Governador Ibaneis Rocha (MDB) durante solenidade de entrega da UPA do Riacho Fundo II, nesta quinta-feira (18) — Foto: Reprodução

Governador Ibaneis Rocha (MDB) durante solenidade de entrega da UPA do Riacho Fundo II, nesta quinta-feira (18) — Foto: Reprodução

No segundo ano consecutivo da Covid-19, 2021 começou para o governador Ibaneis Rocha (MDB) com promessas de flexibilização das medidas de distanciamento social. No entanto, o aumento dos casos, dos óbitos e a alta ocupação dos leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), fizeram o chefe do executivo transitar entre idas e vindas de decretos.

Ibaneis começou o ano decretando “lockdonw” e toque de recolher. Mas a chegada das vacinas trouxe esperança, e 2021 termina com brasilienses recebendo as doses de reforço quatro meses após a segunda aplicação do imunizante e o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços abertos.

A taxa de transmissão segue abaixo de 1, ou seja, em queda, e o sistema de saúde público está mais desafogado, no que diz respeito à pandemia. Veja abaixo, mês a mês, os principais fatos que marcaram o ano no Distrito Federal, a partir das decisões do Palácio do Buriti.

JANEIRO

O ano começou de uma forma nada agradável para o governador Ibaneis Rocha (MDB). Um estelionatário se passou pelo chefe do Executivo local e tentou aplicar vários golpes em seu nome.

O criminoso chegou a clonar a agenda do celular pessoal do emedebista e usou os dados para pedir dinheiro aos contatos dele. O homem, de 28 anos, foi preso pela Polícia Civil, no dia 4 de janeiro, horas após Ibaneis denunciar a suspeita de clonagem de sua agenda pessoal.

Segundo os investigadores, o criminoso trabalhava como vigilante de escolta armada e foi localizado em Goiânia (GO). Ele foi identificado porque participava de outros golpes parecidos, pedindo dinheiro pelo WhatsApp.

Por outro lado, o início do ano trouxe um respiro para o GDF, com o início da vacinação contra a Covid-19. Na primeira fase, foram imunizados os idosos e deficientes que vivem em instituições de acolhimento, indígenas e profissionais da saúde que trabalham na linha de frente contra a doença, nas redes pública e privada.

Com o passar das semanas e a chegada de mais doses dos imunizantes, o GDF ampliou o atendimento para toda a população. O ano termina com pessoas acima de 12 anos podendo ser vacinadas e a dose de reforço aplicada quatro meses após a segunda dose da vacina.

FEVEREIRO

Fevereiro foi marcado por mudanças nos decretos de isolamento social por conta da disseminação da Covid-19. O governador Ibaneis Rocha acenou com medidas de isolamento rígido na capital, caso a situação se agravasse.

A decisão foi anunciada em uma reunião com prefeitos do Entorno do DF, após o surgimento de novas variantes do coronavírus. O GDF manteve alguns serviços considerados não essenciais suspensos em toda a capital.

Mas, ainda em fevereiro, Ibaneis começou a flexibilizar as medidas impostas aos setores do comércio e serviços. No dia 27, ele liberou o funcionamento de bancos, parques, da indústria, atividades administrativas do Sistema S e o curso de formação de policiais e bombeiros.

Governadores do DF e de Goiás trocam farpas

Governadores do DF e de Goiás trocam farpas

À época, com o aumento do número de infectados, subiu também a ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no DF e no Entorno. Ibaneis fechou um acordo com prefeitos goianos para que parte dos recursos para manutenção dos leitos viesse para Brasília, já que a maior parte dos pacientes internados nessas unidades no DF vinham de cidades vizinhas.

No entanto, as UTIs da rede pública de saúde lotavam cada vez mais. Para controlar a ocupação de leitos no DF, Ibaneis ameaçou fechar a divisa do DF com Goiás.

O tom do do emedebista não agradou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que apontou a fala de Ibaneis como “falta de empatia e respeito pela vida”. O GDF, então, divulgou uma nota afirmando que não havia plano elaborado para o fechamento das divisas.

Os dois governadores, porém, continuaram trocando farpas.

Governador do DF e de Goiás trocam farpas

Governador do DF e de Goiás trocam farpas

Com os números da doença em alta no DF e os leitos de UTI cada dia mais ocupados, Ibaneis manteve a suspensão de diversas atividades até 15 de março. Indignados, empresários de setores considerados não essenciais fizeram uma manifestação contra as medidas de restrição que fecharam bares, restaurantes, lojas, escolas e outros serviços no DF em frente à casa do governador.

Os manifestantes fizeram carreata no Lago Sul e seguiram a pé até a casa de Ibaneis. O ato durou cerca de uma hora.

MARÇO

Um dos meses mais críticos no DF durante a pandemia, março foi movimentado com idas e vindas das decisões do GDF. Inicialmente, o governador decidiu flexibilizar algumas medidas de restrições contra a Covid-19, mas, dias depois, decretou o toque de recolher.

  • Ibaneis decreta toque de recolher entre 22h e 5h no DF, a partir desta segunda (08/03)

decreto mantinha as atividades consideradas não essenciais suspensas. A retomada seria a partir do dia 15 de março.

A medida virou alvo de críticas do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Durante videoconferência com parlamentares da Frente da Micro e Pequena Empresa, Bolsonaro classificou as restrições como estado de sítio e disse que apenas ele, na condição de presidente da República, poderia tomar essa decisão, mediante consulta ao Congresso Nacional.

Governador Ibaneis Rocha e presidente Jair Bolsonaro  — Foto: TV Globo/Reprodução

Governador Ibaneis Rocha e presidente Jair Bolsonaro — Foto: TV Globo/Reprodução

Ibaneis rebateu as críticas e, nas redes sociais, disse que tinha “apreço e respeito” por Bolsonaro, mas que “desta vez”, discordava do presidente. “O DF está sim com restrição na mobilidade das pessoas a partir de 22h por uma medida sanitária. O objetivo é claro, reduzir a disseminação do coronavírus”, disse o governador à época.

Com as medidas de restrições, a taxa de transmissão da Covid-19 no DF começou a cair. Antes dos decretos, o índice estava em 1,32 e, passada uma semana, o número foi para 0,99. Quando a taxa é menor do que 1, significa queda na contaminação.

Contrário às restrições adotadas, Bolsonaro entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o fim das medidas restritivas no Distrito Federal, na Bahia e no Rio Grande do Sul. O presidente da República alegou que as decisões seriam inconstitucionais.

Ibaneis, por suas vez, disse que não havia inconstitucionalidade nos decretos e que eles haviam sido editados dentro da competência a ele estabelecida na própria Constituição e na lei. Um dia antes da declaração, em 18 de março, Ibaneis anunciou que as atividades comerciais retornariam, aos poucos, e funcionando em, pelo menos, um turno.

No dia 25 de março, Ibaneis anunciou que o jogo entre Flamengo e Palmeiras, pela Supercopa, seria realizado no Estádio Mané Garrincha, em abril. Naquela data, cerca de 7 mil servidores da Saúde foram vacinados contra o coronavírus e eles estariam convidados para ocupar as arquibancadas. A medida acabou não sendo aplicada e o jogo foi sem público.

ABRIL

Em abril, a Justiça do Distrito Federal determinou o bloqueio de R$ 106,2 mil das contas bancárias do governador e de outros três gestores, no processo que investigava possíveis irregularidades na doação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ao Município Corrente (PI), onde o chefe do Executivo local cresceu.

O repasse do material foi feito pelo governo do DF, durante a pandemia de Covid-19, em meio a reclamações de falta de equipamentos na rede pública da capital. À época, Ibaneis disse que discordava da decisão e que entraria com recurso.

MAIO

A pedido da Justiça do DF, a defesa de Ibaneis indicou uma conta bancária para o bloqueio de R$ 106,2, no entanto, para a surpresa dos magistrados, o saldo era insuficiente. Na conta havia, apenas, R$ 6.332,37.

Ao g1, à época, o advogado Marlúcio Bonfim, que representa Ibaneis no processo, disse que “primeiramente indicou a conta do Banco do Brasil porque o extrato dela já indicava um bloqueio de 119 mil reais”.

Ele afirmou ainda que recorreria da decisão para que o valor fosse desbloqueado, porque entendia que Ibaneis “não teve nenhuma participação no processo de doação”, e que o repasse “seguiu todos os trâmites normais da Secretaria de Saúde”.

Governador Ibaneis Rocha recebe 1ª dose da vacina contra Covid-19, em Brasília

Governador Ibaneis Rocha recebe 1ª dose da vacina contra Covid-19, em Brasília

Também em maio (19), o governador recebeu a primeira dose da vacina contra Covid-19. Ele foi imunizado, aos 49 anos, no ponto drive-thru do estacionamento do Parque da Cidade, e se encaixava no grupo de pessoas com comorbidades, por ser paciente de diabetes.

No mesmo mês, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado Federal aprovou a convocação de Ibaneis e de outros oito governadores para prestarem depoimentos. O chefe do Buriti foi convocado para esclarecer fatos associados às supostas fraudes em contratos para aquisição de testes para detecção do coronavírus, que são objeto da operação Falso Negativo.

JUNHO

Em junho, o DF e o Entorno pararam para acompanhar as buscas por Lázaro Barbosa. O homem fugiu, durante 20 dias, depois de assassinar um casal e os dois filhos, em Ceilândia.

Forças de segurança, tanto da capital quanto de Goiás, se mobilizaram para a captura. Para Ibaneis, Lázaro fez “quase como de bobas” as polícias.

Ibaneis Rocha comentou sobre buscas a Lázaro Barbosa, foragido da Justiça por assassinatos

Ibaneis Rocha comentou sobre buscas a Lázaro Barbosa, foragido da Justiça por assassinatos

JULHO

Em julho, Ibaneis comemorou o aniversário de 50 anos, com uma festa em uma fazenda em Uberaba (MG). A celebração contou com a presença de familiares, amigos e um show do cantor sertanejo Bruno, que faz dupla com Marrone.

A cidade mineira havia liberado a realização de eventos familiares e sociais. A festa provocou polêmica.

Governador do DF, Ibaneis Rocha, faz festa de aniversário com show do sertanejo Bruno

Governador do DF, Ibaneis Rocha, faz festa de aniversário com show do sertanejo Bruno

O vice-prefeito de Uberaba, Moacyr Lopes, enviou ofícios à Controladoria Geral do Município e à Secretaria Municipal de Defesa Social (SDS) pedindo providências e punições em relação ao evento.

Também em julho, o governador tirou férias. Porém, na volta da viagem, em 25 de julho, ele foi internado em um hospital particular, após apresentar indisposição.

O governador passou por exames de rotina no DF Star e, no mesmo dia, voltou para casa.

AGOSTO

Com a ampliação da campanha de vacinação contra Covid-19, a capital chegou ao mês de agosto com 60,25% — 1.789.948 — da população total vacinada.

Com os índices, o DF ocupou o terceiro lugar no ranking de imunização, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa, a partir de dados das secretarias de Saúde do país. Em abril, Brasília ocupava a 15ª posição na lista.

No mesmo mês, Ibaneis assumiu, interinamente, a Secretaria de Saúde do DF, após o pedido de exoneração do secretário Osnei Okumoto. Segundo o Palácio do Buriti, Okumoto saiu da chefia da pasta para voltar à presidência do Hemocentro.

SETEMBRO

No início de setembro, o Ministério Público de Contas abriu uma investigação para apurar possível conflito de interesse com relação a um novo investimento do governador do DF. No final do ano passado, junto com os filhos, ele abriu franquias de lojas do Flamengo em dois shoppings da capital.

Torcedor do clube, ele já havia, em julho, flexibilizado restrições para conter a pandemia de Covid-19 quando permitiu a participação de 30% do público em competições esportivas. A mudança ocorreu às vésperas de um jogo do Flamengo no Estádio Mané Garrincha.

No dia 2, o GDF anunciou o fim do toque de recolher e a restrição de horário para comércio, eventos e venda de bebidas alcoólicas. Até então, o recolhimento noturno era obrigatório de 1h às 5h e estabelecimentos deveriam fechar até meia-noite. O fim das medidas começou a valer no dia 8 de setembro.

OUTUBRO

Em outubro, o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) aprovou, com ressalvas, as contas do governo local referentes a 2020, ano de início da pandemia de Covid-19. A análise foi realizada em sessão remota da Corte.

A aprovação das contas foi unânime e os conselheiros ressaltaram o maior equilíbrio entre receitas e despesas no ano passado, porém, apontaram ressalvas, como repasses deficientes a fundos de apoio à cultura, pesquisa e de crianças e adolescentes. Também citaram a ocupação de cargos comissionados por funcionários sem vínculo.

No dia 22, Ibaneis Rocha anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes abertos no DF, além da retomada das aulas presenciais nas escolas públicas, a partir de 3 de novembro.

Ibaneis Rocha fala que pretende acabar com uso obrigatório de máscaras, no DF
Ibaneis Rocha fala que pretende acabar com uso obrigatório de máscaras, no DF

NOVEMBRO
Uso de máscara não é mais obrigatório em locais abertos do DF

Uso de máscara não é mais obrigatório em locais abertos do DF

Em 26 de novembro, o GDF deixou de considerar obrigatório o uso de máscaras em espaços abertos. De acordo com Ibaneis, o índice de transmissão da Covid em baixa, a ampliação da vacinação e o número de leitos disponíveis nos hospitais permitiam a medida.

Conforme o governador, “o afrouxamento das regras poderia ser reavaliado caso a taxa de transmissão aumentasse”.

DEZEMBRO

O mês começou com polêmica na família do governador. O irmão dele, o advogado Renato Borges Barros, foi preso depois de atirar com uma arma de fogo dentro do apartamento onde mora, na Asa Norte.

A TV Globo apurou que Renato Borges Barros disparou um revólver de calibre 38, que deixou uma marca de tiro na varanda da residência. Ninguém ficou ferido, mas os vizinhos se assustaram e chamaram a polícia.

O advogado foi detido e levado para a 5ª Delegacia de Polícia, também na Asa Norte. Ele foi solto depois de pagar uma fiança de R$ 2 mil.

Ainda em dezembro, como medida de prevenção às novas variantes da Covid-19, Ibaneis pediu ao governo federal que exigisse comprovante de vacinação a viajantes que chegassem ao país por aeroportos.

O presidente Jair Bolsonaro classificou o “passaporte da vacina”, adotado em outros países e defendido por cientistas e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como “coleira”. No entanto, no dia 20 de dezembro, o governo federal publicou uma portaria que definiu regras para entrada de brasileiros e estrangeiros no país.

A portaria atendeu às exigências estabelecidas em decisão proferida no início de dezembro pelo ministro Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação pelos viajantes que chegassem ao país.

No dia 21 de dezembro, os pontos de vacinação contra Covid do DF passaram a imunizar, com a dose de reforço, todas as pessoas que tinham recebido a segunda dose quatro meses antes.

Em meio à discussão sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 contra a Covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta recomendaria a imunização desde que houvesse prescrição médica e autorização dos pais.

Porém, Ibaneis disse ao g1 que os postos da capital não vão exigir atestado para vacinar as crianças. O governador, no entanto, não disse quando a campanha vai começar. A compra dos imunizantes depende do governo federal.

Fonte: G1