Médica alergista do Hospital Anchieta de Brasília cita as alergias mais comuns e alerta sobre os cuidados a serem tomados para evitar crises e também sobre os tratamentos disponíveis a curto e longo prazo. 

Apesar das alergias serem mais comuns de se manifestar no período da infância, vários tipos podem começar a surgir na idade adulta. Por exemplo, rinite alérgica, asma, urticária, alergias a medicamentos e até mesmo alimentares, especialmente a de crustáceos/frutos do mar que podem se desenvolver após vários contatos com o alimento e iniciar somente na vida adulta. De um modo geral, qualquer doença alérgica pode começar na vida adulta, só não é o mais comum.

O que explica esse problema surgir tão tardiamente?

“As alergias envolvem uma complexa atuação do sistema imunológico e para o paciente apresentar qualquer tipo de alergia ele precisa ter uma predisposição genética e estar associado a algum fator ambiental externo para desencadear as crises. O que pode explicar alguns pacientes desencadearem esses sintomas tão tardiamente é que nos primeiros momentos, quando ocorre o contato com o alérgeno (alimentar, respiratório ou outro), ele vai se sensibilizando e produzindo células contra esse alérgeno específico, e por algum motivo, ainda não bem estabelecido, o sistema imunológico reconhece esse alérgeno como “agressor” e entra em atividade para o combater, manifestando assim os sintomas de alergia”, explica a alergista do Hospital Anchieta de Brasília.

A diferença entre as manifestações alergia da infância e da vida adulta está totalmente ligada ao conceito de evolução das doenças alérgicas, como explica a alergista Dra. Mariana Bonfim Teixeira. O conceito é chamado de marcha atópica, que mostra a progressão das doenças alérgicas que são vistas desde a infância até a vida adulta. Sabe-se que na maioria das vezes as primeiras manifestações de doenças alérgicas são dermatite atópica e alergias alimentares, se e com o passar dos anos, aumenta a prevalência de outras doenças alérgicas, como as alergias respiratórias (rinite alérgica e asma), conclui.

Como se prevenir e tratar

Apesar de muitas manifestações alérgicas que iniciam na infância melhorarem a intensidade e frequência com o passar tempo, algumas vezes os sintomas podem ser presentes por toda a vida. A Dra. Mariana explica ainda o que pode ser feito para se prevenir: “De um modo geral, ter hábitos saudáveis. Já para recém nascidos, o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade é uma das formas de ajudar a prevenir a alergia alimentar. Além disso, para todos os alérgicos, o importante é manter hábitos saudáveis de vida com alimentação saudável e a prática de atividades físicas que ajudam a fortalecer o sistema imunológico, além de reduzir as chances de ter alergias respiratórias”, explica.

Outro ponto importante a se considerar é ter contato desde cedo com a natureza, pois ajuda na regulação e no fortalecimento do sistema imunológico, diminuindo a chance do desenvolvimento de alergia no indivíduo. “Aqueles pacientes que já têm alguma alergia, por exemplo alergia alimentar, é necessário evitar completamente o contato com este alimento. Nas alergias respiratórias, a forma de ajudar a evitar as crises é manter um ambiente limpo, evitar objetos que acumulem poeira, e fazer higiene nasal com frequência”, esclarece Mariana.

Segundo a doutora, o tratamento a curto prazo, em meio a crise, é o uso de anti-histamínicos orais, sendo que às vezes é preciso lançar mão de corticoides orais ou tópicos para tirar o paciente da crise, dependendo do tipo de manifestação. “Todas essas medicações devem ser prescritas por um médico”, alerta. Ela explica ainda que a imunoterapia, popularmente conhecida como vacinas para alergias, quando bem indicada, pode ajudar a modular o sistema imunológico e mudar o curso da doença, melhorando a qualidade de vida e reduzindo a frequência e intensidade das crises.

Cuidado para não confundir com outras doenças mais graves

É muito comum confundir alergia com outras doenças, pois os sintomas podem ser os mesmos, como coriza, obstrução das vias nasais, espirros, e às vezes tosse, que são sintomas muito semelhantes a resfriados desencadeados por vírus. “Em outros casos, a urticária (lesões vermelhas com coceira na pele) pode ser desencadeada por alguma alergia, mas também pode ser desencadeada por processos infecciosos, podendo se confundir. É importante lembrar que quando há febre associada, é muito provável que se trate de alguma doença infecciosa e não alérgica”, alerta.

“Outro exemplo é a diarreia com sangue nas fezes. Nem sempre essa causa é alérgica, pois pode ser de causa infecciosa também. Por isso, na suspeita, é muito importante a avaliação, investigação, diagnóstico correto e o tratamento adequado com o seu médico alergista”, conclui a Dra. Mariana.

Fonte: Divulgação