Autoesporte conversou com especialista para entender se haverá impacto imediato após o fim da paridade de preços com o dólar

A Petrobras anunciou nesta terça-feira (16) o fim da paridade de preços de gasolina e diesel com o dólar e o mercado internacional, que estava em vigor no Brasil desde 2016, chamada de PPI (paridade de importação). A aprovação foi feita pela Diretoria Executiva da estatal.

Logo após o anúncio, a estatal também divulgou que a gasolina vai ficar R$ 0,40 mais barata após A mudança na política de preços. Entenda como isso vai afetar a vida do motorista.

O bolso do consumidor

“Tudo indica que essa redução imediata no preço é uma resposta sobre a queda recente do dólar, então é como se a Petrobras fizesse uma primeira adequação aos preços internacionais para depois mudar a sua política e passar para a política baseada em custos. Essa redução dos custos certamente afeta a lucratividade da Petrobras e vamos aguardar para saber como os acionistas vão reagir”, afirma Robson Gonçalves, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O economista diz ainda que a Petrobras fez uma mudança ousada na sua política de preços, abrindo mão da paridade de preços internacionais ao deslocar seu mecanismo de formação de preços baseada nos custos.

“A vantagem disso para o consumidor é a redução da volatilidade dos preços do petróleo, que teve muita oscilação nos últimos anos por conta da pandemia e da guerra da Ucrânia. Então vivemos períodos de muitas incertezas em relação aos preços dos combustíveis no Brasil nesses tempos”, afirma.

Gonçalves lembra da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), um tributo que funciona como amortecedor pois aumenta quando o preço da refinaria cai e é reduzido quando sobe, evitando essa volatilidade nos preços nas bombas.

“Quando a Cide foi zerada, perdemos esse amortecedor tributário nos preços de varejo do combustível. Por conta disso, todas as variações internacionais acabavam sendo repassadas para o consumidor. Acredito que essa nova política ainda precisa ser testada na prática e a periodicidade que a Petrobras vai fazer ajustes baseados em custos ainda não foi definida. Então não sabemos se serão reajustes mensais ou trimestrais, por exemplo. Ela é aleatória, portanto, precisamos de alguns meses para ver o quanto isso pode beneficiar os consumidores e seus acionistas”, diz.

A Petrobras não revela especificamente como será feito o novo cálculo dos preços — Foto: Getty Images

O preço da gasolina e do diesel deve aumentar, diminuir ou ficar estável?

O preço caiu neste primeiro momento em virtude da baixa do dólar, mas deve seguir estável, sem os sucessivos aumentos que ocorreram nos últimos meses. No atual cenário, não deixa de ser algo positivo para o bolso do consumidor.

O professor da FGV acredita que o preço deve seguir estável nas bombas justamente devido à redução da volatilidade. “A queda no valor do litro vai depender do comportamento dos custos da Petrobras, e isso só saberemos com o tempo, mas a volatilidade deve deixar os valores estáveis”, finaliza.

O que diz o comunicado da Petrobras

Essa atual política foi criada durante o governo Michel Temer e basicamente alinha os preços do Brasil ao dólar e ao barril de petróleo. Portanto, a partir de agora, a Petrobras não vai mais reajustar os preços do petróleo levando em consideração apenas as variações do mercado internacional. E o principal fator será os custos da empresa.

“O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”, diz o comunicado.

Entretanto, o texto não revela especificamente como será feito o novo cálculo dos preços. Diz apenas que será usadas duas referências de mercado: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras.

Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.

Fonte: Auto Esporte