Em 2019, último ano antes da pandemia, 15 milhões de turistas visitaram unidades de conservação no Brasil. O número representa um aumento de 300% em relação aos 13 anos anteriores, revelando um crescente interesse pelo turismo em áreas naturais, conforme demonstra um estudo elaborado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, lançado recentemente.
“Ainda que fortemente impactado pela pandemia, o turismo é capaz de se recuperar rápido e uma grande potência para contribuir com o chamado ‘recomeço verde’ e a nova economia global”, aponta Emerson Oliveira, gerente de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário.
Entre as oportunidades de desenvolvimento de novos roteiros de visitação responsável estão os destinos localizados na costa brasileira que não se restringem ao turismo de sol e praia. O Brasil possui uma combinação de locais com a integração entre praias, rios e florestas, com biodiversidade ímpar que certamente pode gerar experiências marcantes para turistas do Brasil e do exterior.
“Além disso, sempre há aspectos culturais e socioeconômicos envolvidos nas viagens. É possível desenvolver roteiros de base comunitária, gerando renda para as comunidades do entorno e sempre respeitando seus interesses”, frisa Ginessa Correa, gestora da Reserva Natural de Salto Morato, localizada no litoral paranaense.
Turismo em áreas naturais
Com 7.637 quilômetros de litoral e mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados de área costeira e oceânica sob sua jurisdição, o Brasil abriga grande número de espécies de flora e fauna marinha. Extensos estuários, lagoas costeiras e manguezais compõem paisagens naturais que também contam com três mil quilômetros de recifes de coral.
Atualmente, cerca de 25% da área marinha brasileira é protegida por unidades de conservação, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Entre as unidades marinhas costeiras mais visitadas, entre 2016 e 2020, estão o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará, que recebeu 4,3 milhões de visitantes; a Reserva Marinha do Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro (3,8 milhões); a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, em Santa Catarina (3,3 milhões); o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (2,1 milhões) e a Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, ambas em Pernambuco (1,2 milhão).
Apesar do aumento nas visitações nos últimos anos, o turismo em áreas naturais ainda tem grande espaço para crescimento econômico. O país possui 334 unidades de conservação em todo o território, mas uma pequena parte conta com infraestrutura adequada para visitação.
O destino dos turistas ainda é bastante concentrado, já que somente os três parques nacionais mais populares – Parque Nacional da Tijuca (RJ), Parque Nacional do Iguaçu (PR) e Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ e SP) – foram responsáveis por 67% do total das visitas em 2019.
Entre os destinos ‘instagramáveis’ mais desejados pelos turistas – seguindo as previsões do setor que aposta em um turismo regionalizado – estão unidades de conservação sem que os turistas se deem conta de que são áreas naturais protegidas por leis.
É o caso da APA da Baleia Franca, em Santa Catarina, que não contabilizava seus visitantes e, desde que estabeleceu o monitoramento, atingiu a marca de 3,3 milhões de visitas ao longo de seis meses de 2020, em plena pandemia.
O turismo ainda é realizado principalmente em unidades de conservação próximas a grandes cidades, com atrativos de destaque, acesso facilitado, rede hoteleira e serviços.
“Viabilizar condições mínimas de infraestrutura em áreas naturais é uma estratégia fundamental para alavancar o turismo no Brasil, distribuir melhor a visitação, gerar renda para as comunidades locais e chamar atenção para a conservação do patrimônio natural do País”, explica Oliveira.
Fonte: Melhoresdestinos