Durante o mês de conscientização, é fundamental ir além do câncer do colo do útero e abordar também outros tumores que atingem o aparelho reprodutor feminino; O Distrito Federal deve registrar mais de 500 casos de tumores ginecológicos em 2023
Ao longo do mês, a campanha “Março Lilás” vem para alertar sobre a prevenção e conscientização do câncer do colo do útero, o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Esta data, no calendário, deve ser também uma oportunidade para ampliar a conscientização sobre outros tipos de tumores ginecológicos, entre eles os de corpo do útero (endométrio) e ovário. Juntos, os cânceres que afetam o sistema reprodutor feminino correspondem a mais de 30 mil novos diagnósticos todos os anos e ainda esbarram na falta de conhecimento sobre prevenção e formas de detecção precoce, essenciais para frear as taxas de letalidade pela doença.
O Inca aponta que para 2023 são esperados mais de 500 casos de cânceres ginecológicos no Distrito Federal, sendo 240 casos do colo do útero, mais comum em mulheres consideradas jovens, na faixa dos 35 a 44 anos. Já os tumores ovarianos e de corpo uterino se tornam mais prevalentes naquelas acima de 50 anos e devem ser responsáveis por mais de 240 novos diagnósticos só neste ano.
De acordo com a oncologista cirúrgica do Instituto de Câncer de Brasília (ICB), Viviane Rezende, aproximadamente 99.7% dos casos de câncer do colo do útero são causados por infecção persistente por HPV, sendo o principal fator de risco. “É importante saber que maioria das infecções por HPV desaparecem espontaneamente, mas a infecção persistente com os tipos oncogênicos, principalmente os de alto risco pode causar também outros tipos de câncer, como os de orofaringe, pênis e regiões anogenitais”, afirma.
Desde 2014, a vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Brasil e está disponível atualmente para todas as crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. “Segundo o CDC (Center for Disease Controland Prevention), a vacinação contra o HPV pode prevenir o desenvolvimento de mais de 90% dos cânceres causados pelo HPV. Vale ressaltar que a vacina contra HPV é uma das estratégias de cuidado. O exame preventivo ginecológico deve ser realizado com regularidade. O uso de preservativos é recomendado, embora não impeça totalmente a infecção por HPV”, explica a médica
Como identificar tumores ginecológicos
Considerado grave e silencioso, em 75% dos casos o câncer ginecológico é descoberto em estágio avançado. Contudo, alguns sintomas podem indicar que algo está errado com o corpo, por isso, fique de olho se houver:
- Sangramento vaginal anormal
- Febre que persiste por mais de 7 dias
- Inchaço abdominal
- Gases
- Dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo
- Dor de estômago
- Alterações intestinais
- Mamas sensíveis, com secreção, nódulos, inchaço ou vermelhidão
- Fadiga
- Vulva e vagina com feridas, alteração da cor ou bolhas
- Perda de peso sem motivo (10kg ou mais)
Quanto ao rastreamento dos cânceres ginecológicos, a oncologista Angélica Nogueira, do Grupo Oncoclínicas, comenta que o Papanicolau é uma maneira de identificar as lesões pré-malignas antecipadamente. “Ele pode ajudar a diagnosticar precocemente o câncer do colo do útero e evitar que o tumor seja encontrado em estágios mais avançados, prejudicando o tratamento e deixando-o mais complexo”.
Já nos casos de câncer de ovário e endométrio, ainda não existem bons exames de rastreamento precoce. Em casos como esse, o médico pode solicitar exames clínicos ginecológicos, laboratoriais e também de imagem que ajudam a identificar a presença de ascite ou acúmulo de líquidos, além da extensão da doença em mulheres com suspeita de disseminação intra-abdominal. Contudo, se houver suspeita de câncer de ovário, por exemplo, é necessária uma avaliação cirúrgica.
Além disso, o raio-x ou tomografia computadorizada do tórax pode auxiliar na análise de derrame pleural, metástases pulmonares ou ainda quaisquer outras alterações.
Fatores de risco
- Câncer do colo do útero: HPV, ter tido cinco ou mais partos, HIV, tabagismo e constante troca de parceiros
- Câncer de ovário: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos ou que possuam histórico da doença na família.
- Câncer de endométrio: menarca precoce (antes dos 12 anos) ou menopausa após os 52 anos, mulheres que nunca tiveram filhos, idade acima dos 50 anos, obesidade, diabetes, ou que realizaram terapia de reposição hormonal de maneira inadequada após a menopausa.
Prevenção
De acordo com a oncologista do Grupo Oncoclínicas, Angélica Nogueira, no caso do câncer do colo do útero, a prevenção deve ser realizada através do Papanicolau (a partir dos 25 anos), sendo repetido uma vez por ano por três vezes e, se não houverem alterações, uma vez a cada três anos após esse período, vacinação contra o HPV e uso de preservativos durante a relação sexual.
“No caso dos cânceres de útero e endométrio, por não existirem exames específicos de rastreamento, é fundamental praticar regularmente exercícios físicos, manter uma dieta equilibrada e, caso seja indicado pelo especialista, o uso da pílula anticoncepcional”, comenta a especialista.
Tratamento
O tratamento adequado depende de vários fatores como: local da neoplasia, se existe metástase, estado clínico do paciente e até mesmo se tem outros casos da doença na família. “Essa avaliação geral irá determinar a melhor abordagem, em busca de aumentar as chances de cura. Entendemos que pela complexidade que o câncer representa, o tratamento deve ser feito pelos profissionais que receberam treinamento específico na área cirúrgica, oncologia clínica e radioterapia. É importante ressaltar que ao buscar informação sobre câncer é fundamental procurar em fontes seguras e que são dedicadas no tratamento oncológico. O objetivo é evitar que informações erradas possam atrasar o tratamento ou no pior cenário, perder a oportunidade de tratamento curativo”, finaliza a oncologista cirúrgica do Instituto de Câncer de Brasília (ICB).
Fonte: Divulgação