Novos recursos e materiais permitem reparar um pequeno risco e amassado em apenas 4 horas – a salvação para quem trabalha com o carro

Não tem hora boa para um amassado no carro, mas aquela batidinha de trânsito aconteceu a dois dias de uma viagem. Adiar as férias? Não se o dano for superficial, pois várias oficinas oferecem o serviço rápido, que reduz de dias para horas a devolução do automóvel prontinho. E não se trata de trabalho apressado e malfeito, garantem os profissionais, que atribuem a agilidade a novo materiais, equipamentos e treinamento.

“Em vez de usarmos as ferramentas habituais, como martelo e rebatedor, ou desmontar e montar peças, usamos ferramentas de repuxo. Isso significa que a lataria do carro é consertada por fora, sem a necessidade de desmontagem. Na pintura, usamos materiais de alta tecnologia com secagem rápida”, diz Rogério Ueta, empresário de 42 anos.

Ele conta que, nas funilarias clássicas, as massas, o primer e o verniz precisam de 10 a 12 horas para curar. Só depois é feito o lixamento e se aplica polimento. É um processo que ele alterou na franquia de funilaria e estética automotiva que criou, a Laav: “Lá fazemos o mesmo serviço em 30 minutos. O que levaria dois dias para ficar pronto, conseguimos entregar em quatro horas.”

Funilarias express são oficinas que se distinguem das tradicionais pelo uso de ferramentas específicas e produtos de alta tecnologia, além de contarem com funcionários treinados que aprendem, por exemplo, a trocar o tradicional martelo por esse tipo de ferramenta. Brunno Guimarães, de 34 anos, dono das Oficinas Desamassa, rede especializada em martelinho de ouro, funilaria, pintura, micropintura, cristalização e vitrificação, destaca que otermo funilaria express é sinônimo de reparos rápidos.

“Normalmente, são consertados pequenos riscos e amassados, o que pode ser feito no mesmo dia ou de um dia para o outro. O serviço é realizado com materiais de tecnologia de secagem super-rápida – ou ultravioleta – da massa, do primer e até do verniz”, diz Guimarães.

Em regra, são feitos apenas serviços de funilaria, pintura e polimento. Alguns desses estabelecimentos também oferecem higienização de interior, oxi-sanitização, vitrificação e cristalização de pintura, hidratação de couro e descontaminação de vidros. Quando um cliente precisa de um serviço complementar de mecânica ou de autoelétrico, esses estabelecimentos fazem parcerias com outras oficinas da região onde atuam.

Para Ângelo Coelho, de 61 anos, presidente do Sindicato da Indústria de Funilaria e Pintura do Estado de São Paulo (Sindifupi), há dois tipos de funilaria express: um engloba oferta de serviços rápidos de funilaria e pintura com foco em pequenos reparos feitos em poucas horas; o outro envolve a possibilidade de o conserto de pequenas avarias ocorrer em domicílio com apoio de uma unidade móvel. Mas a prática é limitada.

“Não recomendamos reparos em domicílio quando há necessidade de pintura, porque é preciso pintar as peças em cabine pressurizada. O equipamento troca o ar contaminado de duas a seis vezes por minuto e determina a temperatura ideal e o tempo de secagem. Há produtos ecologicamente corretos, como a tinta à base de água, mas outros insumos não acompanham a mesma realidade”, explica.

Além disso, a dispersão de produtos pode contaminar as demais áreas. Na oficina, o ambiente é preparado para conter essa dispersão: “A cabine de pintura propicia um nível de qualidade de acabamento bem superior”, ressalta Coelho.

Segundo os entrevistados, afunilaria express surgiu de uma necessidade dos clientes: “Por causa dessa demanda, a indústria criou tintas, massas, vernizes e ferramentas de alta tecnologia. E as oficinas treinam seus colaboradores para usar essas ferramentas com a técnica correta para oferecer a funilaria express”, diz Ueta.

“A vantagem maior é a agilidade. As pessoas não querem ou não podem ficar sem o carro. Pelo lado da oficina, as entregas rápidas acabam gerando mais dinheiro. E é por isso que algumas empresas já estão fabricando produtos com tecnologia de secagem super-rápida”, comenta Brunno.

Oserviço ágil não dispensa o cuidado com os automóveis dos clientes, asseguram os profissionais. Brunno detalha que, depois de o interior do carro ser envolto em plástico, aplica-se líquido de mascaramento para protegê-lo também do pó da oficina. O conserto começa pela desmontagem do local a ser reparado e pelo desamassamento, ou funilaria, que pode demandar aplicação de massa. Logo em seguida vêm o lixamento e a aplicação de primer, o lixamento do primer e a aplicação da base.

“Enquanto isso, é feito o empapelamento das regiões para repintura e uma limpeza para retirar impurezas e contaminações. Em paralelo, ocolorista vai acertando a tonalidade da tinta para aplicar somente no local afetado. O carro é levado à cabine de pintura, onde são aplicados a tinta e o verniz. Depois da secagem são feitos o lixamento e o polimento. E, finalmente, realiza-se um trabalho para remover sinais do retoque, igualando o tom da parte reformada com o das peças originais”, conta Brunno.

Em geral, serviços feitos em funilaria express são bem mais rápidos do que em oficinas convencionais, mas é o tamanho do impacto que o carro sofreu que determina o tempo de trabalho. “Em alguns casos, nós entregamos o carro no mesmo dia, devido à utilização de produtos de secagem rápida e secagem ultravioleta. Já alguns retoques e reparos rápidos são entregues em poucas horas”, diz Brunno.

Segundo Ueta, um serviço pode ser entregue em até quatro horas: “Quando o arranhão ou amassado é pequeno nós fazemos o repuxo de forma rápida, bem como o lixamento, a pintura, a secagem e o polimento. Porém, se for o caso de uma batida lateral forte ou colisão frontal que danifique até o radiador, não há como entregar no mesmo dia porque não depende só de pintura e polimento. Grandes avarias não são o alvo das funilarias express”, afirma.

Os valores dos serviços variam muito; em média, ficam entre R$ 350 e R$ 800, mas podem passar dos R$ 20 mil no caso de uma repintura geral. “Caso a peça esteja somente riscada e com amassado muito sutil, a pintura custa a partir de R$ 350. Jáa pintura completa de um carro parte de R$ 4 mil, mas realmente depende muito do estado do veículo. Certa vez, pegamos um fusquinha para pintar inteiro – o valor acertado foi de R$ 15 mil. Mas o veículo tinha muita ferrugem e precisava de recuperação. Aí se torna mais uma restauração mesmo”, lembra Ueta.

A Oficina Desamassa tem preços parecidos. “Se for somente pintura com pouca funilaria cobramos, em média, de R$ 800 a R$ 900 cada peça. Um carro inteiro com pouca ou nenhuma funilaria, já incluindo a desmontagem geral, que garante ótimo acabamento, custa por volta de R$ 15 mil a R$ 20 mil”, diz Brunno.

 

Fonte: Globo.com