Vindos dos nove estados do Nordeste, esses nomes valorizam e cultuam as suas raízes, e chegam agora ao Magalu

O projeto Nordestesse nasceu com o objetivo de divulgar e fomentar o trabalho de empreendedores dos nove estados do Nordeste – meta que vem sendo cumprida com louvor, graças a uma curadoria primorosa. Com estilos diferentes e histórias surpreendentes, 18 marcas que integram a plataforma acabam de chegar ao Magalu. Conheça abaixo um pouco mais sobre cada uma.

Gonzalo
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Gonzalo (Foto: Divulgação)

As vivências de Walber Góes, co-fundador da Gonzalo, com sua avó (no Sertão Central do Ceará), com seu pai e irmãos (na região do Cariri), e com sua mãe (no litoral fortalezense) são as maiores inspirações para as bolsas que cria junto com o marido Rodrigo Bessa. “Gonzalo é um protesto particular sobre nossas raízes e são elas que nos inspiram a todo momento”, conta o casal. As peças misturam crochê, palha, couro, vinil, amarrações, tassels gigantes e estruturas encorpadas, criando um resultado colorido e muito especial. Algumas bolsas ainda podem se transformar em várias com a separação de elementos, transitando em diversas produções.

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Gonzalo (Foto: Divulgação)

Munira
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Munira (Foto: Divulgação)

Dani Munira, criadora da etiqueta que leva seu sobrenome, é natural de Periperi, subúrbio ferroviário de Salvador. É filha de professora, neta de costureira, e cresceu ouvindo e aprendendo sobre política e relações étnico-raciais. “A discussão sobre moda nunca foi abordada na minha casa, mas eu me via ali, ao lado da minha avó observando as costuras maravilhada”, lembra. Vogue adora os acessórios artesanais com crochê e macramê. “Munira significa “brilhante” em iorubá. A marca vem com o intuito de inspirar e relatar potência e história de comunidades tradicionais, narrativas de afeto e simbologias negras através da indumentária”.

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Munira (Foto: Divulgação)

Firulinha
Firulinha (Foto: Divulgação)
Firulinha (Foto: Divulgação)

Há oito anos nasceu a Firulinha, grife, a princípio, criada para vestir crianças. Hoje, a família toda pode usar as roupas divertidas, coloridas e que prezam pelo conforto. “Nascer no Nordeste traz a oportunidade de vivenciar o que há de mais peculiar e genuíno. Nossa cultura é muito rica e Recife é encantadora, linda e inspiradora — palco para grandes artistas que nos representam da poesia à culinária, da moda ao cinema, da música ao artesanato”, diz a empresária Angela Lamenha. É ela que cria, a quatro mãos com artistas convidados, as estampas da coleção. Sua musinha inspiradora? A filhota.

Olê Rendeiras
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Olê Rendeiras (Foto: Divugação)

Fruto de um projeto da marca Catarina Mina, a Olê Rendeiras trabalha com mulheres de Trairi, no litoral oeste do Ceará, que, com o misto de sertão e praia, guarda um dos saberes mais valiosos do artesanato nordestino: a renda de bilro. São mais de vinte comunidades de rendeiras contempladas no projeto que já envolveu mais de 200 mulheres. “É um saber que passa sempre de geração em geração com um aprendizado basicamente orientado pelo olhar: as meninas pequenas viam suas mães trabalharem na almofada e, no intervalo do trabalho, se arriscavam a copiá-las. Muitas aprenderam assim”, conta Celina Hissa, fundadora da Catarina Mina. “Esse ensino de observação leva tempo, e para que a renda continue sendo viável para essas mulheres, fazendo parte de seu cotidiano e de seu sustento, é preciso incentivo.”

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Olê Rendeiras (Foto: Divugação)

Ateliê Mão de Mãe
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Ateliê Mão de Mãe (Foto: Edgar Azevedo/Divulgação)

Vinicius Santanna e Patrik Fortuna tinham um sonho antigo de empreender. Arregaçaram as mangas e fizeram acontecer no início da pandemia, quando nasceu o Ateliê Mão de Mãe, marca baiana que estreou no SPFW através do Projeto Sankofa. A ideia principal aqui é valorizar a arte e a mão de obra artesã ao capacitar mulheres para o mercado de trabalho – como, Luciene Brito, mãe de Vinicius e a primeira artesã da empresa. “Começamos com apenas uma crocheteira e hoje temos um coletivo de 25 mulheres. Nossa maior motivação é aumentar ainda mais esse número para vê-las desenvolvidas”, dizem. Seus looks preciosos estão por toda a edição de janeiro da Vogue.

Azulerde
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Azulerde (Foto: Divulgação)

Karla Batista, mulher preta e pernambucana, é a fundadora e mente criativa da Azulerde, marca de acessórios nada óbvia, com pegada artsy. As peças são construídas a partir do upcycling de resíduos sólidos e têm pegada surrealista, facilmente reconhecível em apenas seis anos de existência da marca. “Amo a ideia de dar um novo ciclo para um objeto, que não tem tanto valor econômico ou que foi descartado por ser considerado lixo, e transformá-lo em algo novo”, conta Karla. “Quero ver outras mulheres negras alcançando espaços de protagonismo”, completa.

BABA
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Baba (Foto: Divulgação)

“Crescer geograficamente longe dos grandes centros  produtores e detentores da grande mídia é um desafio. A gente recebe e consome referências que não são necessariamente nossas e, muitas vezes, acredita que não pode ocupar esses lugares”, conta o publicitário Gabriel Baquit, fundador da cearense BABA, que procura ressignificar essa lógica com peças cheias de referências da cultura e do cenário de Fortaleza. Através de um olhar pop e gráfico, ele cria looks estampados altamente desejáveis por sua leveza e explosão de cores.

Catarina Mina
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Catarina Mina (Foto: Divulgação)

No mercado desde 2005, a Catarina Mina é conhecida por suas bolsas de crochê. Em 2015, entrou em um novo momento, quando abriu seus custos de produção para o consumidor final: o projeto Uma Conversa Sincera nasceu para dialogar sobre a valorização do artesanato. Hoje, suas criações já circulam em mais de 17 países, espalhando a arte cearense mundo afora. “É importante que saibamos que o artesanato nordestino tem centenas de anos e muitos mestres e designers devem ser honrados para que pudéssemos chegar até aqui. Não existe artesanato sem a artesã, e essa narrativa está conectada com as paisagens, histórias de vida, luta e herança de cada canto do nosso estado”, diz Celina Hissa, fundadora da marca.

Depedro
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Depedro (Foto: Divulgação)

Neto de uma avó costureira e outra bordadeira, Marcus Figueirêdo, direto criativo da Depedro, grife que estreou na última edição do SPFW, foi criado entre linhas e agulhas e desenvolveu sua marca por causa de uma inquietação ao sentir o gradual desaparecimento de artesanias. “Mostrar que no sertão existe cultura, história e pertencimento me faz querer colocar essa potência nas rendas, crochês e renascença das minhas peças”, conta. E elas transparecem exatamente isto, em looks cheios de significados, imagens e matérias-primas regionais.

Dendezeiro
Dendezeiro (Foto: Divulgação)
Dendezeiro (Foto: Divulgação)

A dupla soteropolitana Hisan Silva e Pedro Batalha criou a Dendezeiro a fim de reconhecer na moda e no vestir mais diversidade – tanto no protagonismo de pessoas negras e indígenas como na multiplicidade de corpos. “Moda é comportamento. E escolher uma roupa é uma das formas que temos de comunicar quem somos”, acreditam eles, que provam que propósito pode estar aliado a popularidade. Sabia que a Dendezeiro foi a primeira etiqueta brasileira a fazer parceria com o Instagram em um projeto focado na divulgação de reels com influenciadores nacionais?

Gefferson Vila Nova Label
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Gefferson Vila Nova (Foto: Florian Boccia/Divulgação)

A marca homônima de Gefferson Vila Nova foi lançada em 2013, em Salvador, contextualizada na multiculturalidade característica da capital baiana que deu origem ao imaginário de brasilidade. Com um mix de sportswear e alfaiataria, ela trabalha com experimentações têxteis e modelagens atemporais baseadas no pilar de sustentabilidade. Acredita e defende, com razão, que a roupa deve oferecer um longo tempo de vida útil. “Quando elaboro o design do meu produto, penso dentro de um contexto global, um produto que tenha em sua etiqueta o Made in Brazil, e Brasil também é o Nordeste”, conta seu criador. “Gosto de denominá-la como ‘glocal’, a junção de global + local, uma marca que pensa a roupa além de fronteiras.”

Grão
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Grão (Foto: Divulgação)

O estudo e a prática do tingimento natural fez a designer Renata Pinheiro perceber que ainda tinha muito a ser feito na forma de se trabalhar com moda. Isso a instigou a iniciar a Grão, marca que preza por peças confortáveis, elegantes e versáteis. Suas estampas são pintadas à mão com tintas naturais ou feitas com impressão botânica, em modelagens fluídas e leves, que ela cria motivada pelo poder de “conceber algo novo, novas coleções, novas relações, novas conexões, novas ações”.

MB Conceito
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MB Conceito (Foto: Divulgação)

A MB Conceito é uma marca baiana, pensada para o comportamento e estilo de vida leve, confortável e slow. Tendo o protagonismo negro em sua essência e comunicação, ela tem um mix de minimalismo, artesanal e o feito à mão. “A Bahia me inspira em seus quatros cantos – nas cores, diversidade cultural e estilos de vida”, conta seu fundador Moab Barros. Focada no público masculino, o resultado é repleto de camisas estampadas, conjuntos coordenados e bermudas soltinhas, peças que transitam na praia e na cidade.

Meninos Rei
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Meninos Rei (Foto: Divulgação)

Criada pelos irmãos Céu e Júnior Rocha com o intuito de reverenciar sua ancestralidade em peças com modelagens extravagantes e um mood maximalista, a Meninos Rei completou sete anos no mercado e duas apresentações no SPFW. As cores e estampas vibrantes dos tecidos africanos formam seu DNA, criando uma identidade visual facilmente identificável. “Nosso berço ancestral, a cultura, costumes, música e a beleza da nossa raça negra são fontes riquíssimas que motivam nossas criações”, conta a dupla. “Todo espaço e conquista que os negros estão alcançando, suas colaborações na saúde, nos avanços tecnológicos, os acessos a lugares e posições elevadas na sociedade nos inspiram a criar muito mais”.

Santa Resistência
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Santa Resistência (Foto: Divulgação)

A Santa Resistência, de Mônica Sampaio, foi criada em 2015 com uma inquietação e insatisfação com o que era oferecido como moda no Brasil. A designer desejava ver algo que contemplasse a mulher madura, profissional, poderosa e marcante. “Venho contando histórias de mulheres fortes através das roupas. Inclusive na coleção Trajetos, nomeei peças com nomes de mulheres que admiro. Conto histórias sobre pautas que permeiam minha vida como mulher racializada. Os valores da marca são autocuidado, ancestralidade, sustentabilidade e espiritualidade”, diz Mônica, que estreou com sua marca no SPFW no ano passado por meio do Projeto Sankofa.

Sau
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Sau (Foto: Tiago Lopes/Divulgação)

A Sau nasceu do encontro de duas mulheres, Yasmim Nobre e Marina Bitu, e sua paixão pelo mar. No fim de 2020, no dia de Iemanjá, lançaram a primeira coleção da marca, que, em pouco tempo, firmou presença no mercado nacional e nos principais marketplaces brasileiros. A moda praia da Sau vai da orla ao asfalto com peças leves e elaboradas, com tecidos fluidos, crochês, estampas artsy e modelagens para todos os tipos de corpos.

Silla Figueira
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Silla Figueira (Foto: Divulgação)

“Sou uma mulher trans, preta, ex-faxineira e só eu sei a dor e a delícia de ser quem sou. De descobrir e me apaixonar por essa mulher que estou me tornando a cada dia”, diz Silla Figueira, fundadora da marca homônima, natural de Caldas do Cipó, na Bahia. Quando se viu desempregada no começo da pandemia, investiu parte de seu dinheiro em tecidos e montou uma coleção batizada de Baianá. Hoje, tem uma equipe de costureiras, mães de família que ela ensinou a bordar. Juntas, criam peças para uma mulher versátil e empoderada.

Soul Dila
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Soul Dila (Foto: Divulgação)

Criada em Salvador, em 2008, a Soul Dila nasceu de uma forte vontade de empreender de Caroline Salazie e Danilo Gois. Exaltando sua cultura e valorizando o jeito nordestino de viver a vida, os produtos são alegres e confortáveis, com estampas com figuras da natureza, cores claras, tecidos leves e modelagens frescas. “Começamos nossa história vendendo 70 camisetas para amigos e familiares, sem entender nada de moda”, lembra Carol, que hoje tem uma gama variada de peças que contam sua história.

 

Fonte: Vogue