisista. Porém, Bettina alerta: “É fundamental consultar um profissional para auxiliar essa identificação”. Conversar com amigos e familiares da sua confiança também é importante. “Ter uma rede de apoio pode facilitar bastante esse processo”, indica a psicóloga.

Danielle também reforça que o relacionamento narcisista não se dá apenas em relações afetivas. “A gente pode pensar também em um chefe, um líder que adora ser admirado – e ele tem do outro lado quem o admira, o que chamamos de ‘puxa saco’. Sempre tem os dois lados, não é uma solução única”, diz. Por fim, a psiquiatra alerta que não existe medicação para transtornos de personalidade: “Temos que pensar na terapia para essa pessoa. Ou a psíquico terapia, para tentar trabalhar que fase essa pessoa ficou e em que local essa pessoa se coloca no mundo, ou a cognitiva comportamental”, finaliza.

 

Fonte: Revistaglamour