Infecções do sistema digestivo estão mais frequentes e cuidados simples com a higiene da comida podem evitá-las

A gastroenterite é uma infecção causada especialmente por alguns tipos de vírus que atinge o estômago ou o intestino. Os casos da doença costumam ser mais frequentes no verão, mas especialistas alertam que neste outono e inverno a quantidade de diagnósticos deve se multiplicar.

Para o gastroenterologista Joffre Rezende, de Goiânia, uma explicação para o aumento de casos está no relaxamento das medidas de prevenção à Covid-19. “Ficamos muito tempo preocupados com a higiene das mãos e dos alimentos, então acabamos deixando o sistema imunológico menos resistente a essas contaminações”, alerta.

Além do hábito de lavar as mãos, a pandemia do coronavírus também levou a uma menor circulação de pessoas, diminuindo o fluxo dos agentes contaminantes responsáveis pelas gastoenterites.

O cirurgião bariátrico André Augusto Pinto, da Clínica Gastro ABC, em São Paulo, explica que as mudanças de clima, com chuvas mais intensas e constantes em parte do país, podem ter contribuído para a maior quantidade de queixas. “Precisamos considerar que este outono está mais quente e a temperatura mais alta sempre leva a uma maior dificuldade de prevenir as gastroenterites”, aponta.

É gastroenterite ou é virose?

As gastroenterites são muito confundidas pela população com as viroses. Porém, os médicos ouvidos pelo Metrópoles alertam que o termo não é adequado, já que até resfriados podem ser considerados viroses.

“É um termo genérico, inespecífico. Não é um diagnóstico médico, é só uma palavra compartilhada no senso comum. Além disso, nem toda gastroenterite é viral, há uma parte dos casos que tem origem bacteriana”, aponta Rezende.

De acordo com Pinto, a maioria dos diagnósticos são causados por vírus, mas um em cada dez pode ter outras origens, tanto de bactérias como de protozoários. “Os casos não virais geralmente são os mais complexos”, afirma.

Sintomas

Os sinais mais comuns de gastroenterite são náusea, vômito e uma diarreia persistente vírus. “É muito frequente também que as pessoas tenham cólica e dor abdominal, mas sem dúvida a diarreia por mais de dois dias é o principal sintoma“, aponta Pinto.

Também é possível que pacientes com gastroenterite apresentem uma febre leve e queda de pressão, mas só em casos raros. “Se a febre for intensa, provavelmente estaremos falando de quadros de saúde mais complexos que uma gastoenterite”, diz Rezende.

Prevenção

Em contextos urbanos, a maioria das infecções gástricas ocorre depois do contato com os patógenos na alimentação. A água contaminada também é uma grande vilã. Considerando isso, boa parte da prevenção passa por um cuidado maior com a higiene dos alimentos e das mãos, que podem levar os vírus e bactérias até a boca.

Para cuidar da saúde, os médicos recomendam:

  • lavar os vegetais e hortaliças antes do consumo;
  • tomar água filtrada;
  • manter o hábito de lavar as mãos com frequência;
  • ter cuidado com os alimentos que são consumidos fora de casa.

Ambos ponderam que o maior aliado da prevenção às gastroenterites é o acesso ao saneamento básico e a uma estrutura de cozinha que permita a conservação e o preparo correto de alimentos.

Tratamento

O tratamento das gastroenterites passa por repouso, hidratação constante e um maior cuidado com a alimentação enquanto se repõe a microbiota intestinal. Na maior parte dos casos, os sintomas desaparecem entre três e seis dias. “Se os sinais forem muito intensos, houver febre ou/e sangramento nas fezes, aí deve-se ir imediatamente ao hospital”, conclui Pinto.

 

Fonte: Metrópoles