Em uma sociedade cada vez mais ansiosa e afetada pelas doenças psíquicas, olhar com cuidado para o tema se faz essencial

Todo início de ano é a mesma coisa. As pessoas olham para os próximos 365 dias como folhas em branco para construir planos, metas, sonhos e desejos. É neste momento que surgem reflexões acerca da vida, das relações, do passado, do presente e do futuro. Não à toa, o mês de janeiro foi escolhido para representar um movimento importante dedicado à construção de uma cultura da saúde mental: o Janeiro Branco. A campanha tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para questões voltadas à importância e à necessidade de um cuidado com a saúde mental de cada indivíduo.

Uma humanidade mais saudável pressupõe uma cultura na qual a saúde mental seja reconhecida pela sua importância, haja vista que sua negligência pode influenciar no aparecimento de males físicos. De acordo com Fernando Machado, psicólogo do Hospital Anchieta de Brasília, ter uma boa saúde mental é estar em equilíbrio psicológico, físico, emocional e espiritual, buscando enfrentar os contratempos da vida e conseguindo retomar o equilíbrio.

Atualmente, diagnósticos de ansiedade, depressão, transtornos alimentares e afetivos bipolar têm ficado cada vez mais comuns entre a população brasileira. “O que eu mais observo no consultório hoje é um nível de depressão e um nível de ansiedade altos diante das imposições do mundo. Você tem que ser o melhor em tudo, você tem que fazer muito bem. Há um certo nível de cobrança irrealista atualmente, que leva as pessoas a uma maior taxa de doenças psíquicas”, detalha o psicólogo.

Segundo Machado, uma boa forma de cuidar da saúde mental é buscar atividades de prazer nas quais é possível descarregar estresses de outros espaços, como do trabalho, de problemas de relacionamento ou outros. “Devemos identificar o que está ao nosso alcance para trazer o equilíbrio. Às vezes a meditação, às vezes uma religião, às vezes psicoterapia”, conta o profissional. “O intuito é procurar situações que nos levam para o reequilíbrio emocional, é um cuidado com o pensamento e com o comportamento”, completa.

Quando a mente está sobrecarregada, o corpo começa a dar sinais e é importante estar atento a cada um deles. “Cansaço, alteração de sono, alterações alimentares, irritabilidade, sentimentos negativos e preocupação exagerada que não condizem com a situação merecem atenção”, explica Pedro Leopoldo, psiquiatra do Hospital Anchieta de Brasília.

Outro sintoma que também deve ser avaliado são as perdas cognitivas. A cognição é toda aquela habilidade do indivíduo de se concentrar e realizar atividades. Muitas vezes, em quadros de estresse ou de doenças psíquicas, os pacientes começam a ter perdas cognitivas e passam a perder a capacidade de efetuar tarefas  que costumavam ser simples. “Uma pergunta clássica na psiquiatria é: as atividades que você faz habitualmente, todo dia, estão mais difíceis de fazer? Via de regra, quem está procurando a gente vai ter essa queixa. Isso significa a perda dessa tal de função cognitiva que deve ser analisada pela psiquiatria e neurologia”, conta Leopoldo.

O psiquiatra também ressalta que, no caso de aparecimento desses sintomas, é necessário buscar especialistas para diagnóstico e acompanhamento com uma equipe multiprofissional. “Psiquiatria e psicologia associadas são fundamentais para um bom tratamento, além disso, o apoio familiar também é de grande importância”, afirma.

Fonte: Divulgação