O primeiro passo, explica especialista em finanças pessoais, é adquirir disciplina para poupar; para quem não consegue guardar dinheiro, decisões sobre investimentos devem ficar para depois

Juntar dinheiro, de certa forma, equivale a fazer dieta. Você pode começar a qualquer momento e dar um passo de cada vez, mas, por outro lado, também pode pôr tudo a perder de uma hora para a outra. Quem está de regime e acaba se empanturrando de pizza numa sexta-feira, no entanto, pode perfeitamente entrar na linha novamente no dia seguinte e correr atrás do prejuízo. Já quem está guardando dinheiro e não resiste ao impulso de gastá-lo com algo que não estava nos planos terá de recomeçar da estaca zero.

CEO e fundador da Rufy, uma plataforma de saúde financeira com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte, Lucas Radd acredita que o primeiro passo a ser dado por quem deseja guardar dinheiro e não está conseguindo é criar disciplina para isso.

“Para quem ainda não adquiriu o hábito de poupar, uma abordagem comportamental é a mais adequada. O mais importante é criar estratégias que as impeçam de gastar tudo o que ganham, inclusive o dinheiro guardado”.

O que ele sugere para pessoas com esse perfil é bater o martelo no valor que será guardado todo mês e programar transferências automáticas dessa quantia para uma outra conta ou para algum tipo de aplicação. Investimentos com débito automático, como previdência privada, também são indicados.

“Para quem não consegue guardar nem 200 reais por mês, definir qual é a aplicação mais vantajosa é um problema para depois”, defende Radd. “O desafio inicial é manter a disciplina”. Quer juntar 10.000 reais em um ano independentemente dos rendimentos acumulados com aplicações financeiras? Programe doze transferências automáticas de 833,33 reais.

O objetivo dessa estratégia é tirar da vista o dinheiro economizado. “Para quem tem dificuldade para resistir à tentação de gastar por impulso, dinheiro ao alcance da mão equivale a um bolo de chocolate na geladeira de quem está de regime”, compara Radd. “O mais prudente é não manter algo do tipo na geladeira, certo?”.

Traçar objetivos para o dinheiro que está sendo guardado também ajuda. “Quem está poupando sem saber por que tende a perder o interesse em continuar fazendo isso depois de um tempo e acaba cedendo a desejos momentâneos”, observa o CEO da Rufy. É por isso que os especialistas em investimentos de qualquer banco fazem questão de saber quais são os objetivos financeiros de curto, médio e longo prazo dos clientes – para só depois apontar quais são as aplicações mais indicadas para cada um deles.

Ter em mente o destino do dinheiro poupado é crucial para escolher o investimento mais adequado. Quem quer juntar R$ 10.000, por exemplo, para custear uma viagem deve optar por aplicações com boa liquidez. Será preciso, afinal, resgatar tudo de uma hora para outra – quando surgir uma passagem mais em conta ou algum pacote imperdível.

Para poupadores que não querem correr muito risco, o CEO da Rufy indica os fundos de renda fixa e os títulos do Tesouro Selic e do Tesouro IPCA+. Para quem tolera algum tipo de turbulência, os fundos multimercados e os debêntures incentivados são boas sugestões e contribuem para que você acumule 10.000 reais em um ano investindo menos do que 833,33 reais por mês.

 

Fonte: Exame.com