Países como a Turquia registraram surto de botulismo por botox gástrico, controverso procedimento para obesidade com toxina botulínica
Conforme o Metrópoles noticiou anteriormente, a Turquia e alguns países da Europa, como Alemanha e Suíça, registraram diversos casos de botulismo, doença bacteriana grave que causa visão turva, diarreia, náuseas e fala arrastada, na semana passada. Os pacientes infectados foram submetidos a um procedimento para perda de peso com toxina botulínica, conhecida popularmente como botox, em hospitais turcos.
O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) já contabilizou 67 casos, a maioria no país do Oriente Médio. Ainda não foi relatada nenhuma morte, mas quadros graves estão sendo tratados em unidades de terapia intensiva.
O site de uma clínica de estética turca descreve o tratamento para obesidade com a toxina, conhecido como botox gástrico, e o processo de recuperação dos pacientes. “O botox gástrico é um procedimento não cirúrgico que envolve a sedação do paciente. A toxina botulínica é aplicada via endoscopia no estômago, deixando os músculos do órgão paralisados. A ação faz com que a região leve mais tempo para esvaziar, prolongando a sensação de saciedade. O tratamento é feito em aproximadamente 30 minutos. Posteriormente, o paciente fica no hospital para observação por 2 horas e, então, pode voltar para casa”.
O botox gástrico foi descoberto em 2001 pela Universidade Católica de Roma, na Itália, por meio de testes em animais. A técnica chegou a ser publicada na revista Alimentary Pharmacology and Therapeutics. Porém, como a equipe do ECDC frisa, a toxina botulínica é composta por várias substâncias diferentes, sendo de difícil padronização, o que complica a identificação do que deu errado com o produto para provocar o surto.
Endocrinologista contraindica o botox gástrico
De acordo com a endocrinologista Daniela Gebrim, integrante do corpo clínico do Hospital Brasília, apesar de “estudos pequenos mencionarem a prática”, ela é contraindicada. “Atualmente , o que está validado pela literatura médica é o uso de medicamentos e a realização de cirurgia bariátrica para emagrecer. A toxina botulínica para essa finalidade não é recomendada”, afirma.
A médica frisa que o método pode trazer riscos à saúde e que, para reduzir medidas de maneira saudável, o mais indicado é mudar o estilo de vida, optando por alimentação balanceada e rotina ativa.
A toxina botulínica é amplamente utilizada em todo o mundo para amenizar linhas finas e a sudorese excessiva. Também é aplicada em pessoas com enxaqueca, terapia aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ainda auxilia no tratamento de doenças oftalmológicas e em casos de bruxismo.
Fonte: Metrópoles